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Desabafo
Na véspera do jogo com Portugal, um Dunga
emotivo se desculpa
com os torcedores pelos
palavrões proferidos
depois da última vitória
EDUARDO ARRUDA
MARTÍN FERNANDEZ
PAULO COBOS
SÉRGIO RANGEL
ENVIADOS ESPECIAIS A DURBAN
Dunga estava emotivo, cabisbaixo. Em sua entrevista
mais reveladora em quase
quatro anos de seleção, o técnico pediu desculpas.
Mas não à imprensa. Só ao
torcedor. Por seus palavrões
após o jogo contra a Costa do
Marfim durante conferência
com os jornalistas.
Dunga também falou de
seu pai, que sofre de mal de
Alzheimer, assunto que sempre evitou, e da mãe, professora de história. E mostrou
ter sentido as críticas que recebeu de parte da mídia.
Em nenhum momento,
porém, o treinador da seleção foi agressivo. Nem quando deu suas habituais alfinetadas nos repórteres.
E disse que falaria "uma
única vez" sobre os palavrões proferidos ao jornalista
da TV Globo Alex Escobar.
"Quero pedir desculpa ao
torcedor brasileiro pela minha atitude, a forma como
me comportei. O torcedor
não tem nada a ver com problemas pessoais meus", afirmou ele, referindo-se ao imbróglio com a emissora.
O técnico explodiu com
Escobar após saber que a
emissora negociara diretamente com Ricardo Teixeira
entrevistas exclusivas com
jogadores da seleção.
Nos dias seguintes ao episódio, o treinador ganhou
apoio popular, manifestado
em milhares de redes sociais
espalhadas na internet.
O desabafo final, e mais
dramático, de Dunga, ocorreu na pergunta final, quando ele foi questionado sobre
o problema de seu pai.
"Não é a primeira vez que
ele está nessa situação, desde que eu cheguei à seleção
brasileira. Há muito mais
tempo ele vem sofrendo e,
para mim, é só mais uma
oportunidade de eu demonstrar para o meu pai tudo o
que ele me ensinou", disse.
Logo em seguida, o treinador falou mais grosso.
"Homem para ser homem
tem de ter virtude, tem de ter
posição, tem de ter dignidade, tem que ter transparência, tem que saber pedir desculpa quando erra", disse.
Dunga lembrou também,
amargurado, de quando disse que sua mãe era professora de história. O técnico foi
ironizado quando afirmou
que não poderia dizer se a escravidão ou o apartheid foram ruins porque não havia
vivido nenhum deles.
"A outra [pessoa com
quem aprendi] é a minha
mãe, que talvez me deu o
maior exemplo. O que estão
fazendo com o filho dela não
é para fazer com ser humano.
Mas ela me ensinou a não largar nunca e levar até o final."
"E como fizeram chacota
quando falei que ela era professora de história, e a história que ela me demonstrou é
que a gente tem de dar amor
ao nosso país, nós temos de
ser patriotas, por mais que
muitos não gostem."
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