São Paulo, sexta-feira, 25 de abril de 2008

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XICO SÁ

Desde 1900 e antigamente

Com o devido respeito à massa verde, a Macaca irá reunir a maior corrente de secadores do universo

AMIGO TORCEDOR, amigo secador, nunca na história ludopédica deste país tanta gente reunida é Ponte Preta desde criança, desde sempre, desde 1900, ano em que a Macaca, abençoada por Darwin e pelos deuses do terreiro, veio ao mundo para ser o time mais charmoso e evoluído da face da terra.
O charme do futebol, aliás, é sobretudo alvinegro: vide Santos e Botafogo, os dois esquadrões mais elegantes de todas as galáxias.
Foi alvinegro sai bem na foto, mire-se nos exemplos de São Cristóvão, o São Cri-Cri, Treze de Campina Grande, Central de Caruaru, ASA de Arapiraca, Figueira, XV de Piracicaba, Rio Negro, bravo galo amazonense, um dos mais antigos clubes do país, fundado 13 anos depois da Ponte e cinco depois do Atlético Mineiro, outro preto e branco de altíssima classe. Sem falar no Corinthians, que não carece de polimento do cronista... Sem tocar no Corinthians Alagoano, o grande azarão, troféu corvo Edgar do ano até agora.
Pasme, amigo, o homônimo da terra do Zagallo e do Aurélio, o homem do dicionário, é tricolor: sim, tem vermelho. Ah, só um detalhe, o que conta é a origem do batismo e o sururu que tem feito na área.
O que vale é a Macaca, versão superfêmea do King Kong que vai destruir o Incrível Hulk . Com o devido respeito, data vênia, à massa verde, mas será a maior corrente de secadores do universo. São-paulinos, corintianos, santistas, uni-vos. Torcida do Come-Fogo, vale um pacto no Pingüim pela causa, vamos lá amigo do Norusca e da Ferroviária, porque em Marília a musa Alessandra Berriel, a maior das divas nacionais nas passarelas, já comanda o coreto.
O time do gênio Dicá, só comparável a Pelé e Ademir da Guia na aldeia paulista, fará tremer o Majestoso e combater o bom-combate no Palestra, porque não há gás que paralise a rapaziada guerreira de Sérgio Guedes. Sim, Dicá, meia talentoso, considerado o melhor da Ponte de todos os tempos, merece esse título. É, amigo, um espectro ronda o futebol paulista, o espectro chamado Ponte Preta, personagem de Renato Pompeu, o maior ponte-pretano de todos os tempos, Dicá das palavras, autor de "A Saída do Primeiro Tempo" (editora Alfa Ômega), grande romance universal brasileiro.
Que vença a Macaca, mas o bom é testemunhar de perto uma verdade cristalina e incontestável: por mais que os jecas globalizados insistam, as pelejas decisivas na aldeia são melhores do que Manchesters x Barças.
Tanto o Palmeiras quanto a Ponte jogam hoje bola mais bonita do que 90% dos times da fatigadíssima, bote tédio nisso, dona Europa. Quem se preparou, aliás, para ver o time inglês contra o catalão, na quarta, errou feio. O jogo, à vera, foi Botafogo x Lusa. Com dois passes de calcanhar de Douglas, novo gênio do Canindé, capazes de paralisar, feito Dadá Beija-Flor, o mosquito que assola, sem trégua, até bundinhas cariocas.

Epidemia
A bola parada tem sido igual a água adormecida para o Aedes aegypti: fatal. É dengue na certa no rival. Que o digam Jorge Wagner (São Paulo) e Lúcio Flávio, da estrela solitária de General Severiano. O rapaz, aliás, com mais sustança, quem sabe um cabrito na Nova Capela, Lapa, poderia ser craque!


xico.folha@uol.com.br

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