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FUTEBOL
Jogo para arrepiar
TOSTÃO
COLUNISTA DA FOLHA
Assisti a um grande número
de decisões em duas partidas, li e ouvi milhares de argumentos e não tenho nenhuma opinião se é melhor fazer o primeiro jogo em casa ou fora.
No início da Libertadores, pensava que o time do Boca Juniors
fosse fraco. Enganei-me. A equipe
não tem o encanto da do Santos,
mas possui a mesma eficiência.
A Argentina também revela um
grande número de excepcionais
jogadores, como esse jovem Tévez,
de 19 anos.
Quero ver hoje o Robinho dar
um drible espetacular no início
da partida para ganhar confiança, descontrair os companheiros e
perturbar os jogadores do Boca.
Desconfio que o Robinho não está
driblando como antes não porque
está sendo muito marcado, e sim
porque está tentando pouco. Ele
está muito disciplinado.
Pedimos tanto que o Robinho
melhorasse o passe e a finalização
(Leão também) que o garoto, humildemente, tenta fazer isso e não
consegue brilhar de um jeito e
nem de outro. Robinho ainda não
encontrou o seu lugar, o seu caminho, ao contrário do Diego, o que
não significa que está atuando
mal. Porém pode jogar muito melhor.
O Santos não pode recuar demais, iniciar a marcação na sua
intermediária e deixar o Boca
pressionar desde o início. Foi o
que aconteceu com o Corinthians
contra o River Plate, na Argentina. A marcação tem de começar
no meio-campo ou até na frente.
Hoje, vou me vestir de preto e
branco, como o Torero, e torcer
para o Santos. Acredito na vitória. Seria ótimo. O empate é bom.
Derrota por um gol de diferença é
ruim. Por dois, é péssimo.
Lições do fracasso
O Brasil jogou muito melhor
contra a Turquia do que nos dois
primeiros jogos e foi desclassificado. Ao contrário de Camarões e
EUA, o time turco marcou mal,
errou muito, e o Brasil teve todas
as chances de vencer. Se o Alex
(ou mesmo o Gil) tivesse jogado
desde o início no lugar do Ilan, o
time teria muito mais possibilidades de definir a partida no primeiro tempo.
No segundo tempo, com a entrada do Alex e do Gil nos lugares
do Ilan e do Ricardinho, o time ficou mais forte no ataque, mas
muito desprotegido na defesa
porque só havia dois jogadores no
meio-campo e os zagueiros se
adiantavam. A Turquia também
poderia ter feito mais gols.
A Turquia mostrou novamente
que é uma seleção mediana. Ela
ficou em terceiro lugar na Copa
porque foi um Mundial atípico:
dois dos favoritos (Argentina e
França) surpreendentemente saíram na primeira fase, a Itália e a
Espanha foram bastante prejudicadas pelos árbitros e várias fortes
seleções estavam sem os seus principais jogadores.
O time turco só enfrentou um
forte adversário na Copa (Brasil)
e perdeu. Os dois jogos só não foram mais fáceis porque a seleção
brasileira não tinha um bom conjunto e dependia demais da individualidade de alguns craques.
A desclassificação do Brasil na
Copa das Confederações reforçou
a minha antiga opinião de que o
futebol brasileiro é pentacampeão do mundo porque tem em
quase todos os Mundiais três a
cinco foras-de-série (em 2002 foram os quatro "erres") e não porque revela um grande número de bons e excelentes jogadores.
Como só atuam 11, outras seleções conseguem também formar
um bom time, mas eles só têm
um, no máximo dois craques. Essa é a diferença, que não aconteceu neste torneio. Faltaram mais três "erres" (em forma). Não se
ganha só com o nome.
Sei que muitos vão dizer que o
Brasil ganha quando quer, como
numa Copa do Mundo. Não é
bem assim. O Brasil fez uma má
preparação para o Mundial de
2002, mas ganhou porque foi
uma Copa atípica e os craques se
recuperaram no momento certo.
Nem sempre os jogadores resolvem tudo sozinhos. É essencial fazer um bom trabalho e formar um bom conjunto. Para isso, é
preciso mudar o calendário.
Nem tudo foi ruim na Copa das
Confederações. Antes da competição, tinha dúvidas se o Alex e Ronaldinho seriam a melhor opção juntos, porque atuam em posições
parecidas. Além disso, Gil, Kléber
e Ricardinho tinham jogado bem
contra a Nigéria. Não havia lugar
para todos. Agora ficou claro que
esses dois talentos têm de estar
presentes.
Se Rivaldo não recuperar todo
seu futebol, Alex é a melhor opção
ao lado dos dois Ronaldos. Espero
que o Parreira tenha também
percebido.
E-mail
tostao.folha@uol.com.br
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