São Paulo, terça-feira, 25 de maio de 2010 |
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LOS GRINGOS/PAUL DOYLE Inglaterra sem controle
Os ingleses já aprenderam a confiar nos amistosos pré-torneios como confiam nas promessas pré-eleitorais de políticos. Mesmo assim, Fabio Capello não vai ignorar as lições do jogo de ontem contra o México. Ao mesmo tempo em que vai curtir a vitória e os pontos fortes da equipe -a boa forma física, as jogadas de bola parada e os fantásticos lances de ataque de Glen Johnson-, vai se preocupar com o fato de os mexicanos ficarem com a posse da bola por longos períodos, obrigando os ingleses a correrem atrás dos rivais como colegiais confusos. Isso é algo que os torcedores, lamentavelmente, já estão acostumados a ver. O México se movimentou como se fosse de um mundo diferente do inglês. Mas do mesmo mundo do Egito, que fez o mesmo em Wembley, em março, antes de ser derrotado por 3 a 1, e da Espanha e do Brasil, que venceram a Inglaterra sem dificuldade no reinado de Capello. Por isso tão poucos ingleses esperam ver a equipe triunfar na África, por mais que o grupo da fase de classificação não apresente grandes desafios. Não é culpa de Capello que Owen Hargreaves esteja machucado e que Gareth Barry possivelmente não vá à Copa devido a uma lesão no tornozelo. Mas o italiano é culpado por não ter apostado na melhor alternativa: Scott Parker. Contra o México, ele apostou em Michael Carrick, que frequentemente compensa seus carrinhos com passes de visão e precisão. Mas Carrick deu ontem mais passes aos mexicanos do que para seus colegas. Capello é capaz de ser flexível -ontem, foi de novo recompensado por ter desistido de Emile Heskey em favor de Peter Crouch. Mas deixou Parker no banco e pôs Huddlestone quando Carrick saiu. O jogador do Tottenham sabe fazer passes tão bem quanto Parker, mas não tem seu dinamismo ou sua habilidade. E parece certo que Parker será descartado quando o time for reduzido para 23 jogadores. Graças a Johnson e a Aaron Lennon, um jogador mais inteligente do que Theo Walcott, o time inglês tem a velocidade que faltava sob a direção de Eriksson, além de uma mentalidade positiva que o faz parecer divertido. Mas sua incapacidade de conservar a posse de bola significa que, como há quatro anos, não vai controlar os jogos. Em vez disso, torcerá para acertar contra-ataques ou lances de bola parada. Isso põe pressão sobre uma defesa que o México deixou em maus lençóis ontem. Parker poderia ter dado proteção adicional a essa defesa. PAUL DOYLE, redator-chefe de futebol do britânico "The Guardian", é um dos especialistas estrangeiros que escreverá periodicamente neste espaço Tradução de CLARA ALLAIN Texto Anterior: Treino é aberto, e hostilidade a treinador cessa Próximo Texto: Rival de amistoso é joguete de ditador Índice |
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