RICARDO PERRONE
EDUARDO ARRUDA
DA REPORTAGEM LOCAL

De um lado, o Corinthians pode ser o exemplo de que o Brasileiro disputado em pontos corridos é prejudicial aos clubes. Do outro, o Cruzeiro pode ser usado para mostrar exatamente o contrário: que a fórmula funciona.
Os dois times duelam no Pacaembu, às 21h40, separados por um abismo dentro e fora de campo. Os paulistas, que ocupam a oitava posição, ainda tentam suprir a ausência de atletas negociados e superar uma crise financeira.
Já os mineiros lideram a competição, venceram mais vezes (18) e têm dinheiro em caixa.
Enquanto o clube paulista amarga prejuízo em seus jogos como mandante, os mineiros comemoram a quebra do recorde de público neste Nacional, na vitória por 3 a 0 sobre o Santos, no último sábado, com 77.970 pagantes.
"Para nós, o campeonato tem sido muito bom, mas nossas receitas seriam bem menores se estivéssemos na situação do Corinthians", disse Zezé Perrella, presidente do Cruzeiro.
O time tem média de quase 20 mil torcedores por partida enquanto o rival tem metade disso. "Arrecadamos cerca de R$ 200 mil por jogo. O torcedor mineiro está muito ansioso por esse título inédito", afirmou o dirigente.
Do mesmo jeito que seus fãs desapareceram dos estádios, estrelas corintianas que participaram de campanhas vitoriosas no passado também sumiram.
As saídas de Fábio Luciano, Kléber, Liedson, Jorge Wagner e Leandro, negociados, até hoje servem como justificativa para explicar a colocação da equipe.
Liedson se transferiu para o Sporting (Portugal), mas segue como artilheiro do Corinthians na competição, com dez gols.
A artilharia é outro exemplo das diferenças entre os dois rivais de hoje. O Cruzeiro perdeu Deivid, que chegou a ser o artilheiro do Nacional, com 15 gols, mas foi para o Bordeaux (França).
Aristizábal agora é o artilheiro cruzeirense com 19 gols. O mesmo não ocorreu com os jovens corintianos Abuda e Jô, que juntos, tem três gols no Nacional.
A diferença de desempenho entre as duas equipes faz alguns corintianos comemorarem poderem "aparecer" diante do líder.
"A repercussão do seu trabalho na partida contra o líder é muito maior", disse o corintiano César.