São Paulo, domingo, 25 de janeiro de 2009

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Puebla ainda sonha com Muricy

No México, mais de 25 anos após conquista histórica, técnico é lembrado como o regente da equipe

Conquista do Nacional de 1983, título inédito para o até então coadjuvante time mexicano, foi ponto alto da passagem do meia no país


Arquivo Pessoal
À direita, Muricy e a filha Fabíola, em 83, no estádio do Puebla


RICARDO VIEL
EM PUEBLA

O Muricy Ramalho gravado na memória dos torcedores do Puebla, do México, pouco tem a ver com o técnico que se sagrou tricampeão brasileiro com o São Paulo no ano passado.
Para a cidade de pouco mais de 1 milhão de habitantes, Muricy é um meia habilidoso, de cabelo comprido, regente de uma equipe que entrou para a história ao ganhar um título inédito, o Mexicano de 1983.
Feito, aliás, que lhe rendeu o apelido de "mariscal" (marechal, em espanhol) Muricy "Ramalo", pois era quem comandava o time com sua visão de jogo privilegiada, explica um fã.
"Ele ditava o ritmo, cadenciava o jogo e distribuía a bola", diz Carlos Alonso, 47. Torcedor do Puebla, lembra-se de ter acordado antes das 7h naquele 29 de maio de 1983, dia da final contra o Chivas Guadalajara.
"Tínhamos que chegar cedo para pegar um bom lugar [o jogo começava ao meio-dia]. Às 9h, eu e meus amigos já estávamos no estádio Cuauhtemoc", afirma Alonso, quase 26 anos depois daquele jogo.
A final foi decidida em duas partidas. Na primeira, em Guadalajara, vitória para a tradicional equipe mexicana por 2 a 1.
Na decisão, em Puebla, cerca de 46 mil pessoas lotaram o estádio. "O time era pequeno. Nunca tinha ido nem para uma semifinal", recorda Muricy.
Com o 1 a 0 para os locais, o Mexicano da temporada 82/83 foi decidido nos pênaltis.
"Fui o primeiro a bater porque era mais experiente. Mas foi pênalti pra caramba. Não acabava nunca", diz o técnico.
Após converter sua cobrança, o ex-meia viu a mais longa disputa de pênaltis da história de um Campeonato Mexicano.
O 18º pênalti, desperdiçado pelo Chivas, deu ao Puebla o título, repetido apenas em 1990.
"Saímos do estádio mais de 15h, felizes", relembra Alonso.
Mas as alegrias dos anos 80 e do começo dos 90, quando o Puebla conquistou um Mexicano e uma Copa México, não se repetiram na última década.
A equipe foi rebaixada três vezes nos últimos 15 anos e corre novo risco de descenso. Talvez por isso, hoje, um dos principais responsáveis pelo triunfo ainda seja lembrado na cidade. "Muricy era um ídolo, a figura da equipe. Não era capitão, mas era o líder", fala Gustavo Moscoso, diretor de futebol.
O sucesso recente de Muricy como técnico faz dirigentes e torcedores sonharem com a volta do "mariscal Ramalo". "Tentamos trazê-lo duas ou três vezes. Mas é difícil, o clube é pequeno, e ele está muito bem lá [no Brasil]", diz Moscoso.
Na internet, seu retorno também é comentado. E até quem nunca o viu jogar pede seu regresso ao México.


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