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Time segue roteiro de turbulência interna
DO ENVIADO A WÜRZBURG
Se o estereótipo da displicência tática e da ineficiência na
hora H se aplicará também a
Gana, só na terça se saberá. Mas
outro lugar-comum em relação
aos times africanos, o de que
sua preparação é sempre marcada por bagunça e crises internas, já se confirmou independentemente de qualquer resultado nas oitavas-de-final.
A classificação para a Alemanha em si foi cheia de percalços.
Embora seja uma das potências
do futebol africano (foi o primeiro país a ganhar quatro vezes a Copa Africana de Nações e
tem dois títulos mundias sub-17), Gana jamais havia participado de um Mundial.
O sérvio Ratomir Dujkovic,
atual treinador da equipe, foi o
quarto técnico do país nas eliminatórias, depois que o alemão Ralf Zumdick e o português Mariano Barreto abandonaram o barco. Um terceiro,
Sam Arday, ainda ficou de tampão até Dujkovic ser contratado, no final de 2004.
Também sua trajetória foi
turbulenta. De cara, ele barrou
um dos líderes do time, o zagueiro Samuel Kuffour, que o
criticara publicamente por ter
ficado de fora de uma convocação. Dujkovic disse que o jogador só voltaria se pedisse desculpas, o que, segundo o técnico, aconteceu só pela metade.
Mesmo assim, acabou levando
o rebelado para o Mundial. "Eu
convocaria até o diabo se ele
pudesse me ajudar a vencer",
justificou Dujkovic. Ironicamente, uma falha de Kuffour
foi decisiva para a derrota diante da Itália na primeira fase.
O fracasso na última Copa
Africana, quando o time caiu na
primeira fase, quase causa a demissão do treinador, que irritou-se por ter sido xingado por
torcedores e dirigentes e reclamou de interferência em seu
trabalho. A federação afirma
que apenas o alertou sobre o
que considerava erros.
"Só tentamos mostrar para
ele o que precisava ser corrigido. O fato de termos nos classificado à Copa não nos impedia
de fazer críticas", declarou o
porta-voz da federação ganense, Abbey Ransford.
Dois jogadores-chave não
disputaram o torneio, Muntari
e Essien. Comentou-se na época que o volante do Chelsea,
que está suspenso contra o Brasil, inventou uma contusão para não jogar, o que ele negou.
O sérvio admitiu que de início os jogadores não o respeitavam nem cumpriam os horários estabelecidos, mas assegura que, após sua insistência, hoje a situação da equipe é outra.
Pelo clima de permissividade
que impera na concentração de
Gana, dá para duvidar. Empresários e agentes circulam livremente pelo hotel do time em
Würzburg, abordando jogadores sem qualquer interferência
da comissão técnica.
(FV)
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