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São Paulo, domingo, 24 de agosto de 2003

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FUTEBOL

Polêmicas comparações

TOSTÃO
COLUNISTA DA FOLHA

Começou o sonho do hexa com a convocação dos "estrangeiros" para os dois primeiros jogos das eliminatórias da Copa de 2006. Comparar a qualidade entre jogadores e seleções de épocas diferentes é falho e polêmico. As divergências são inevitáveis e desejáveis.
Ao contrário do que achávamos durante os quatro anos da má preparação da seleção brasileira para a Copa de 2002, a geração de jogadores dos Mundiais de 1998 e 2002, que deverá se estender até 2006, é tão boa quanto a de 1982 e a de 1970 (sem o Pelé).
Talvez a geração de 1958 e 1962 tenha sido a melhor individualmente, porque além de Nilton Santos, Didi e outros craques, tinha Pelé e Garrincha, que juntos nunca perderam uma partida pela seleção.
Se a seleção de 82 tinha Zico, Sócrates, Falcão, Júnior e Cerezo, e na de 70 havia Gerson, Rivellino, Carlos Alberto, Jairzinho, além do Rei, a de 98 tinha Rivaldo, Roberto Carlos e Ronaldo, e a de 2002 acrescentou mais um excepcional "erre" (Ronaldinho Gaúcho).
Muitos leitores vão dizer que estou sendo modesto ao não citar o meu nome. Se citasse, outros diriam até que sou presunçoso. Pertenço à segunda turma de talentos, o que me deixa orgulhoso e contente.
Temos o hábito de valorizar mais o passado do que o presente. No passado, não havia assim tantos craques e tinha também muitos brucutus e pernas-de-pau.
A diferença técnica entre as duas últimas seleções e as anteriores era o conjunto (repito, se não existisse o Pelé).
As equipes de 70, 82 e também de 94 eram mais organizadas taticamente do que as de 98 e 2002. Não posso analisar a parte coletiva das seleções de 58 e 62 porque só assisti aos melhores momentos. Hoje, há tantas partidas na televisão, no mesmo horário, que já existem especialistas em melhores momentos.
A seleção de 94 tinha muitos excelentes jogadores, mas só um supercraque (Romário). Isso valoriza ainda mais as qualidades do jogador. Se o Romário tivesse jogado nas seleções de 70, 82, 98 ou 2002, poderia ter brilhado ainda mais. Ou seria o contrário? Há controvérsias.
O grande número de torcedores que detesta o Romário e acha que ele nunca foi um craque vai protestar. Eles não acompanharam toda a carreira do atacante e confundem o homem e o jogador, o craque e o ídolo, o criador e a criatura, a arte e o artista.
Romário nunca foi também o meu ídolo, mas é um dos meus craques preferidos.
Quando escrevi que ele foi o mais genial centroavante do mundo de todos os tempos, recebi várias críticas dos leitores.
O mais genial não significa, necessariamente, que seja o melhor. Talvez tenha sido o Ronaldo. Os torcedores do Atlético-MG acham que foi o grande craque Reinaldo.
É difícil saber quem foi o melhor. Só não aceito a opinião do assessor de imprensa ou empresário do Adriano Chuva (atua no Sport pela Série B), que certamente vai dizer que é o Chuva. Quase todos os dias ele envia um e-mail relatando as proezas do seu craque. Aí é demais, sem desmerecer o jogador.
Aliás, peço aos propagandistas, vendedores, marqueteiros e pessoas que não têm nada a ver com o esporte para deixarem de congestionar e paralisar com tantas mensagens comerciais o meu e outros computadores.
Parafraseando o Chacrinha, no mundo atual, quem não se anuncia e não tem um marqueteiro, se trumbica ou desaparece.

Convocação
Só não entendi na primeira convocação para a estréia nas eliminatórias para a Copa de 2006 o nome do Juan. Luisão ou Alex são muito melhores. Os dois deveriam estar presentes -sairia também o Edmílson. Para mim, os outros cinco que faltam seriam: Marcos, Renato (do Santos), Alex (do Cruzeiro), Diego e Luis Fabiano.
Dos que foram titulares no Mundial-2002, somente Rivaldo não tem jogado, já que é reserva do Milan. Porém o ex-jogador Leonardo, diretor do clube italiano, informou ao Parreira que Rivaldo tem treinado muito e está em boas condições físicas.
Por causa da idade, Cafu e Rivaldo deveriam ficar de fora das eliminatórias?
Neste momento, penso que não. No imaginário, ainda vejo o Cafu no Mundial da Alemanha, em 2006, correndo e gritando: "Lança, lança". E muitas vezes chegando antes da bola.

E-mail
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