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Versátil, Marilson já diz que vai deixar pista
RODRIGO MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Não é comum ver corredores
brasileiros atuando em provas
de fundo de pistas (5.000 m e
10.000 m) e na maratona numa
mesma temporada. Mais difícil,
um atleta nacional na elite
mundial nas três distâncias.
Em 2007, Marilson Gomes
dos Santos, 29, é um dos dois
esportistas que figuram nas listas de 50 melhores da maratona e das duas provas de pista
- o outro é o marroquino Adberrahim Goumri. A versatilidade nas três corridas é característica de alguns dos grandes
maratonistas da história.
Ontem, Marilson confirmou
vaga nos 5.000 m para o Pan do
Rio-2007 ao vencer o Troféu
Brasil de atletismo. Já tinha garantido a vaga nos 10.000 m, na
última quarta-feira, quando
também venceu.
Nessas duas provas, o brasileiro ocupa a 33ª posição no
ranking da IAAF (Federação
Internacional de Atletismo).
Na maratona, sua prioridade,
tem o 17º melhor tempo do ano.
E é o atual campeão da prova de
Nova York, uma das mais importantes do calendário.
"O Pan é minha última competição de pista", afirma Marilson, depois de vencer os 5.000
m, em 13min43s41.
Não significa que ele vá abandonar de vez as provas de pista.
Mas não deve disputá-las em
competições grandes, como
Pans e Olimpíadas. Em Pequim, já optou por correr apenas a maratona, para a qual já
tem índice. É o que explica seu
técnico, Adauto Domingues.
"É um processo natural
[priorizar a maratona]. O atleta
tem que ganhar bagagem para a
maratona. Mas ele [Marilson]
vai ficar na pista. A pista educa
o atleta, enquanto a rua deseduca", explica o treinador.
Segundo ele, as provas de pista servem para aprimorar a velocidade do maratonista. Para
marcar menos de 2h06min,
boa marca nos 42,195 km, o
corredor tem de percorrer um
quilômetro em três minutos. E
obtém velocidade para esse feito treinando para os 10.000 m.
"É uma besteira o que se faz
no Brasil, em que o atleta começa a correr na rua e desiste
da pista", explica Domingues,
citando exemplo de maratonistas como Paul Tergat, com tempos fortes nos 10.000 m.
Mas, para ir bem nas duas
provas, Marilson muda o treinamento para cada uma delas.
Costuma correr 210 km por semana para treinar para a maratona. A distância cai para 170
km para as outras corridas.
"É difícil manter a regularidade nas três provas. Você perde para uma prova quando treina para outra", conta Marilson.
Seu técnico entende que é
possível se dedicar à maratona
pouco tempo depois do Pan.
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