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Tenista fala até francês por "sua cidade'
DO ENVIADO A PARIS
Não foi amor à primeira
vista, mas foi uma relação intensa, com direito a declarações de amor dos dois lados.
Ao montar sua turnê de
despedida, até agora cheia de
emoção e com resultados pífios, o catarinense Gustavo
Kuerten programou Roland
Garros como ponto final.
Sua primeira conquista no
torneio foi em duplas. Em
1994, o brasileiro foi campeão juvenil ao lado do equatoriano Nicolas Lapentti, até
hoje um dos seus melhores
amigos no circuito.
Dois anos depois, disputou
o qualifying para figurar pela
primeira vez na chave principal de um Grand Slam, porém deu azar no sorteio e não
teve chances na estréia contra o sul-africano Wayne
Ferreira, o 11º do mundo.
Os "sentimentos mágicos"
que Guga afirma sentir toda
vez que joga em Roland Garros pareciam direcionados
ao tenista mais colorido (camisa amarela, calção azul e
um lenço azul ou amarelo
amarrado na cabeça) do torneio em 1997.
Na terceira rodada, o brasileiro bateu o então rei do
saibro, o austríaco Thomas
Muster. Foi o primeiro de
uma série de três ex-campeões que ele derrotou em
sua campanha vitoriosa. Depois caíram o russo Ievguêni
Kafelnikov e, na decisão, o
espanhol Sergi Bruguera.
"Sinto-me ótimo em quadra. Acerto todos os tiros que
tento", declarou ele, durante
a campanha vitoriosa.
O russo voltou a ser o adversário das quartas em
2000 e, novamente, chegou a
abrir 2 a 1. Dessa vez, porém,
a dramaticidade foi maior.
Kafelnikov liderava a quarta
parcial em 4 a 2 e sacava em
40/15. "Aconteceu. Não sei
como. Alguém quis que eu
ganhasse. Tive ajuda, não sei
de onde ela veio, mas tive
ajuda", declarou Guga, sem
saber explicar a virada.
Mas as maiores provas de
amor vieram no terceiro título no saibro francês.
Nas oitavas-de-final de
2001, Guga precisou salvar
um match point contra o
americano Michael Russell,
rival de pouco brilho, mas
que naquele dia fez provavelmente a melhor partida da
sua vida. Após a virada, desenhou um coração na quadra,
em imagem que talvez melhor represente a simbiose
entre Guga e Roland Garros.
Ato repetido depois de
vencer a final. Após deitar-se
no coração na quadra, Guga
foi receber o troféu vestindo
uma camiseta com a inscrição "Eu te amo, Roland Garros", em francês. Para agradar ainda mais aos franceses,
Kuerten pela primeira vez
fez seu discurso de agradecimento em francês.
"Aqui, algumas vezes, me
sinto jogando na minha própria cidade, no meu clube."
No ano passado, convidado pela Federação Francesa
de Tênis, o brasileiro entregou o troféu de campeão ao
espanhol Rafael Nadal.
"Adoro jogar aqui. No ano
que vem, eu volto, mas não
vestido assim [usava terno e
gravata], mas com shorts e
camiseta, para jogar aqui, para vocês", afirmou, ovacionado, Guga na ocasião.
(FI)
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