São Paulo, sábado, 24 de agosto de 2002 |
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FUTEBOL Astro do Chievo diz ter mudado documento para jogar e sair da pobreza Eriberto, 23, volta ao Brasil e assume ser Luciano, 26
RODRIGO BUENO DA REPORTAGEM LOCAL Eriberto da Conceição Silva, 23, jogador brasileiro que é destaque no Chievo, da Itália, é na verdade Luciano Siqueira de Oliveira, 26. O jornal italiano "Corriere dello Sport" publicou entrevista com o jogador na qual ele assume ter falsificado documentos para conseguir iniciar carreira no Palmeiras. Ele afirmou ter alterado sua documentação em 1996 para virar jogador profissional e "sair da pobreza" -teria nascido mesmo em dezembro de 1975, e não em janeiro de 1979, como mostrava. "Eu havia ficado órfão e necessitava de um meio para ganhar a vida. Não me encontrava bem comigo. Há algum tempo havia tomado essa decisão." Eriberto atua no futebol italiano desde 1998, quando foi contratado pelo Bologna. Depois se transferiu para o Chievo, onde se destacou especialmente na temporada passada, quando o time de Verona chegou a ser a sensação no início do Campeonato Italiano. "Tirei um peso da minha consciência", disse Eriberto, que está em São Paulo tentando regularizar sua documentação para evitar grandes problemas judiciais -pode responder criminalmente pela falsificação de documentos. O jogador espera recuperar o sobrenome original da família e colocá-lo também no filho Felipe. "Quero retornar à Itália e jogar com meu novo nome e minha velha personalidade", disse. Em 1999, o atleta chegou a defender a seleção brasileira no Sul-Americano júnior (para atletas de até 20 anos). Na ocasião, ele já tinha ultrapassado o limite de idade -é um "gato", como se diz no futebol. Porém não jogou o Mundial da categoria no mesmo ano. O Palmeiras, clube que revelou Eriberto (Luciano), anunciou por meio de sua assessoria de imprensa que o jogador já se apresentou ao time com certidão de nascimento, carteira de identidade e passaporte adulterados. O empresário do jogador, Pedrinho Vicençote, estaria cuidando da regularização da documentação. A Folha tentou localizar o agente em seus escritórios no Rio de Janeiro, mas suas secretárias informaram que ele estava em reunião e que falaria mais tarde com a reportagem. Não o fez. O presidente do Chievo, Luca Campedelli, disse que espera uma solução rápida para o caso e teria mostrado a intenção de proteger o seu atleta. "Esperamos que os problemas relacionados à troca de identidade de Eriberto sejam resolvidos rapidamente e que ele possa dar o seu bom apoio à equipe nesta temporada", disse. Na temporada passada, o jogador fez quatro gols e se destacou também dando boas assistências. O caso será investigado pela federação italiana de futebol. O jogador poderá ser suspenso do futebol por um ano por ter alterado seus documentos -na temporada passada, após uma devassa no país, vários jogadores, como Dida (Milan), sofreram suspensões por problemas com documentos. Com Eduardo Arruda, da Reportagem Local, e agências internacionais Texto Anterior: O que ver na Folha Online Próximo Texto: Memória: Brasil exportou "gatos", mas não sofreu punição Índice |
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