São Paulo, terça-feira, 24 de outubro de 2000

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CBF omite valor de contrato à CPI

SOLANO NASCIMENTO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A CBF (Confederação Brasileira de Futebol) omitiu em documento enviado à Câmara dos Deputados o valor de um contrato com uma empresa britânica para uso da imagem e do nome da seleção.
O documento, obtido pela Folha, é um dos anexos do contrato feito entre a CBF e a Nike, cujo conteúdo motivou a instalação de uma CPI na Câmara.
A CPI solicitou oficialmente à CBF o envio de uma cópia do contrato e de todos os seus anexos. O material foi remetido pela confederação. Na última sexta-feira, o documento começou a ser distribuído para os deputados que integram a comissão. Como era véspera do final de semana, a maioria dos parlamentares ainda não analisou o documento.
No documento, assinado em 96, a Nike e a CBF se comprometem a respeitar um outro contrato que havia sido firmado no ano anterior entre a Traffic Assessoria e Comunicações, agente da CBF e detentora de direitos sobre marcas ligadas à entidade, e a empresa Wysiwyg Interactive.
Pelo contrato, a empresa britânica adquire o direito de uso do nome e da imagem da CBF e da seleção, inclusive da fotografia oficial da Copa de 94, para produção de vídeos e videogames.
Uma cópia do contrato, em inglês, foi mandada à Câmara como anexo cinco do contrato da CBF com a Nike.
O item quatro do contrato explica que, devido à transferência de direitos, a Wysiwyg se compromete a fazer pagamentos anuais à Traffic. Só que a parte do item que mostraria os valores está em branco, como se um líquido para correção de texto tivesse sido usado para esconder frases.
As frases seguintes permitem verificar que o pagamento deve ser feito em dólar e em valores líquidos, sem desconto de imposto.
A assessoria de imprensa da CBF, em Brasília, informou que o presidente da entidade, Ricardo Teixeira, está fora do país.
Segundo a assessoria, é possível que dados referentes ao contrato tenham ficado para serem divulgados no depoimento de Teixeira
A cópia do contrato enviada à Câmara não tem as supostas cláusulas secretas, uma das principais razões para a abertura da CPI.
A Nike será alvo de denúncias relacionadas à exploração de trabalho infantil, intimidação de funcionários e abusos físicos e verbais de trabalhadores que serão divulgadas hoje no plenário da Câmara pelo deputado Pedro Celso (PT-DF), um dos vice-presidentes da CPI da CBF/Nike.
O senador Álvaro Dias (PSDB-PR), presidente da CPI do Futebol instalada no Senado, acertou ontem a indicação de dois procuradores-gerais da República para ajudar a comissão.


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