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TÊNIS
The end?
RÉGIS ANDAKU
COLUNISTA DA FOLHA
Nunca ninguém viu uma
edição do tradicionalíssimo
torneio de Wimbledon tão diferente, tão estranha quanto a deste
ano. E não só dentro das quadras.
Os funcionários do The All England Lawn Tennis & Croquet
Club, vários deles de longa data,
tiveram de passar por uma constrangedora inspeção, rigorosa e
inédita. A alguns, foram pedidas
até cartas de referência de antigos
empregadores (!).
Agora que a programação começou, chama a atenção o número de seguranças circulando pelo
clube. Sem contar a revista, mais
rigorosa, nos portões de entrada.
O público também não tem
mais aqueles quiosques para deixar a sacola, com o guarda-chuva, a capa de chuva, a bugiganga
toda. Têm medo que você porte
uma bomba (!).
E a proibição dos cestinhos com
comida, daqueles levados para os
piqueniques de antigamente? Tudo determinado não só pela organização, mas pelas autoridades
inglesas, o próprio governo, em
nome da segurança.
Ou seja, ficou chato trabalhar
em Wimbledon, entrar em Wimbledon, circular em Wimbledon,
ver os jogos em Wimbledon.
Dentro da quadra, o show está
compensando? Tem muita gente
na dúvida.
Pela primeira vez em 15 anos
Pete Sampras não está jogando
lá. E Pete Sampras, sete títulos na
grama sagrada, sempre foi sinônimo de aula de tênis em Wimbledon, de show. A chave, repare,
está mais vazia sem ele.
Goran Ivanisevic e Richard
Krajicek, dois outros campeões
em Wimbledon -não há muitos
na ativa, lembre-se, dado o domínio de Sampras na última década-, também estão ausentes. O
atual campeão, Lleyton Hewitt,
caiu no primeiro dia. Grandes tenistas, como Marat Safin e Carlos
Moyá, e talentosos tenistas, como
Tommy Haas, Alex Corretja e
Marcelo Ríos, nem deram o ar da
graça. As desculpas variaram do
"nasceu meu filho" ao "não gosto
de grama", passando pelo óbvio
"estou contundido".
Ao menos os antes irredutíveis
organizadores de Wimbledon
agora percebem que, hoje, quem
manda são os jogadores. Neste
ano, já aboliram a ridícula reverência em direção ao camarote
real, obrigatória então até quando o espaço estava vazio (!) e que
tanto irritava os jogadores.
Foram também mais criteriosos
e mais fiéis ao ranking de entradas do que nas temporadas passadas para definir os cabeças-de-chave do torneio. Fizeram agrados a tenistas que, antes, praticamente ignoravam.
Ainda assim, Wimbledon corre
muitos riscos.
Corre o risco de abrir espaço para mais uma final sem glamour
ou ação em Grand Slams, colocar
um Johannson, um Schuettler,
um Nalbandian ou um Verkerk
na grande decisão.
Corre o risco de cair do ridículo,
de perder seu posto de "olimpo"
do tênis, posto construído ao longo de mais de um século, corre o
risco de perder o glamour que
Bjorn Borg, Jimmy Connors, Maria Esther Bueno, Martina Navratilova, Billie Jean King e Boris Becker, entre tantos outros, deram ao torneio.
Entre os jovens garotos
Diego Cubas e Teliana Pereira venceram a categoria 18 anos da quarta etapa da Credicard MasterCard Juniors Cup, no Lagoa Iate Clube,
em Florianópolis. Na 16 anos, os campeões foram Luís Grangeiro e
Fernanda Hermenegildo; Ivan Machado e Gabriela Vieira ganharam
na 14 anos; na 12, títulos para Gabriel Dias e Mariel Maffezzolli.
Com as jovens garotas
Bruna Colósio, Larissa Carvalho, Joana Cortez e Letícia Sobral defendem o Brasil contra a Croácia nos dias 19 e 20 de julho, na repescagem do Grupo Mundial da Fed Cup. Maria Fernanda Alves, a melhor
do país, e Carla Tiene, a quinta, vão jogar um torneio em Campos do
Jordão na mesma semana. Nanda Alves, aliás, conquistou o título do
Torneio de Poza Rica (México), no domingo, batendo Tiene na final.
E-mail reandaku@uol.com.br
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