São Paulo, domingo, 25 de fevereiro de 2001

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FUTEBOL

As voltas pelo mundo

RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL

Quantas vezes não ouvimos a óbvia ladainha de que o mundo sempre está dando voltas, de que quem está por cima pode ficar por baixo e vice-versa, de que não devemos dizer que dessa água não beberei?
O futebol oferece um monte de exemplos para os que vivem lembrando as questões acima toda hora. Só nos últimos dias vimos uma avalanche deles.
O Barcelona voltou a falar carinhosamente de Figo. O presidente do time catalão, Joan Gaspart, admitiu a possibilidade de contratar o craque português, que foi negociado com o rival Real Madrid e virou o inimigo número um do clube -o bom e velho (e ""estrela") Cruyff, acredite, está também nos sonhos de Gaspart como técnico.
A Inglaterra voltou a tratar Owen como o maior prodígio do futebol nos últimos tempos. Bastou o atacante, que ficou inativo vários meses com uma grave contusão e depois voltou aos campos sem o mesmo ritmo, marcar dois gols pelo Liverpool na Roma na Copa da Uefa -no jogo de volta, perdeu pênalti.
O Manchester United voltou a lembrar de Sheringham, meia talentoso, mas beberrão e já veterano. Valorizou seu ex-ídolo, renovando o seu contrato.
A Juventus, por sua vez, voltou a ver Del Piero como um semideus da bola. Bastou o jogador, que falhou na Eurocopa e quase caiu no ostracismo em seu clube, marcar um golaço contra o Bari no Campeonato Italiano.
Daniel Passarella voltou a fazer lobby para assumir um clube europeu. Vislumbrando o Parma, a Fiorentina e, especialmente, a Inter, largou a seleção uruguaia, que pena para ir à repescagem das eliminatórias.
No Uruguai, Victor Púa voltou a ser visto como a solução caseira e mais apropriada para resgatar o futebol do país.
Fabio Capello, que tem feito bom trabalho na Roma, voltou a ter contato com o Real Madrid, indo visitar a delegação de seu ex-time em hotel de Roma antes de jogo com a Lazio. Além de rever jogadores, não deixou de falar com dirigentes sobre um possível retorno à Espanha.
Cesare Maldini, que não teve sucesso treinando seu filho na seleção italiana, pode voltar à cena dirigindo seu Paolo no Milan na próxima temporada.
Zeman, técnico que escandalizou a Itália ao denunciar casos de doping, está voltando a falar do submundo do futebol. Só que desta vez ele não tomou a iniciativa. Irá depor sobre casos de passaportes falsos, especialmente de alguns atletas da Lazio.
Edmundo chegou a Nápoles há algumas semanas como digno substituto de Maradona, mas voltará ao Brasil da mesma forma que saiu. Sua carreira na Europa está devidamente destruída por seu comportamento.
Já Ronaldo pode até voltar à Inter de Milão em algumas semanas, mas o time está fora da Copa da Uefa, ameaçado de um inédito rebaixamento e vivendo uma crise sem precedentes.
Entre tantos exemplos de que o mundo dá voltas, porém, nada é mais significativo do que a possibilidade de as Copas não passarem mais na TV aberta. Alemanha, Inglaterra e Itália, potências no futebol e na comunicação, começaram a se preocupar mesmo com o problema.
Tantas voltas no futebol são comuns em times, técnicos e jogadores, que vivem muitos ciclos e fases. Mas é duro imaginar, como estão fazendo os alemães, a Copa voltando a ser transmitida como em 1950.

Lembra?
Edmílson, o zagueiro que esteve para ser massacrado pelos são-paulinos, marcou talvez o gol mais bonito e importante da rodada da última semana na Copa dos Campeões. Tirou uma classificação quase certa do Arsenal, que pensou em contratá-lo, com um golaço de cabeça aos 45min do segundo tempo em Londres.

Lembra?
Lima, jogador que protagonizou a eliminação do São Paulo de Copa do Brasil por ter defendido o Nacional-AM no mesmo torneio, é hoje reverenciado no Bologna e na Itália. Tem até seu site (www.limasoccer.com), o que muitas estrelas não possuem.

Lembra?
Andrei, zagueiro que fez fama com um gol de falta contra a Itália antes da Copa-90 e que depois não foi bem aproveitado por times de ponta na Europa, luta pela artilharia do Paulista.

E-mail: rbueno@folhasp.com.br




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