São Paulo, quinta-feira, 25 de junho de 2009

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Denúncia de racismo marca semifinal em MG

Cruzeirense Elicarlos acusa gremista Maxi López

Cruzeiro 3
Grêmio 1

DA REPORTAGEM LOCAL

A partida de ida da semifinal da Taça Libertadores entre Cruzeiro e Grêmio, ontem à noite, no Mineirão, em Belo Horizonte, foi marcada por uma denúncia de racismo.
O volante cruzeirense Elicarlos acusou o atacante gremista Maxi López, nascido na Argentina, de chamá-lo de "macaco" durante o primeiro tempo da partida em que o clube mineiro venceu por 3 a 1, quebrando a invencibilidade do rival no nobre interclubes continental.
Elicarlos acionou a delegacia móvel, no estádio, e, por volta da 1h desta madrugada, policiais tentavam levar Maxi López para prestar depoimento, mas os gremistas relutavam em deixar o atleta sair do ônibus do clube. Dirigentes queriam que o argentino prestasse depoimento não em uma delegacia.
No Brasil, racismo é crime inafiançável e imprescritível.
Uma testemunha de Elicarlos é o seu companheiro de Cruzeiro Wagner. O meia interviu, empurrando Maxi López e discutindo com ele logo depois do momento em que o gremista teria chamado o volante, que é negro, de "macaco".
Com a vitória, o Cruzeiro está a um empate (ou até derrota por um gol de diferença) da decisão da Libertadores. A partida da volta acontecerá na próxima quinta-feira, no estádio Olímpico, em Porto Alegre. Os gaúchos precisarão de uma vitória por 2 a 0 ou por três ou mais gols de diferença para avançar à final -se fizerem 3 a 1, haverá decisão por pênaltis.
O duelo entre os bicampeões da América foi bastante intenso, pegado, como normalmente é um duelo decisivo da Libertadores. O árbitro chileno Enrique Osses teve trabalho para acalmar os ânimos. Maxi López e Wagner se agrediram. Kléber participou de lances ríspidos e levou pisão na mão. No segundo tempo, contundido, o juiz até deu lugar ao quarto árbitro.
Mesmo sem Ramires, na seleção, o Cruzeiro começou o jogo com velocidade e teve a primeira boa chance de abrir o placar quando, aos 7min, Jonathan recebeu livre na direita e chutou em cima de Marcelo Grohe, substituto de Victor, outro que está agora na seleção.
Porém o Grêmio teve seguidas chances para conseguir um precioso gol como visitante. Na melhor, o argentino Maxi López, que foi acusado pelo cruzeirense Elicarlos de chamá-lo de "macaco", aproveitou-se de saída errada do Cruzeiro e ficou na cara de Fábio. Ele olhou, escolheu o canto e chutou na trave. A bola saiu à direita do gol.
Souza, ex-são-paulino que é destaque da atual Libertadores, também quase venceu Fábio em belo chute de fora da área. Antes disso, Alex Mineiro havia desperdiçado lance na pequena área após uma furada incrível.
No final do primeiro tempo, depois de cruzamento da direita, Wellington Paulista cabeceou firme e inaugurou o marcador. Alívio para a torcida cruzeirense, que levou vários sustos no jogo. Mesmo sem fazer uma grande partida, o time do técnico Adilson Baptista foi para o vestiário com vantagem.
No início do segundo tempo, essa vantagem aumentou. Wagner arriscou chute, a bola desviou em Tcheco e enganou Marcelo Grohe. O placar de 2 a 0 já era melhor do que o obtido contra o São Paulo na partida de ida das quartas de final -o time do Morumbi ""comemorou" uma derrota por 2 a 1 e não conseguiu reverter em casa.
Mais calmo em campo, o Cruzeiro chegava com perigo em contra-ataques e encaminhou bem a classificação quando Fabinho, ex-Corinthians, cabeceou livre para fazer 3 a 0.
O Grêmio de Paulo Autuori, técnico bicampeão da Libertadores, que passou pelo Caracas nas quartas de final com dois empates, abateu-se e ameaçava pouco. Mas, em cobrança de falta, Souza fez, aos 35min, gol que dá esperança aos gaúchos.


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