São Paulo, quinta-feira, 24 de agosto de 2000


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AÇÃO
Primitiva e revolucionada

CARLOS SARLI
COLUNISTA DA FOLHA

Sensores nas linhas das quadras e nas bolinhas de tênis prometem eliminar os erros de julgamento.
Imagens projetadas nos monitores gigantes da NBA, a liga norte-americana de basquete profissional, já ajudam os juízes há algum tempo.
Cada vez mais a tecnologia vai ganhando espaço no mundo dos esportes.
Se, para a obtenção de resultados mais justos, a utilização de aparatos tecnológicos é condenada pelos puristas de certas modalidades esportivas, o que diriam eles sobre o uso de tais recursos com o fim de melhorar o desempenho dos atletas?
O assunto é polêmico, e a adoção dos aparatos tecnológicos tende a crescer também nos esportes que acompanhamos, muitos deles recém-criados e em permanente aperfeiçoamento de regras, conceitos e equipamentos.
Recentemente, no Mundial de surfe, foi introduzido o uso do jet-ski para rebocar os atletas para o out-side em mares cujas condições exijam longas remadas, o que prejudicaria o desempenho dos surfistas.
A princípio, o uso do motor foi aprovado e está em teste.
Também no surfe, a mais nova inovação vem da categoria feminina. Em recente prova do WCT, disputada na África do Sul, a australiana número um do mundo, Layne Beachley, usou um walkie-talkie colado nas costas, por meio do qual se comunicava com seu namorado, o surfista Ken Bradshaw, na areia.
O uso do aparato visava obter informações sobre as séries e também sobre a pontuação, que, apesar de anunciada pelos alto-falantes, nem sempre é audível na água.
Segundo a campeã, que tem praia no nome, o aparato, na real, só atrapalhou. Mas a confusão já estava armada.
Acusada de antiprofissional, antiesportiva e exibida, Layne se limitou a rir e a dizer que não estava fazendo nada errado, o que foi ratificado pelo gerente do tour, Al Hunt, que disse não existir regra que proíba o surfista de receber instruções da areia.
Com o objetivo mais nobre, segurança, o uso do oxigênio nas escaladas de altas montanhas também é controverso. Para muitos, ""uma sacanagem".
Mas estudos desenvolvidos no Everest e no K2 pela Universidade de Washington apontam para o perigo da ascensão natural: a taxa de mortalidade durante a descida é de 8,3% para os que não usam oxigênio e de menos de 3% para quem usa.
O estudo é ainda mais conclusivo se focado no K2.
Todos que usaram oxigênio no segundo pico mais alto do mundo sobreviveram, enquanto 22 dos 177 que não usaram, morreram.
O recurso não só reduz o desgaste físico mas, principalmente, o mental, e, por isso, os alpinistas têm mais chance de concluir a jornada.
É fato que o uso de recursos tecnológicos tira um pouco da essência do esporte.
Mas também é inegável que permite e estimula a busca de limites maiores.
É possível que em breve muitos esportes possam ser divididos em duas categorias: primitiva e revolucionada.

Surfe
O brasileiro Armando Daltro, líder do WQS, comemorou sua primeira final no WCT e ficou em segundo lugar no T&C Lacanau Pro (França), no último domingo. O campeão foi o norte-americano Rob Machado. Ontem, começou a oitava etapa do circuito, o Hossegor Rip Curl Pro, na França.

X-Games
As finais da competição agitaram o final de semana na Califórnia (EUA). A paulista Fabíola Silva ganhou medalha de ouro em patins in-line street. Rodil de Araújo, o Ferrugem, foi prata na categoria street. O paulista Bob Burquinst venceu o Skateboarding Best Trick Contest e deixou o público impressionado com suas manobras. No skate double vertical, a dupla Cristiano Matheus e Sandro Dias faturou o bronze.

E-mail carlosarli@revistatrip.com.br
www.uol.com.br/folha/pensata

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