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São Paulo, domingo, 24 de agosto de 2003

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FUTEBOL

Jogador é o primeiro brasileiro a ser titular com o número de Maradona

Anônimo no Brasil, Iarley empolga com a 10 do Boca

EDUARDO ARRUDA
PAULO GALDIERI
DA REPORTAGEM LOCAL

No Paysandu, ele jamais chegou a ser a estrela, o mais paparicado. O dono do time sempre foi Róbson. Pior do que isso, quando chegou ao clube paraense, que havia acabado de subir para a primeira divisão do Brasileiro, no ano passado, vindo do Ceará, ele foi tratado com desprezo pela torcida, que não queria um reforço da Série B.
Um ano depois, no Boca Juniors, atual campeão da América, os holofotes, até agora, estão apontados para o brasileiro Pedro Iarley Lima Dantas, 29.
Como num conto de fadas, o jogador virou o camisa 10 do atual campeão continental. Camisa que foi eternizada por Maradona, maior ídolo do futebol argentino em todos os tempos.
"É um sonho para mim vestir a camisa que um dia foi de Maradona", disse o atleta cearense, o primeiro dos 22 brasileiros que passaram pelo clube argentino a ser titular com o número idolatrado pelos torcedores do Boca Juniors.
"É a maior camisa do futebol argentino. Espero seguir com ela até o fim", disse o jogador cearense.
Um jogo, uma bela exibição, um gol, uma derrota que espantou os argentinos em pleno alçapão. Foi assim que Iarley abriu as portas do time mais popular do país vizinho. Ele marcou e calou a temida La Bombonera.
O Paysandu, time pouco conhecido fora do Brasil, vencia o então quatro vezes campeão da Libertadores por 1 a 0, numa das maiores zebras da história do torneio.
Logo após a competição continental, o técnico do Boca, Carlos Bianchi, foi consultado sobre a contratação do brasileiro. "Me interessa", declarou o treinador.
Sem nada a receber pela transferência, o Paysandu tentou impedir a saída de Iarley, mas ele ganhou o atestado liberatório da CBF. E Assinou contrato com o Boca até julho de 2004.
Até lá, Iarley espera se firmar como titular do Boca, virar ídolo na Argentina. Ser campeão mundial interclubes contra o Milan, em Tóquio. "Financeiramente não foi tão bom pra ele. Ele vai ganhar só duas vezes mais do que ganhava no Paysandu. Mas no Boca ele fica mais perto de realizar outros sonhos", diz Clóvis Dias, empresário do atleta brasileiro.
Bastaram dois jogos para o jogador cair nas graças dos fanáticos boquenses. Após uma atuação impecável no meio-campo, coroada com duas assistências que resultaram em gols, Iarley deixou La Bombonera aplaudido nos 4 a 0 diante do Rosário Central, pelo Torneio Apertura.
No site oficial do clube, o atleta é visto com confiança por 85% dos torcedores da equipe argentina.
Apesar de ainda não ter marcado com a camisa do Boca, o bom desempenho de Iarley surpreendeu 75% dos internautas que acessaram a página do clube.
"Vim buscar meu espaço aqui no Boca. E agora só falta eu chegar à seleção brasileira", disse o atleta, que está na Espanha com o time disputando amistosos.
Atacante de origem, Iarley é a esperança do técnico Carlos Bianchi de encontrar um novo apoiador, alguém que substitua Riquelme, que deixou o Boca em 2002.
"Na posição em que está jogando [um terceiro atacante recuado] pode ser muito útil", afirma o treinador, elogiando a versatilidade de seu novo pupilo.
"Penso que Iarley se adapta facilmente a várias situações táticas", diz o treinador.


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