São Paulo, terça-feira, 24 de outubro de 2000

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Sofrimento marca vida de medalhista

DO ENVIADO A SYDNEY

Roseane Santos, a Rosinha, medalha de ouro no arremesso de peso, e Adria Santos, ouro nos 100 m rasos, chegaram a Sydney após muito sofrimento.
Rosinha, que teve parte da perna esquerda amputada em 1990, após ser atingida na calçada de sua casa, em Recife, por um caminhão, passou dois anos escondida. "Só saía até o portão", disse.
Quando o técnico Francisco Matias a descobriu na rua, precisou conversar com um irmão de Rosinha para convidá-la a treinar. A atleta estava desconfiada do homem que a seguia na rua.
Em 97, quando começou a treinar, quase abandonou o esporte por causa de um namorado.
Na véspera do Mundial da Inglaterra, o namorado deu o ultimato: ou ele ou o atletismo. ""Como já tinha feito minhas malas, falei para ele fazer as dele."
Rosinha não ficou muito tempo sozinha. Na Inglaterra, começou a namorar o técnico da Jamaica. ""Eu o chamo de Alfredo e o conheci na festa de abertura."
Em Sydney, Rosinha disputará ainda as provas de lançamento de disco e de dardo. Suas maiores chances são no disco. ""Devo ficar em primeiro ou segundo."
Já Adria Santos, que contou com a ajuda do guia Gerson Knittel para vencer os 100 m, teve de superar o fato de não poder contar com o guia durante os treinos.
Apesar da necessidade de sincronia entre os dois, Adria mora no Rio e Knittel vive em Joinville (SC). Para a Paraolimpíada de Sydney, Knittel, que é especialista nos 400 m e 800 m, passou três semanas treinando no Rio. A parceira começou em 1994, em um campeonato em São Paulo.
No início do ano, Adria pediu demissão do emprego de auxiliar de escritório no Instituto Brasileiro de Defesa dos Direitos das Pessoas Portadoras de Deficiência para se dedicar aos treinamentos.
Em Sydney, a atleta, que teve retinose pigmentar -que causa cegueira progressiva-, participa de sua quarta Paraolimpíada. Ela é a atleta paraolímpica brasileira mais vitoriosa da história.
Em Seul-88, obteve duas pratas (100 m e 400 m). Em 92, foi ouro nos 100 m rasos (categoria para cegos parciais). Em Atlanta, já totalmente cega, levou três pratas (100 m, 200 m e 400 m). (FI)



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