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São Paulo, domingo, 24 de agosto de 2003

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ADMINISTRAÇÃO

Estimativas mostram que Petrobras gastou mais para comemorar medalhas do que com apoio a atletas

Propaganda consome cinco patrocínios

DA REPORTAGEM LOCAL

Patrocinar é importante, mas mostrar ao público que patrocina, o que é bem mais caro, também.
Na esteira da enxurrada de medalhas ganhas pelo Brasil na República Dominicana, as estatais fizeram questão de divulgar seus investimentos no esporte.
O caso mais emblemático é o da Petrobras. Para patrocinar as estrelas do iatismo e as seleções principais masculina e feminina de handebol, a empresa vai consumir R$ 1,05 milhão neste ano. Só nas duas semanas do Pan-Americano, estima-se que a estatal tenha desembolsado pelo menos cinco vezes esse valor para propagandear o apoio ao esporte.
A Petrobras não divulga o investimento feito, mas pelo volume de peças veiculadas e pelo preço de mercado de espaços publicitários na mídia fica evidente o descompasso entre o patrocínio e a celebração do mecenato.
Sempre em horário nobre, foram ao ar anúncios em praticamente todas as emissoras de TV do país por mais de cinco dias. Primeiro, com os iatistas. Depois, para comemorar os dois ouros ganhos pelo handebol, que garantiram vagas nos Jogos de Atenas.
Na TV Globo, um anúncio de 30 segundos no horário nobre custa por volta de R$ 180 mil. Assim, com apenas três exibições na emissora de maior audiência do país, a petrolífera gastou mais do que com o handebol, merecedor de R$ 500 mil nesta temporada.
Na mídia impressa, os gastos também foram grandes. Para o iatismo, foi criada uma peça publicitária para uma revista que cobra mais de R$ 200 mil pelo espaço.
Jornais do Rio, de São Paulo e de Brasília venderam duas páginas de anúncio, também para festejar o handebol, a um custo que alcançou, em um dos casos, R$ 180 mil.
Ao todo, segundo projeções feitas por publicitários ouvidos pela Folha, a Petrobras desembolsou por volta de R$ 5 milhões, cinco vezes o que gasta com os atletas, para exaltar sua participação.
"O retorno do patrocínio não é só para a Petrobras, mas para o desporto brasileiro. Principalmente no caso do handebol, que não havia tido, ainda, qualquer patrocínio. É como eu ouvi aqui na Petrobras: topamos o desafio e encontramos ouro", afirma Claudio Thompson, coordenador de patrocínios esportivos da empresa petrolífera, sobre sua política.
A Caixa Econômica Federal também fez questão de mostrar que investe no atletismo.
O banco colocou anúncios de destaque em vários jornais do país. Para cada veículo de comunicação, chegou a pagar R$ 100 mil, mais do que qualquer integrante da equipe brasileira recebe por temporada da empresa.
Segundo a Caixa, "é muito importante mostrar para o país o investimento no atletismo", que, segundo sua assessoria, responde por mais da metade das suas verbas disponíveis para patrocínio.
Eletrobrás, com o basquete, e Correios, com os esportes aquáticos, também colocaram anúncios nos jornais para celebrar seus contratos e as conquistas em Santo Domingo. (PAULO COBOS)


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