São Paulo, sábado, 24 de outubro de 2009

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Com Juvenal distante, São Paulo perde ímpeto

Cobranças e mimos do presidente rareiam desde a chegada de Ricardo Gomes

Dirigente, que costumava aparecer em treinos antes de jogos importantes, agora está mais preocupado com o Morumbi e a Copa de 2014

Marcelo Ferrelli/Gazeta Press
Washington, que no clássico de amanhã, em Santos,
formará a dupla de ataque com Dagoberto


CAROLINA ARAÚJO
MARTÍN FERNANDEZ
DA REPORTAGEM LOCAL

Juvenal Juvêncio abandonou o São Paulo. Ou, pelo menos, abandonou os velhos hábitos de visitar o time nas fases ruins e de premiar com dinheiro vivo os jogadores e a comissão técnica em caso de vitória.
Amanhã, o São Paulo enfrenta o Santos na Vila Belmiro, em jogo crucial para as pretensões da equipe no Brasileiro. Mas o presidente do clube que ganhou os últimos três Nacionais está distante como nunca.
Quando o São Paulo passava por má fase, como acontece agora -somou somente um ponto dos últimos nove disputados-, Juvenal aparecia. Visitava o CT e reunia o então técnico do time, Muricy Ramalho, e os atletas para uma conversa.
Invariavelmente, a equipe reagia. Foi assim em 2007 e em 2008, após as eliminações na Libertadores. As interferências tinham três motivações: bancar Muricy, que sempre teve oposição no clube, "sugerir" mudanças no time e cobrar pessoalmente alguns atletas.
Quando o time passava a lutar pelo título, vinha a segunda fase da atuação de Juvenal: os bichos. Os envelopes com dinheiro eram entregues pessoalmente pelo cartola aos atletas e à comissão técnica.
Cada vitória na reta final do Brasileiro do ano passado podia valer até R$ 15 mil para cada jogador, titular ou reserva.
Neste ano, a última vez em que os bichos foram tema no clube foi antes do jogo contra o Palmeiras, no fim de agosto.
Na época, os jogadores confirmaram que o prêmio era uma "motivação a mais" para o clássico. Mas, com o 0 a 0 no Morumbi, ficaram sem o valor prometido por Juvenal.
Já as constantes visitas do presidente ao CT da Barra Funda rarearam. Se era visto com frequência nos últimos treinamentos sob o comando de Muricy Ramalho e nos primeiros dirigidos por Ricardo Gomes, agora Juvenal pouco aparece.
Deu lugar ao vice-presidente de futebol Carlos Augusto de Barros e Silva e ao superintendente Marco Aurélio Cunha, ambos assíduos nos treinos.
O afastamento do dirigente do dia a dia do futebol coincidiu com a mudança de foco do clube para o Morumbi. O estádio, candidato a ser a sede paulista da Copa-2014, tem sido criticado por dirigentes da Fifa.
Para emplacá-lo para a abertura do Mundial, o São Paulo já apresentou um novo projeto -também alvo de reclamações.
Os colaboradores mais próximos, como o diretor de futebol do clube, João Paulo de Jesus Lopes, negam que Juvenal tenha abandonado o futebol. "Está tudo igual", declara Jesus Lopes. O presidente do São Paulo não respondeu aos recados deixados pela reportagem ao longo desta semana.
Jogadores e comissão técnica tricolores, entretanto, negaram ter sido cobrados pelo dirigente nas últimas semanas.
"Não houve nenhuma conversa com a diretoria. Mas, independentemente de qualquer cobrança de lá, a gente sabe que tem que voltar a vencer logo", declarou o meia Jorge Wagner.
"O Juvenal viu que estamos lutando. Não é assim, perde e cobra", emendou Ricardo Gomes, que assumiu a culpa pela fase negativa do time. "Todas as decisões eu assumo. Sou eu quem escala os jogadores. A responsabilidade é mais minha do que deles", afirmou.



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