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Paris foi ponto de partida para façanhas inéditas
A partir de Roland Garros, Guga abriu série de feitos nacionais e sul-americanos
Há 11 anos, catarinense entrou no Grand Slam francês como desconhecido e saiu credenciado para buscar topo e fortuna
DO ENVIADO A PARIS
Roland Garros foi o ponto de
partida para uma série de conquistas de Gustavo Kuerten.
O catarinense nunca havia sido campeão de um torneio de
primeira linha da ATP e inaugurou sua coleção de troféus
justamente com um dos quatro
maiores do mundo.
Antes de Guga, jamais um
brasileiro havia triunfado em
um Grand Slam, principal série
de torneios do circuito, formada por Aberto da Austrália, Roland Garros, Wimbledon e
Aberto dos EUA, na Era Aberta
-Maria Esther Bueno triunfou
antes do profissionalismo.
Antes de Guga, jamais um
brasileiro havia atingido o top
10 do ranking -o brasileiro
mais bem ranqueado tinha sido
Thomaz Koch, 24º em 1974.
Antes de Guga, jamais um
brasileiro havia ganho mais de
dez títulos de primeira linha
-Luiz Mattar foi campeão em
sete nos anos 80 e 90.
Com seus 20 títulos, Kuerten
tem mais do que a soma de todos os outros cinco brasileiros
que venceram torneios -15.
Antes de Guga, jamais um
brasileiro havia acumulado
mais de US$ 3 milhões em prêmios na carreira -Fernando
Meligeni deixou as quadras
com US$ 2,558 milhões.
Apenas em 2000, sua temporada mais profícua no quesito,
Kuerten acumulou US$ 4,7 milhões. Em toda a carreira, ele
ganhou US$ 14,7 milhões, e adicionou outros milhões com
muitos contratos publicitários.
Antes de Guga, jamais um
sul-americano havia terminado uma temporada no topo do
ranking mundial -o chileno
Marcelo Ríos permaneceu no
posto por apenas seis semanas
(quatro em março e abril e duas
em agosto de 1998).
Ao terminar como número 1
em 2000, Kuerten acabou com
uma hegemonia americana que
já durava oito anos. Desde 1991,
quando o sueco Stefan Edberg
encerrou o ano na liderança do
ranking, a ATP (Associação dos
Tenistas Profissionais) não coroava um líder de ranking no
fim da temporada nascido fora
dos Estados Unidos.
Antes de Guga, apenas um tenista conseguiu derrotar Pete
Sampras e Andre Agassi, dois
dos maiores tenistas da história, na seqüência -o americano
Michael Chang obteve o feito
em Toronto em 1990.
O brasileiro, porém, enfrentou tenistas já consagrados (somavam 19 Grand Slams e 373
semanas no topo do ranking na
época), enquanto Chang bateu
adversários em início de carreira (os dois ainda não haviam sido número um nem conquistado um Grand Slam).
Antes de Guga, nenhum tenista conseguiu conquistar os
três Masters Series (série criada em 1990) disputados no saibro (Montecarlo, Roma e Hamburgo) e Roland Garros -o espanhol Rafael Nadal repetiu o
feito nesta temporada.
Limite físico
Depois de tudo o que conquistou em quadra, Guga, 31,
gostaria de continuar. "Se estivesse 100%, ainda gostaria de
jogar mais. O físico me impôs o
limite de competir de igual para
igual com os melhores", afirmou ele, ao anunciar a turnê de
despedida em janeiro.
O tenista crê que, se não tivesse sido atrapalhado pela lesão no quadril direito, teria tido
a chance de se aproximar de
lendas como Agassi, Sampras,
Bjorn Borg e Roger Federer.
"Tive momentos de genialidade. Mas precisaria de mais
alguns anos para ter certeza,
em termos de resultado, que
atingi o nível deles", completou
Gustavo Kuerten, um dos 23
tenistas a ocupar o topo nos
quase 35 anos de história do
ranking.
(FERNANDO ITOKAZU)
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