São Paulo, terça-feira, 25 de maio de 2004

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FUTEBOL

Não temos nenhum grande time

MARCOS AUGUSTO GONÇALVES
EDITOR DE OPINIÃO

A boa notícia é que o Brasileiro, após sete rodadas, está de um equilíbrio só: dez equipes embolaram num intervalo de três pontos, sendo que cinco delas se acotovelam, como se diria na F-1, "no mesmo segundo", ou seja, todas estão com 14 pontos.
A má notícia é que esse equilíbrio é mais fruto de um achatamento do padrão técnico do que de sua elevação. Não há nenhum grande time de futebol jogando bola hoje no país. Cruzeiro e Santos estão claramente abaixo do patamar que atingiram nos dois últimos campeonatos. Há um bolo de equipes apenas medianas. É revelador que o São Paulo -um time, convenhamos, muito mais ou menos- viesse posando de grande força. O fato, senhores, é que o líder do campeonato é o nosso querido Criciúma -e não venham me dizer que isso é sinal de nivelamento por cima.
 
Vivem um drama as nações rubro-negra e corintiana. O Flamengo ainda tem esperanças na Copa do Brasil. O Corinthians, nem isso. Em compensação, o campeão carioca só está à frente, no Brasileiro, do Paysandu. Não ganhou nem sequer uma partida! É uma completa decepção.
O que mais chama a atenção, porém, nos casos de Corinthians e Flamengo é que, em se tratando dos dois maiores clubes de massa do Brasil, não tenham um tostão furado para investir em suas equipes. Nem salário paga-se em dia. Não sei qual deles está mais na tanga, parece-me que o Flamengo, mas essa é uma competição muito triste, que apenas revela o resultado de anos e anos de um futebol mal administrado e corrupto. Nem estádio próprio os dois clubes mais populares do país possuem. Um desastre.
 
A goleada aplicada pelo Palmeiras no Santos não deve ser levada assim tão a sério. O time da Vila perdeu um jogador e atuou todo desconjuntado, com a decisão de Vanderlei Luxemburgo de poupar as principais estrelas para, a seguir, diante da iminente tragédia, colocá-las em campo de forma um tanto atabalhoada.
O Palmeiras tem seus valores, mas não chega a entusiasmar nem sua própria torcida. A desclassificação da Copa do Brasil diante do Santo André deixou exposta, mais uma vez, a fragilidade do time. E trocar Jair Picerni por Estevam Soares não chega a ser muito animador. Li no diário "Lance!" que, consultado sobre quais seriam os favoritos para o Brasileiro, antes de o torneio começar, Soares apontou o Palmeiras como candidato ao título. Será que isso deve ser interpretado a favor de Soares?
 
E o Fluminense de Ricardo Gomes vai mostrando que o caminho não passa por Romário e Edmundo, mas pela gurizada com vontade de mostrar serviço. O time já está a dois pontos dos líderes. Claro que os veteranos ainda podem ter sua utilidade ao longo da maratona, mas não estão com aquela bola que pensavam estar.

Fla-Flu e PC
Escrevi aqui na semana passada que o Flamengo foi campeão carioca em 1973 com Paulo César Lima, o grande PC Caju, a quem tive oportunidade de entrevistar, com outros colegas, no programa "Bola da Vez", atendendo um gentil convite da ESPN Brasil. Amigos tricolores, entre eles o jornalista Antonio Carlos Seidl, o mais britânico dos cariocas, apressaram-se em remeter suas irônicas mensagens eletrônicas de correção. Falhou-me, de fato, a memória: PC, que já havia estourado no Botafogo e participado da Copa do Mundo de 1970, foi campeão pelo Flamengo em 1972. Em 1973, o vencedor foi o Fluminense. Depois, em 1975 e 76, o tricolor das Laranjeiras conquistou o bicampeonato. E PC estava ali, entre os craques daquele timaço.

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