São Paulo, domingo, 25 de maio de 2008

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Paris foi ponto de partida para façanhas inéditas

A partir de Roland Garros, Guga abriu série de feitos nacionais e sul-americanos

Há 11 anos, catarinense entrou no Grand Slam francês como desconhecido e saiu credenciado para buscar topo e fortuna

DO ENVIADO A PARIS

Roland Garros foi o ponto de partida para uma série de conquistas de Gustavo Kuerten.
O catarinense nunca havia sido campeão de um torneio de primeira linha da ATP e inaugurou sua coleção de troféus justamente com um dos quatro maiores do mundo.
Antes de Guga, jamais um brasileiro havia triunfado em um Grand Slam, principal série de torneios do circuito, formada por Aberto da Austrália, Roland Garros, Wimbledon e Aberto dos EUA, na Era Aberta -Maria Esther Bueno triunfou antes do profissionalismo.
Antes de Guga, jamais um brasileiro havia atingido o top 10 do ranking -o brasileiro mais bem ranqueado tinha sido Thomaz Koch, 24º em 1974.
Antes de Guga, jamais um brasileiro havia ganho mais de dez títulos de primeira linha -Luiz Mattar foi campeão em sete nos anos 80 e 90.
Com seus 20 títulos, Kuerten tem mais do que a soma de todos os outros cinco brasileiros que venceram torneios -15.
Antes de Guga, jamais um brasileiro havia acumulado mais de US$ 3 milhões em prêmios na carreira -Fernando Meligeni deixou as quadras com US$ 2,558 milhões.
Apenas em 2000, sua temporada mais profícua no quesito, Kuerten acumulou US$ 4,7 milhões. Em toda a carreira, ele ganhou US$ 14,7 milhões, e adicionou outros milhões com muitos contratos publicitários.
Antes de Guga, jamais um sul-americano havia terminado uma temporada no topo do ranking mundial -o chileno Marcelo Ríos permaneceu no posto por apenas seis semanas (quatro em março e abril e duas em agosto de 1998).
Ao terminar como número 1 em 2000, Kuerten acabou com uma hegemonia americana que já durava oito anos. Desde 1991, quando o sueco Stefan Edberg encerrou o ano na liderança do ranking, a ATP (Associação dos Tenistas Profissionais) não coroava um líder de ranking no fim da temporada nascido fora dos Estados Unidos.
Antes de Guga, apenas um tenista conseguiu derrotar Pete Sampras e Andre Agassi, dois dos maiores tenistas da história, na seqüência -o americano Michael Chang obteve o feito em Toronto em 1990.
O brasileiro, porém, enfrentou tenistas já consagrados (somavam 19 Grand Slams e 373 semanas no topo do ranking na época), enquanto Chang bateu adversários em início de carreira (os dois ainda não haviam sido número um nem conquistado um Grand Slam).
Antes de Guga, nenhum tenista conseguiu conquistar os três Masters Series (série criada em 1990) disputados no saibro (Montecarlo, Roma e Hamburgo) e Roland Garros -o espanhol Rafael Nadal repetiu o feito nesta temporada.

Limite físico
Depois de tudo o que conquistou em quadra, Guga, 31, gostaria de continuar. "Se estivesse 100%, ainda gostaria de jogar mais. O físico me impôs o limite de competir de igual para igual com os melhores", afirmou ele, ao anunciar a turnê de despedida em janeiro.
O tenista crê que, se não tivesse sido atrapalhado pela lesão no quadril direito, teria tido a chance de se aproximar de lendas como Agassi, Sampras, Bjorn Borg e Roger Federer.
"Tive momentos de genialidade. Mas precisaria de mais alguns anos para ter certeza, em termos de resultado, que atingi o nível deles", completou Gustavo Kuerten, um dos 23 tenistas a ocupar o topo nos quase 35 anos de história do ranking. (FERNANDO ITOKAZU)


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