São Paulo, domingo, 25 de abril de 2004

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FUTEBOL

Únicos com mais de um ano no cargo, Culpi, Picerni e Leão encaram crise

Rodada do Nacional põe em xeque técnicos "longa vida"

Fernando Santos/Folha Imagem
Leão, que enfrenta o seu pior momento no Santos, prepara treino para o segundo jogo no Brasileiro


PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Eles têm o que os treinadores mais pedem, mas hoje, logo na segunda rodada do Campeonato Brasileiro, jogam com o objetivo de mandar para longe as crises que ameaçam seus empregos.
O botafoguense Levir Culpi, o palmeirense Jair Picerni e o santista Emerson Leão são os únicos entre os 24 técnicos que iniciaram o torneio na última quarta-feira com mais de um ano no cargo, o que possibilita a tão desejada "seqüência de trabalho".
Isso numa temporada (que tem apenas quatro meses) em que quase metade dos clubes já trocou de comando, incluindo dois favoritos ao título -Cruzeiro e São Caetano, que acabaram campeões estaduais depois de dispensarem, respectivamente, Wanderley Luxemburgo e Tite, e contratarem Paulo César Gusmão e Muricy Ramalho.
Dois dos "longa vida" em risco se enfrentam hoje. Na Vila Belmiro, o Santos de Leão enfrenta o Botafogo de Culpi -Picerni leva seu Palmeiras para Porto Alegre, onde desafia o Internacional.
Para eles, as lembranças dos bons resultados não são mais suficientes para abafar o presente ruim. Resultados abaixo do esperado, crises de relacionamento e a impaciência da torcida minam a credibilidade dos três.
Quem tem a situação mais delicada é Culpi. Nem uma vitória hoje assegura sua permanência no clube carioca. "Contra o Santos, vamos marcar como time pequeno e atacar como time grande", promete ele, que promoveu o Botafogo para a primeira divisão no ano passado, mas faz em 2004 uma péssima temporada.
Seu time não conseguiu chegar às semifinais em nenhum dos dois turnos do Estadual do Rio. Foi eliminado na Copa do Brasil pelo Gama, que está hoje na terceira divisão nacional. Por fim, foi goleado, em casa, por 4 a 1 pelo Goiás na estréia do Brasileiro.
Tal currículo no ano esgotou a paciência dos torcedores -os muros da sede do Botafogo foram pichados com palavras pedindo a demissão do treinador.
No Palmeiras, a pressão das arquibancadas também é a ameaça para o treinador.
Depois de perder para o Paulista nas semifinais do Estadual, Jair Picerni, campeão da Série B em 2003, teve sua saída cogitada por parte da diretoria -o presidente Mustafá Contursi acabou bancando sua permanência.
A decisão do principal cartola do clube não agradou aos torcedores. No empate contra o Atlético-MG, quarta-feira, o treinador, que já teve seu trabalho questionado até por jogadores (o caso Elson é o mais famoso), foi chamado de burro no Parque Antarctica.

Pior momento
Único treinador da elite que está no cargo desde o primeiro semestre de 2002, Leão, que tirou o time de uma fila de 18 anos ao ganhar o Brasileiro-02, passa por o seu pior momento no Santos.
O tropeço no Campeonato Paulista, objeto de desejo do clube, azedou sua relação com a diretoria e com o meia Diego, uma das principais estrelas do time.
Depois que o presidente do clube, Marcelo Teixeira, ordenou a dispensa do goleiro Doni e do atacante Robson, Leão esteve muito perto de deixar o clube.
Sua insistência em substituir Diego é outro ponto que irrita os cartolas do clube do litoral.


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