São Paulo, domingo, 25 de janeiro de 2009

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entrevista

"Poderia ter ficado até hoje", diz treinador

DA REPORTAGEM LOCAL

A altitude, a saudade da mulher, Roseli, à época sua namorada, e os hábitos locais foram dificuldades encontradas por Muricy Ramalho na chegada a Puebla. Passado o período de adaptação, o meia virou ídolo, fez amigos e deixou saudades ao ir embora, quatro anos depois.
Mas, para o técnico, não fosse a morte de seu pai, a passagem pelo México teria sido bem mais longa. "Provavelmente estaria no clube até hoje. Como diretor ou algo assim."0 (RV)

 

FOLHA - Como foi a adaptação no México? MURICY RAMALHO - No começo foi difícil. Puebla é muito alto. Os jogos eram ao meio-dia, então às 9h eles comiam comida. Mas, depois, eu e minha mulher nos adaptamos bem. Tanto que ela não queria voltar de jeito nenhum.

FOLHA - E por que voltaram? MURICY - Depois da morte do meu pai, minha mãe ficou deprimida. Levei ela para lá, mas ela não se adaptou. Tinha que dar atenção à família.

FOLHA - Seu pai morreu na semana da final de 1983, não? MURICY - Morreu no domingo da semifinal. O clube me liberou mas aquele tempo não era fácil, só ia chegar na terça, depois do enterro. Falei com a minha mãe e ela disse: "A coisa que seu pai mais gostava na vida era futebol. Então fica e joga a final".

FOLHA - Não fosse isso, teria ficado no México mais tempo? MURICY - Acho que sim. Nós estávamos muito adaptados. Provavelmente estaria trabalhando no clube até hoje. Como diretor ou alguma coisa assim.

FOLHA - Fez muitos amigos? MURICY - Sim. O povo mexicano é muito aberto. Cinco minutos de conversa e eles já convidam para ir na casa deles. Gostam muito de futebol e do Brasil. Mantive contato com os amigos, sempre nos falamos, e eles já vieram para o Brasil várias vezes.

FOLHA - Voltou a Puebla depois de ter jogado? MURICY - Voltei dois anos depois. O presidente do clube, que é muito amigo meu, veio me buscar. Queria que eu voltasse a jogar. Mas eu não queria. Já tinha parado. Fiz a pré-temporada, mas não joguei.

FOLHA - Tem vontade de voltar ao México? MURICY - Todo ano eu e minha mulher nos programamos. Nunca dá certo. Neste ano a gente vai.

FOLHA - O que você fez entre parar de jogar e virar técnico? MURICY - Eu fiz outras coisas. Tive uma farmácia... Mas também fiz muitos cursos até que, em 1992, vim para o São Paulo.


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