São Paulo, sexta-feira, 24 de agosto de 2007

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É preciso experiência para treinar a seleção, diz Zico

Para ele, cargos importantes, como a Presidência, deveriam exigir mais preparo

Técnico do Fenerbahce fala que não basta conhecer o futebol para dirigir time e que, a exemplo de Falcão, isso pode fazer Dunga sofrer

DA ENVIADA A ISTAMBUL

Os cabelos brancos e o físico denunciam a idade. Mas Zico, 54, hoje técnico do Fenerbahce, mantém o mesmo temperamento de quando era jogador.
Com a fala mansa, ele vai aos poucos expressando suas opiniões. Algumas delas polêmicas. E mostra que o tempo que morou fora do Brasil o fez amadurecer não só como técnico.
Foi assim quando recebeu a reportagem no CT do time turco, que já tinha os brasileiros Alex e Edu Dracena, que acaba de contratar Roberto Carlos e do qual ele assumiu o comando em julho do ano passado.
"Quando saí do Japão [ficou 15 anos lá], coloquei na cabeça que só seguiria como treinador se fosse para treinar um clube na Europa", falou Zico. "E o Fenerbahce me deu essa oportunidade. Estou muito feliz."
Mas o ex-jogador, que comandou a seleção japonesa na Copa de 2006, não quer parar por aí. Tem planos maiores.
"Claro que a minha meta é a Europa, quero ter bons resultados aqui para aparecer para a Europa. Não só eu como o time", disse Zico, que tem contrato até o fim deste ano.
"Ser técnico de futebol não é só definir como o time vai jogar, há uma série de coisas que você tem que fazer além disso. É preciso ter experiência para saber como lidar com algumas situações", falou ele. "É por isso que defendo que alguns cargos no Brasil deveriam exigir mais preparo, pela responsabilidade que exigem das pessoas."
E completou. "Não é só técnico da seleção que precisa de experiência. O mais importante deles, o de presidente da República, muitas vezes não tem gente preparada", afirmou.
Mas Zico diz que pior do que para a seleção ter um técnico sem experiência prévia na função, como o caso de Dunga, é para o próprio treinador. "Isso não é novidade, o Falcão [treinador do Brasil no início dos anos 90)] também não tinha experiência. O problema é para a pessoa, que sofre. Há diferença muito grande em conhecer o futebol e ser treinador."
E, apesar de dizer que se sente preparado para comandar a seleção brasileira, diz que não tem vontade de ocupar o lugar que é de Dunga. "Quanto mais tempo [na função], mais preparado você fica, mas não penso nisso agora. E, na verdade, não é algo essencial na minha vida."
Na Turquia, Zico reclama apenas de uma coisa: o trânsito. "Mas tenho usado a minha experiência no Japão, de ser paciente, para viver melhor em Istambul."0 (TATIANA CUNHA)

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