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São Paulo, quarta-feira, 25 de junho de 2003

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FUTEBOL

Jogo para arrepiar

TOSTÃO
COLUNISTA DA FOLHA

Assisti a um grande número de decisões em duas partidas, li e ouvi milhares de argumentos e não tenho nenhuma opinião se é melhor fazer o primeiro jogo em casa ou fora.
No início da Libertadores, pensava que o time do Boca Juniors fosse fraco. Enganei-me. A equipe não tem o encanto da do Santos, mas possui a mesma eficiência.
A Argentina também revela um grande número de excepcionais jogadores, como esse jovem Tévez, de 19 anos.
Quero ver hoje o Robinho dar um drible espetacular no início da partida para ganhar confiança, descontrair os companheiros e perturbar os jogadores do Boca. Desconfio que o Robinho não está driblando como antes não porque está sendo muito marcado, e sim porque está tentando pouco. Ele está muito disciplinado.
Pedimos tanto que o Robinho melhorasse o passe e a finalização (Leão também) que o garoto, humildemente, tenta fazer isso e não consegue brilhar de um jeito e nem de outro. Robinho ainda não encontrou o seu lugar, o seu caminho, ao contrário do Diego, o que não significa que está atuando mal. Porém pode jogar muito melhor.
O Santos não pode recuar demais, iniciar a marcação na sua intermediária e deixar o Boca pressionar desde o início. Foi o que aconteceu com o Corinthians contra o River Plate, na Argentina. A marcação tem de começar no meio-campo ou até na frente.
Hoje, vou me vestir de preto e branco, como o Torero, e torcer para o Santos. Acredito na vitória. Seria ótimo. O empate é bom. Derrota por um gol de diferença é ruim. Por dois, é péssimo.

Lições do fracasso
O Brasil jogou muito melhor contra a Turquia do que nos dois primeiros jogos e foi desclassificado. Ao contrário de Camarões e EUA, o time turco marcou mal, errou muito, e o Brasil teve todas as chances de vencer. Se o Alex (ou mesmo o Gil) tivesse jogado desde o início no lugar do Ilan, o time teria muito mais possibilidades de definir a partida no primeiro tempo.
No segundo tempo, com a entrada do Alex e do Gil nos lugares do Ilan e do Ricardinho, o time ficou mais forte no ataque, mas muito desprotegido na defesa porque só havia dois jogadores no meio-campo e os zagueiros se adiantavam. A Turquia também poderia ter feito mais gols.
A Turquia mostrou novamente que é uma seleção mediana. Ela ficou em terceiro lugar na Copa porque foi um Mundial atípico: dois dos favoritos (Argentina e França) surpreendentemente saíram na primeira fase, a Itália e a Espanha foram bastante prejudicadas pelos árbitros e várias fortes seleções estavam sem os seus principais jogadores.
O time turco só enfrentou um forte adversário na Copa (Brasil) e perdeu. Os dois jogos só não foram mais fáceis porque a seleção brasileira não tinha um bom conjunto e dependia demais da individualidade de alguns craques.
A desclassificação do Brasil na Copa das Confederações reforçou a minha antiga opinião de que o futebol brasileiro é pentacampeão do mundo porque tem em quase todos os Mundiais três a cinco foras-de-série (em 2002 foram os quatro "erres") e não porque revela um grande número de bons e excelentes jogadores.
Como só atuam 11, outras seleções conseguem também formar um bom time, mas eles só têm um, no máximo dois craques. Essa é a diferença, que não aconteceu neste torneio. Faltaram mais três "erres" (em forma). Não se ganha só com o nome.
Sei que muitos vão dizer que o Brasil ganha quando quer, como numa Copa do Mundo. Não é bem assim. O Brasil fez uma má preparação para o Mundial de 2002, mas ganhou porque foi uma Copa atípica e os craques se recuperaram no momento certo.
Nem sempre os jogadores resolvem tudo sozinhos. É essencial fazer um bom trabalho e formar um bom conjunto. Para isso, é preciso mudar o calendário.
Nem tudo foi ruim na Copa das Confederações. Antes da competição, tinha dúvidas se o Alex e Ronaldinho seriam a melhor opção juntos, porque atuam em posições parecidas. Além disso, Gil, Kléber e Ricardinho tinham jogado bem contra a Nigéria. Não havia lugar para todos. Agora ficou claro que esses dois talentos têm de estar presentes.
Se Rivaldo não recuperar todo seu futebol, Alex é a melhor opção ao lado dos dois Ronaldos. Espero que o Parreira tenha também percebido.

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