São Paulo, domingo, 25 de junho de 2006

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Time segue roteiro de turbulência interna

DO ENVIADO A WÜRZBURG

Se o estereótipo da displicência tática e da ineficiência na hora H se aplicará também a Gana, só na terça se saberá. Mas outro lugar-comum em relação aos times africanos, o de que sua preparação é sempre marcada por bagunça e crises internas, já se confirmou independentemente de qualquer resultado nas oitavas-de-final.
A classificação para a Alemanha em si foi cheia de percalços. Embora seja uma das potências do futebol africano (foi o primeiro país a ganhar quatro vezes a Copa Africana de Nações e tem dois títulos mundias sub-17), Gana jamais havia participado de um Mundial.
O sérvio Ratomir Dujkovic, atual treinador da equipe, foi o quarto técnico do país nas eliminatórias, depois que o alemão Ralf Zumdick e o português Mariano Barreto abandonaram o barco. Um terceiro, Sam Arday, ainda ficou de tampão até Dujkovic ser contratado, no final de 2004.
Também sua trajetória foi turbulenta. De cara, ele barrou um dos líderes do time, o zagueiro Samuel Kuffour, que o criticara publicamente por ter ficado de fora de uma convocação. Dujkovic disse que o jogador só voltaria se pedisse desculpas, o que, segundo o técnico, aconteceu só pela metade. Mesmo assim, acabou levando o rebelado para o Mundial. "Eu convocaria até o diabo se ele pudesse me ajudar a vencer", justificou Dujkovic. Ironicamente, uma falha de Kuffour foi decisiva para a derrota diante da Itália na primeira fase.
O fracasso na última Copa Africana, quando o time caiu na primeira fase, quase causa a demissão do treinador, que irritou-se por ter sido xingado por torcedores e dirigentes e reclamou de interferência em seu trabalho. A federação afirma que apenas o alertou sobre o que considerava erros.
"Só tentamos mostrar para ele o que precisava ser corrigido. O fato de termos nos classificado à Copa não nos impedia de fazer críticas", declarou o porta-voz da federação ganense, Abbey Ransford.
Dois jogadores-chave não disputaram o torneio, Muntari e Essien. Comentou-se na época que o volante do Chelsea, que está suspenso contra o Brasil, inventou uma contusão para não jogar, o que ele negou.
O sérvio admitiu que de início os jogadores não o respeitavam nem cumpriam os horários estabelecidos, mas assegura que, após sua insistência, hoje a situação da equipe é outra.
Pelo clima de permissividade que impera na concentração de Gana, dá para duvidar. Empresários e agentes circulam livremente pelo hotel do time em Würzburg, abordando jogadores sem qualquer interferência da comissão técnica. (FV)

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