LUCAS FERRAZ
DE BUENOS AIRES

Após estatizar a transmissão dos jogos da primeira divisão do futebol nacional, o governo da Argentina anunciou ontem a extensão do programa, agora rebatizado de Esportes para Todos.
A partir do próximo mês, também serão exibidas na TV pública do país as partidas das Séries B e C de futebol, além de jogos e competições de modalidades como basquete, vôlei, tênis e rúgbi.
No anúncio, acompanhado por vários esportistas e representantes dos canais de TV ESPN, Fox Sports e TyC, este pertencente ao grupo Clarín, inimigo do governo, a presidente da Argentina, Cristina Kirchner, disse que o ""objetivo é que o povo veja eventos da cultura popular".
Com o novo programa, os canais da TV paga perdem a exclusividade nos direitos de transmissão, mas não o direito de exibir os jogos concorrendo com o canal estatal.
Segundo o governo, o custo da produção será financiado por meio de publicidade.
As competições a serem exibidas serão definidas pelo Conselho Federal de Televisão. A medida está prevista na Lei de Serviços de Comunicação Audiovisual, elaborada durante o governo de Cristina Kirchner. Após muita polêmica, o Congresso a aprovou em 2009.
A cada ano, o conselho se reunirá para discutir quais jogos, competições e modalidades serão incluídas no Esportes para Todos.
Para este ano, ficou acertada a transmissão de todas as séries do campeonato de futebol, torneios sul-americanos, como a Libertadores e a Copa América (que será em julho, na Argentina), as ligas argentinas de rúgbi, basquete e vôlei, e competições nacionais de automobilismo.
O programa prevê ainda a exibição do Mundial de Clubes, competições de esportes individuais, quando houver um argentino em disputa, além dos Jogos Olímpicos e Pan-Americanos.
""Fico feliz pelos argentinos poderem desfrutar esporte na TV aberta. Sempre me chamou atenção, desde um ponto de vista sociológico, a paixão que o esporte desperta em todas as classes sociais", disse a presidente.
Cristina ainda não anunciou oficialmente, porém deve ser candidata à reeleição no pleito de outubro.
Há dois anos, em um acordo fechado com a AFA (Associação de Futebol Argentino), o governo comprou os direitos de exibição do Campeonato Nacional pagando o equivalente a R$ 300 milhões. Os caixas dos clubes argentinos foram reforçados com dinheiro estatal.


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