DA REPORTAGEM LOCAL
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Nenhum esporte consumiu tanto investimento em equipamentos para o Pan quanto o tiro esportivo. Ao todo, foram empenhados R$ 3.008.493,37.
O que mais chama a atenção, entretanto, não é o fato de o esporte que deu duas medalhas (prata e bronze) ao país no evento ter contado com 20% da verba usada para a compra de equipamentos, e sim pela quantidade.
Isso porque dos 251 mil itens adquiridos para as provas do Pan do Rio, 194.950 foram pratos para o tiro. Detalhe: cada prato custa em média R$ 0,10.
"Se estão contando cada prato como um item, eles só podem ter doença mental", afirma Luiz Corrêa, diretor financeiro da confederação de tiro esportivo. "Mas de fato era prato que não acabava mais. Tanto que ainda tem."
O presidente da entidade, Fred Costa, diz que "a quantidade foi suficiente".
Tanto foi suficiente que, informa o COB, o material foi usado nos Jogos e em outras disputas oficiais.
Mas não foram os pratos que causaram problema no tiro, pois a maior parte do investimento para a modalidade foi para a aquisição de alvos eletrônicos e computadores que ficam no estande do Complexo de Deodoro.
O estande, situado em área militar, deveria ter sido entregue ao Exército ao final do Pan-2007.
Mais de um ano após os Jogos, em 7 de outubro de 2008, quando contatado pela Folha, Costa disse que problemas na finalização da obra, feita pela Camargo Corrêa, impediam o repasse ao Exército.
Contatada 15 dias depois, a empreiteira afirmou ter entregado a obra oficialmente antes do Pan e se isentou de responsabilidade no processo de repasse das instalações.
Confrontado com essa afirmação uma semana depois, Costa declarou que o estande já estava sob a administração da confederação de tiro, em acordo firmado com o Exército, que recebeu a obra.
Se por um lado a responsabilidade sobre o local levou um ano para ser definida, o estande não ficou parado, tendo recebido atletas brasileiros e eventos importantes, como Sul-Americano e Mundial.0 (EO, CCP E LA)


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