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BASQUETE
Um degrau abaixo
MELCHIADES FILHO
EDITOR DE ESPORTE
Um a um, desabaram os principais pivôs da Conferência
Leste. E, por contusão, indisciplina ou velhice, a metade que pratica o basquete mais físico da NBA
vai começar o campeonato 00/01,
dentro de exata uma semana,
sem nenhum gigante de renome.
Alonzo Mourning, do Miami, o
terceiro melhor jogador da última
temporada e um dos 12 olímpicos
que levaram ouro em Sydney, foi
a baixa mais inesperada.
Exames de rotina diagnosticaram uma grave deficiência renal,
conhecida como glomerulose (os
rins deixam de filtrar proteínas).
Pelo mesmo problema, o ala
Sean Elliott, campeão em 99 pelo
San Antonio, teve de se submeter
a um transplante e se ausentar
das quadras por nove meses.
Os médicos dizem que há 50%
de chances de Mourning escapar
da cirurgia. Mas declararam nula
a possibilidade de que participe
da campanha 00/01, justamente
aquela em que o time da Flórida
mais apostava -o técnico Pat Riley contratara três titulares (Anthony Mason, Brian Grant e Eddie Jones) para escoltar o pivô.
O tutor e principal rival de
Mourning na NBA também estará longe dos ginásios do Leste.
Farto de morrer na praia, o
New York encerrou os 15 anos da
era Patrick Ewing. Despachou o
veterano para o Seattle, em negócio triangular que lhe deu em troca os serviços do ala Glen Rice.
O outro pivô famoso da conferência, Dikembe Mutombo, contraiu malária em suas férias na
África e vai desfalcar o Atlanta
pelo menos até dezembro.
Jayson Williams e Rik Smits,
que ao lado dos três citados acima
representaram o Leste nos últimos All-Star Games, formalizaram sua aposentadoria neste ano.
O primeiro, depois de arrebentar o joelho e quebrar a perna,
deixou o New Jersey na mão. E o
segundo, poucas semanas após
ajudar o Indiana a alcançar a final do torneio, avisou que se cansou da dor nos pés e nas costas.
O balanço mostra que, dos 15 times do Leste, apenas um vai pisar
as quadras no dia 31 com um pivô
legítimo. E nem o Cleveland se
entusiasma pelo lituano Zyldrunas Ilgauskas. O gigante até tem
predicados. Mas parece feito de
porcelana. Jogou apenas duas
partidas nos últimos dois anos.
As demais equipes vão improvisar no miolo do garrafão.
O Miami deve sacrificar o recém-contratado Grant.
O Indiana também usará um
ex-ala-pivô do Portland na função (Jermaine O'Neal).
O New York ainda tenta convencer o magriça Marcus Camby.
Milwaukee, Philadelphia,
Charlotte, Toronto e Orlando,
meus candidatos a fechar o octeto
do Leste nos playoffs, resolveram
radicalizar, com táticas que prescindem de âncora sob a tabela.
A aposta é interessante, e equipes como Orlando e Milwaukee
têm munição para sobreviver.
Mas a presença dos pivôs está na
alma do basquete norte-americano. Que o diga o Boston, que há
quatro anos abriu mão deles para
jogar em velocidade. O time não
voltou mais aos playoffs. Desolado, desde então já experimentou
sem sucesso 15 atletas na posição.
Jogadores de perímetro como
Vince Carter e Grant Hill são maravilhosos. Mas não se engane.
Junto com os centímetros, o Leste
perdeu competitividade.
Torcida 1
Inconformados pelo recuo
da TNT, leitores perguntam
se a ESPN International também deixará de exibir a NBA.
Não, a emissora só mexeu na
grade. Os jogos perderam o
confortável "slot" das sextas,
antecipados em uma noite.
Torcida 2
Pioneira na transmissão da
NBA no país, a Bandeirantes
pulou fora de vez.
Torcida 3
A Directv renovou contrato
com o NBA League Pass, o
melhor amigo do basqueteiro
insone. O pacote, que inclui
quase 300 partidas ao vivo,
custará R$ 49 ao assinante.
Torcida 4
O Ibope anuncia que medirá
a audiência da TV paga. A
Globo vira sócia da ESPN
Brasil. Na mesma semana,
dose dupla para se temer pelo
futuro televisivo do basquete.
E-mail melk@uol.com.br
www.uol.com.br/folha/pensata
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