São Paulo, domingo, 25 de junho de 2006

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CLÓVIS ROSSI

Jeito de finalista

É NAMORAR o desastre deixar no banco talentos como o de Carlos Tevez e, em especial, Lionel Messi e insistir a maior parte do tempo com um jogador no máximo regular, como Javier Saviola. O técnico argentino José Pekerman só não casou com o desastre, no jogo contra o México, porque foi salvo por um desses momentos de graça de um jogador que, aliás, nem entra na lista dos mágicos deste Mundial, Maxi Rodríguez. Um chute como o que definiu a partida, já na prorrogação, é daqueles que mesmo os melhores finalizadores acertam um em cem. O mau desempenho da Argentina só fez realçar a verdadeira mágica da primeira rodada das oitavas-de-final, a da Alemanha. Só nos primeiros 15 minutos do jogo contra a Suécia, a Alemanha criou mais situações de gol do que durante toda a partida contra o Brasil, na final de 2002 (Brasil, 2 a 0). Basta para fazer supor que uma eventual repetição da decisão de 2002 será bem mais difícil para o Brasil. Em tese, a seleção brasileira dispõe, hoje, de melhores jogadores, individualmente, do que quatro anos atrás. Mas, em compensação, o conjunto é mais desorganizado do que o de 2002. Já a Alemanha mostrou ontem, como já havia acontecido contra o Equador (Alemanha, 3 a 0), um futebol pouco germânico, se por germânico se tomar aquele jogo sovina, de cintura dura, mais forte na defesa do que no ataque. Eficaz, sem dúvida, a ponto de assegurar à Alemanha o maior número de títulos mundiais depois do Brasil e junto com a Itália (três cada um). Mas, para quem gosta de espetáculo tanto quanto de títulos, a Alemanha que ganhou em 1954 era inferior à Hungria, assim como era inferior à Holanda em 1974. Já no terceiro título (1990), não havia ninguém melhor nem pior que ninguém. Era uma amontoado de mediocridades, só igualado pela Copa de 1994. Agora, não. Dá gosto ver a seleção alemã, lançada ao ataque por orientação de Jürgen Klinsmann, seu técnico, que teve que vencer a resistência de uma cultura que não gosta de modificações tão radicais. Agora, é Alemanha x Argentina. Pelo que jogaram ontem, a Alemanha tem mais chances. A menos que os mágicos, se escalados, façam o que deles se espera.

crossi@uol.com.br


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