São Paulo, domingo, 25 de junho de 2006

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De atração, grama vira problema no Mundial

Após protestos, organização admite decepção com campos na Alemanha Frio intenso e falta de luz podem ter provocado falhas em gramados da Copa, plantados em fazendas na Alemanha e na Holanda

GUILHERME ROSEGUINI
ENVIADO ESPECIAL A MUNIQUE

RODRIGO BUENO
ENVIADOS ESPECIAL A STUTTGART

RODRIGO MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Era para ser a melhor grama do mundo. É fruto de uma mistura de grãos criados para o evento, foi plantada às escondidas, uma parte em outro país, caminhões refrigerados a transportaram e sua altura e umidade são controladas por técnicos da Fifa. Mas os campos da Copa do Mundo são uma decepção, como admitem até os organizadores, que já falam em fazer mudanças.
O problema começou na estréia, Costa Rica x Alemanha, em que o lateral germânico Philip Lahm, autor do primeiro gol da Copa, disse que o gramado estava molhado. "O campo esteve tão duro que me fez tropeçar", já declarou o atacante holandês Ruud van Nistelrooy. Para o treinador Jacob Kuhn, da seleção suíça, "a bola fazia coisas estranhas" no jogo da equipe contra os franceses.
De início, os organizadores rebatiam as críticas dizendo que cada um teria que se adaptar às condições impostas pela Fifa ao gramado. A entidade recomendou o corte à altura de 28 mm, ou seja, bem rente. A quantidade de água para regar a grama também é medida.
Mas, em seguida, começaram a parecer campos carecas ou com grama cortada ao extremo.
Nesta semana, o vice-presidente do Comitê Organizador, Wolfgag Nierbach, admitiu sua decepção com os campos, cujos problemas atribuiu ao clima ruim. "Não atingimos o nível ótimo que esperávamos."
É verdade que, em maio, a Alemanha enfrentou temperaturas com mínimas de 5C e máximas de 11C. Normalmente, variam de 8C a 19C.
Mas o gramado deveria ser resistente ao frio, pelo que diziam os produtores. Em fazendas distantes das sedes, a grama foi plantada pelas empresas Hendriks Graszoden (holandesa, sete estádios) e Buechner Fertigrazen (alemã, cinco).
Misturaram a grama ryegrass (mais brilhosa) e a Kentucky blue grass (mais resistente, transportada em caminhões climatizados). "Vigoroso e que não se desmancha no transporte" e "impede a seca e o alagamento". É assim que os holandeses descrevem o produto.
Outro vilão apontado são os estádios com telhados, que impedem a entrada da luz. Tanto que o coberto Estádio de Gelsenkirchen é um dos que apresentam maiores problemas. E já deve sofrer mudanças.
"Ouvimos todas as queixas e estamos avaliando o que será feito para a segunda fase", disse o porta-voz do comitê organizador, Gerd Graus, à Folha.


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