MARÍLIA RUIZ
DA REPORTAGEM LOCAL
SÉRGIO RANGEL
DA SUCURSAL DO RIO

O Paysandu reconquistou ontem quatro dos oito pontos que havia perdido no Superior Tribunal de Justiça Desportiva.
A Justiça do Pará, atendendo a uma solicitação de José Arthur Guedes Tourinho, determinou que os pontos perdidos para Corinthians e Ponte Preta sejam devolvidos para o clube paraense.
A liminar (decisão provisória) concedida ao torcedor Tourinho, como o presidente do Paysandu se qualifica em sua petição, obriga a CBF a publicar a nova classificação até as 12h de hoje, 24 horas depois de proferida a sentença de Paulo Roberto Ferreira Vieira, juiz da 15ª Vara Cível de Belém. Desobediência fará a entidade pagar multa de R$ 20 mil por dia.
No campo, o Paysandu empatou com o Corinthians (2 a 2) e ganhou da Ponte Preta (3 a 2), mas esses pontos foram cassados no STJD por causa da escalação de atletas cujos contratos foram assinados por Tourinho durante a vigência de uma punição do próprio tribunal esportivo.
Com os novos asteriscos que deverão ser aplicados à classificação, a Ponte ficaria próxima dos últimos lugares. O Corinthians também perderia pontos, dando adeus ao sonho da classificação à Taça Libertadores de 2004.
Já o time paraense melhoraria sua posição e se afastaria da zona de descenso na tabela.
A decisão do juiz do Pará, o mesmo que havia concedido liminar anulando a punição aplicada pelo STJD a Tourinho, pode provocar uma avalanche de ações.
Tourinho já planeja ir à Justiça para recuperar os pontos que perdeu para Fluminense e São Caetano no STJD -falta o tribunal analisar o recurso dos paraenses.
A própria equipe de Campinas, que ganhou e perdeu pontos no STJD neste Brasileiro, tem uma liminar da Justiça do Rio que obriga a CBF a obedecer as decisões do tribunal esportivo, portanto a decisão que tirou os pontos do Paysandu -também sob pena de pagamento de multa.
"Não acredito que isso vire um "caso Gama" [que resultou, em 2000, na criação da Copa João Havelange]. Vai depender dos times que serão rebaixados", declarou o advogado de Tourinho e diretor jurídico do Paysandu, Alberto Maia, que fez questão de dizer ser a liminar resultado de uma ação do "torcedor Tourinho".
A ressalva tem razão de ser. É que a Fifa proíbe, sob pena de suspensão do clube e também da associação nacional, que entidades esportivas questionem decisões da Justiça esportiva na esfera comum. O uso de pessoas físicas, porém, também tem sido objeto de deliberações contrárias da Fifa.
A entidade que controla o futebol mundial está fazendo marcação cerrada sobre dirigentes e "torcedores" que ingressam com ações em nomes de seus clubes.
Em alguns casos, chegou a ameaçar de suspensão os clubes que utilizaram testas-de-ferro -tornando inócuas as ações obtidas na Justiça comum.
Por enquanto, a CBF não pretende polemizar e disse que cumprirá a decisão tomada ontem pelo tribunal paraense.
"É uma norma nossa respeitar todas as decisões judiciais. Depois vamos ver o que pode ser feito", disse Nabi Abi Chedid, presidente em exercício da CBF.
Luiz Zveiter, presidente do STJD, desconhecia a decisão do TJ-PA, mas previu uma confusão. "A Ponte também tem uma decisão, contrária a essa."


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