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FUTEBOL
Não temos nenhum grande time
MARCOS AUGUSTO GONÇALVES
EDITOR DE OPINIÃO
A boa notícia é que o Brasileiro, após sete rodadas, está de
um equilíbrio só: dez equipes embolaram num intervalo de três
pontos, sendo que cinco delas se
acotovelam, como se diria na F-1,
"no mesmo segundo", ou seja, todas estão com 14 pontos.
A má notícia é que esse equilíbrio é mais fruto de um achatamento do padrão técnico do que
de sua elevação. Não há nenhum
grande time de futebol jogando
bola hoje no país. Cruzeiro e Santos estão claramente abaixo do
patamar que atingiram nos dois
últimos campeonatos. Há um bolo de equipes apenas medianas. É
revelador que o São Paulo -um
time, convenhamos, muito mais
ou menos- viesse posando de
grande força. O fato, senhores, é
que o líder do campeonato é o
nosso querido Criciúma -e não
venham me dizer que isso é sinal
de nivelamento por cima.
Vivem um drama as nações rubro-negra e corintiana. O Flamengo ainda tem esperanças na
Copa do Brasil. O Corinthians,
nem isso. Em compensação, o
campeão carioca só está à frente,
no Brasileiro, do Paysandu. Não
ganhou nem sequer uma partida!
É uma completa decepção.
O que mais chama a atenção,
porém, nos casos de Corinthians e
Flamengo é que, em se tratando
dos dois maiores clubes de massa
do Brasil, não tenham um tostão
furado para investir em suas
equipes. Nem salário paga-se em
dia. Não sei qual deles está mais
na tanga, parece-me que o Flamengo, mas essa é uma competição muito triste, que apenas revela o resultado de anos e anos de
um futebol mal administrado e
corrupto. Nem estádio próprio os
dois clubes mais populares do
país possuem. Um desastre.
A goleada aplicada pelo Palmeiras no Santos não deve ser levada
assim tão a sério. O time da Vila
perdeu um jogador e atuou todo
desconjuntado, com a decisão de
Vanderlei Luxemburgo de poupar as principais estrelas para, a
seguir, diante da iminente tragédia, colocá-las em campo de forma um tanto atabalhoada.
O Palmeiras tem seus valores,
mas não chega a entusiasmar
nem sua própria torcida. A desclassificação da Copa do Brasil
diante do Santo André deixou exposta, mais uma vez, a fragilidade do time. E trocar Jair Picerni
por Estevam Soares não chega a
ser muito animador. Li no diário
"Lance!" que, consultado sobre
quais seriam os favoritos para o
Brasileiro, antes de o torneio começar, Soares apontou o Palmeiras como candidato ao título. Será que isso deve ser interpretado a
favor de Soares?
E o Fluminense de Ricardo Gomes vai mostrando que o caminho não passa por Romário e Edmundo, mas pela gurizada com
vontade de mostrar serviço. O time já está a dois pontos dos líderes. Claro que os veteranos ainda
podem ter sua utilidade ao longo
da maratona, mas não estão com
aquela bola que pensavam estar.
Fla-Flu e PC
Escrevi aqui na semana passada que o Flamengo foi campeão
carioca em 1973 com Paulo César Lima, o grande PC Caju, a
quem tive oportunidade de entrevistar, com outros colegas,
no programa "Bola da Vez",
atendendo um gentil convite da
ESPN Brasil. Amigos tricolores,
entre eles o jornalista Antonio
Carlos Seidl, o mais britânico
dos cariocas, apressaram-se em
remeter suas irônicas mensagens eletrônicas de correção.
Falhou-me, de fato, a memória:
PC, que já havia estourado no
Botafogo e participado da Copa
do Mundo de 1970, foi campeão
pelo Flamengo em 1972. Em
1973, o vencedor foi o Fluminense. Depois, em 1975 e 76, o
tricolor das Laranjeiras conquistou o bicampeonato. E PC
estava ali, entre os craques daquele timaço.
E-mail mag@folhasp.com.br
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