São Paulo, domingo, 25 de março de 2007

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TOSTÃO

Para ser um gênio da área


É preciso ter habilidade, técnica e criatividade e outras qualidades, como fazer gols bonitos, como fez Romário


PARA SER um supercraque-artilheiro, como foi Romário, é preciso entrar na área sem medo, com uma descontraída seriedade, como se estivesse em casa.
Para ser um supercraque-artilheiro, como foi Romário, é preciso perceber a velocidade e os movimentos corporais dos companheiros e dos adversários. Em vez de procurar a disputa da bola com o defensor, como faz a maioria dos atacantes, Romário vai esperá-la sozinho, no lugar certo. Simples e óbvio.
Para ser um supercraque-artilheiro, como foi Romário, é preciso também fazer gols bonitos. Como já disse Soninha, gol espetacular deveria valer por dois.
Para ser um supercraque-artilheiro, como foi Romário, é preciso ter muita velocidade para os pequenos e grandes espaços. Quando era jovem, Romário se colocava na linha do meio-campo ou na intermediária do outro time, mapeava tudo o que estava em sua volta, lia o pensamento do companheiro que estava com a bola, e partia na hora certa para recebê-la na frente e antes do goleiro.
Para ser um supercraque-artilheiro, como foi Romário, é preciso conhecer bem suas qualidades e ter confiança no que faz. Romário sabia que era um fenômeno e não escondia isso. "A humildade não é desconhecer o que somos; é conhecer e reconhecer o que não somos."
Para ser um supercraque-artilheiro, como foi Romário, é preciso ser simples, conciso e saber esperar o momento certo de brilhar. Só os gênios conhecem a simplicidade.
Para ser um supercraque-artilheiro, como foi Romário, é preciso ter muita habilidade, técnica e criatividade. Ninguém ensinou isso a ele. Aprendeu brincando nas peladas na infância, sem regras, sem saber a sua posição e sem professores para atrapalhar. É na infância que surge o talento. Mais tarde, o talento se desenvolve. Aí, entram os professores.
Carlos Drummond de Andrade disse que, "mais difícil que fazer mil gols, é fazer um gol como Pelé".
Diria também que mais difícil do que fazer um gol bonito é fazer mil gols, como vai fazer Romário.

Endeusamento
Há hoje um excessivo endeusamento do Santos e do São Paulo. No meio de semana, pela Libertadores, o São Paulo jogou mal novamente e perdeu para o Necaxa (2 a 1). Já o Santos sofreu pressão do fraco Gimnasia y Esgrima. Se fosse o Boca Juniors, o Santos teria levado muitos gols, mesmo com o ótimo Fábio Costa. Mesmo assim, por causa da vitória por 2 a 1, a atuação do Santos foi bastante elogiada.

Fácil vitória
O Brasil não precisou ter uma ótima atuação para golear o Chile. Gostei mais do posicionamento do segundo tempo com Ronaldinho e Robinho pelos lados e Kaká pelo meio. No primeiro tempo, foi Ronaldinho que atuou pelo centro. Para Elano jogar de volante, é melhor colocar Josué ou Mineiro, como aconteceu na segunda etapa.
O receio de que o time ficasse desprotegido com Ronaldinho, Kaká e Robinho não se confirmou. O Chile não criou uma chance de gol. Os três meias, até mais que o necessário, ajudaram bastante na marcação. Craque pode e deve marcar. Não podemos esquecer ainda que depois da Copa de 2002, a única atuação espetacular do Brasil foi na Copa das Confederações, com Ronaldinho, Kaká e Robinho. Na de 2006, o time mudou e jogou com dois centroavantes, sem Robinho. Falta o substituto de Ronaldo. Fred, Adriano e Vágner Love são bons, mas estão muito abaixo dos grandes momentos do Fenômeno. A esperança é Alexandre Pato.
A função principal de Dunga e de qualquer técnico é escalar os melhores e ajudá-los a jogar tudo o que sabem. O restante é perfumaria.

tostao.folha@uol.com.br


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