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São Paulo, terça-feira, 25 de março de 2003

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Teixeira troca dólar por real em salários de técnicos que duelam sábado

Para a CBF, Parreira vale só 1/3 de Scolari

Rodrigo Nascimento/Futura Press
Parreira, que voltou à seleção sem discutir remuneração e recebe R$ 165 mil, cumprimenta criança no embarque para Portugal


FERNANDO MELLO
DO PAINEL FC

O maior atrativo de Brasil x Portugal, sábado à tarde, estará no banco. Se um prognóstico do duelo do tetra com o penta mundial é prematuro, uma disputa em outro tipo de banco já tem um vencedor: o agora "português" Luiz Felipe Scolari.
Ao dar ao técnico gaúcho a missão de tirar a seleção de sua pior eliminatória e levá-la ao topo, a CBF aceitou depositar na conta bancária de Scolari, em valores atualizados, mais que o triplo do que paga a seu sucessor, Carlos Alberto Parreira.
A Folha apurou que Parreira, que aceitou voltar à seleção sem antes discutir remuneração, recebe R$ 165 mil mensais da CBF.
Em números absolutos, a entidade desembolsava quase o mesmo número -165 mil contra 166 mil. A diferença está nos cifrões. Scolari recebia em dólar, num total de US$ 2 milhões por temporada (hoje, R$ 7 milhões/ano ou cerca de R$ 580 mil/mês). Já o contrato de Parreira foi feito em reais.
O atual salário do tetracampeão Parreira é pouco superior ao que ele recebia para dirigir o Corinthians. No Parque São Jorge, especulava-se que o treinador angariava cerca de R$ 150 mil.
A diminuição drástica do salário pago pela CBF ao treinador da seleção é inversamente proporcional ao aumento de cota da seleção após a conquista do penta.
Só para levar a seleção brasileira à Ásia por duas vezes, contra Coréia do Sul, em novembro, e China, em fevereiro, a CBF recebeu mais de US$ 1,6 mi (US$ 900 mil dos chineses e US$ 700 mil dos coreanos). Antes do título, a entidade recebia em média US$ 500 mil por jogo no exterior.
A interlocutores, o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, tem explicado a diminuição do salário do técnico de seleção como uma adequação à "nova ordem" do futebol mundial.
Cita como justificativas a retração dos investimentos no esporte em todo o mundo, principalmente nos direitos de TV.
A Globo, maior investidora do futebol brasileiro, por exemplo, já pediu à CBF a diminuição do pagamento pelos jogos da seleção. Em dificuldades para continuar depositando R$ 1,1 milhão por partida, teve um desconto de R$ 300 mil por partida.
E, a partir deste ano, pela primeira vez na história, a CBF receberá parte da cota da seleção em espaço publicitário na maior rede de TV do país. Atendendo a pedido da Globo e com o intuito de melhorar a imagem da entidade, Teixeira aceitou que parte do valor dos jogos fosse pago em inserções comerciais.
Já em relação a seus outros parceiros, Nike e AmBev, a CBF não tem do que reclamar. Continua ganhando em dólar. Da multinacional de material esportivo, cerca de US$ 7,5 milhões anuais. E da de bebidas, US$ 10 milhões.

Para baixo
Mesmo antes da decisão de Scolari de deixar a seleção, Teixeira havia decidido "desdolarizar" o salário do pentacampeão. Em seu último encontro com o treinador, em agosto de 2002, propôs a redução do salário. O gaúcho não aceitou. Preferiu abandonar a seleção.
A alto dos salários em dólar foi o principal motivo para que Teixeira só contratasse um novo técnico apenas em janeiro último. Nas contas da CBF, sem Scolari a entidade economizou cerca US$ 830 mil só nas folhas de pagamento de agosto a dezembro.
O salário de Parreira também é o menor entre os últimos técnicos da seleção. Wanderley Luxemburgo (1998-2000) ganhava R$ 250 mil/mensais. Já Emerson Leão (2000-2001), R$ 170 mil.


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