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É preciso experiência para treinar a seleção, diz Zico
Para ele, cargos importantes, como a Presidência, deveriam exigir mais preparo
Técnico do Fenerbahce fala que não basta conhecer o futebol para dirigir time e que, a exemplo de Falcão, isso pode fazer Dunga sofrer
DA ENVIADA A ISTAMBUL
Os cabelos brancos e o físico
denunciam a idade. Mas Zico,
54, hoje técnico do Fenerbahce, mantém o mesmo temperamento de quando era jogador.
Com a fala mansa, ele vai aos
poucos expressando suas opiniões. Algumas delas polêmicas. E mostra que o tempo que
morou fora do Brasil o fez amadurecer não só como técnico.
Foi assim quando recebeu a
reportagem no CT do time turco, que já tinha os brasileiros
Alex e Edu Dracena, que acaba
de contratar Roberto Carlos e
do qual ele assumiu o comando
em julho do ano passado.
"Quando saí do Japão [ficou
15 anos lá], coloquei na cabeça
que só seguiria como treinador
se fosse para treinar um clube
na Europa", falou Zico. "E o Fenerbahce me deu essa oportunidade. Estou muito feliz."
Mas o ex-jogador, que comandou a seleção japonesa na
Copa de 2006, não quer parar
por aí. Tem planos maiores.
"Claro que a minha meta é a
Europa, quero ter bons resultados aqui para aparecer para a
Europa. Não só eu como o time", disse Zico, que tem contrato até o fim deste ano.
"Ser técnico de futebol não é
só definir como o time vai jogar,
há uma série de coisas que você
tem que fazer além disso. É preciso ter experiência para saber
como lidar com algumas situações", falou ele. "É por isso que
defendo que alguns cargos no
Brasil deveriam exigir mais
preparo, pela responsabilidade
que exigem das pessoas."
E completou. "Não é só técnico da seleção que precisa de experiência. O mais importante
deles, o de presidente da República, muitas vezes não tem
gente preparada", afirmou.
Mas Zico diz que pior do que
para a seleção ter um técnico
sem experiência prévia na função, como o caso de Dunga, é
para o próprio treinador. "Isso
não é novidade, o Falcão [treinador do Brasil no início dos
anos 90)] também não tinha
experiência. O problema é para
a pessoa, que sofre. Há diferença muito grande em conhecer o
futebol e ser treinador."
E, apesar de dizer que se sente preparado para comandar a
seleção brasileira, diz que não
tem vontade de ocupar o lugar
que é de Dunga. "Quanto mais
tempo [na função], mais preparado você fica, mas não penso
nisso agora. E, na verdade, não
é algo essencial na minha vida."
Na Turquia, Zico reclama
apenas de uma coisa: o trânsito.
"Mas tenho usado a minha experiência no Japão, de ser paciente, para viver melhor em
Istambul."0
(TATIANA CUNHA)
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