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Sem Teixeira, supervisor é xerife do Brasil na Copa
Américo Faria cuida do ambiente, tutela jogadores e discute com a imprensa
Na seleção desde 1990, ele compara seu trabalho com uma "guerra" e protagoniza cenas curiosas, como a caça de espiões durante o treino
DOS ENVIADOS A BERGISCH GLADBACH
Quatro anos após a saída de
Luiz Felipe Scolari, a seleção
ainda tem um sargentão. É o
supervisor Américo Faria, 61,
que age como dono da delegação brasileira na Alemanha.
Com um bigode semelhante
ao de Charles Chaplin e sempre
vestido de agasalho da equipe,
ele cuida de temas estratégicos,
como a premiação dos atletas.
Mas também está às voltas
com missões menos nobres. É o
responsável por mandar para
os quartos os jogadores que perambulam pela concentração
depois do toque de recolher.
Ele segue ao pé da letra o pedido de Ricardo Teixeira para
tomar conta da equipe, já que o
presidente da CBF passa a Copa do Mundo envolvido com a
Fifa, distante da seleção.
Faria está sempre dando ordens na concentração, estádios
e aeroportos por onde a delegação passa na Europa.
O detalhismo o faz protagonizar situações constrangedoras. Na quarta, enquanto os jogadores treinavam no gramado
do Estádio de Dortmund, o supervisor realizava uma "varredura visual" na arquibancada.
Ele buscava espiões japoneses
infiltrados entre os jornalistas.
Destacou alguns funcionários da CBF para ajudá-lo, mas
não achou nenhum intruso.
A presença do supervisor faz
os embarques do time no ônibus parecerem uma excursão
escolar. Vai buscar pelo braço
os jogadores que se atrasam e
faz a contagem dos atletas.
Sempre apressado para deixar os estádios, interrompe as
entrevistas e arrasta os jogadores para fora do vestiário.
Vira-e-mexe, o supervisor
bate de frente com os jornalistas. Ontem à tarde, discutiu
com um repórter da Globo no
momento em que os jogadores
desciam do ônibus para treinar.
A rédea curta imposta por
Faria criou até um chavão usado por atletas e membros da comissão técnica como resposta a
pedidos que os obriguem a quebrar o protocolo. "Não dá, o seu
Américo está de olho", dizem.
Formado em educação física
na década de 1960, o supervisor
gosta de adotar um discurso
militar ao falar sobre seu trabalho na seleção brasileira.
"É como se fosse uma guerra
mesmo. Temos de armazenar
direito os provimentos, preparar tudo para facilitar o transporte, fazer cálculos, fazer contato com repartições consulares, preparar toda a chegada ao
aeroporto para que não haja retenções. É este o nosso trabalho", disse o funcionário da
CBF, ao resumir as suas funções na comissão técnica.
Foi Faria quem escolheu o
hotel em que a seleção está concentrada agora. Ele também
marca treinos e até organiza
bingos na concentração.
(EDUARDO ARRUDA, PAULO COBOS, RICARDO PERRONE E SÉRGIO RANGEL)
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