São Paulo, terça-feira, 25 de julho de 2000


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FUTEBOL
Seleção diz que direção são-paulina proibiu presença do público no CT; clube nega, e acesso acaba sendo liberado
CBF abre, fecha e abre portas para torcida

FÁBIO VICTOR E
RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL

Atordoada com o momento por que passa, a seleção brasileira protagonizou mais um mal-entendido na sua já atribulada relação com a torcida.
O time, que antecipou em dois dias sua chegada a São Paulo alegando querer entrar no clima da cidade para o jogo de amanhã contra a Argentina, programara, por isso, treinar com os portões abertos ao público.
Ontem, porém, com a notícia de que o estádio do Morumbi estaria vetado para o primeiro treino, transferido então para o CT do São Paulo, a CBF informou que os torcedores não poderiam acompanhar a atividade.
A entidade alegou que o São Paulo proibira a entrada dos torcedores no CT. A informação foi negada pela diretoria do São Paulo, criando um mal-estar generalizado nos momentos que antecederam o treino.
Tanto o supervisor José Teixeira quanto o diretor de futebol José Dias disseram que a restrição de acesso ao público ocorre apenas nos treinos do São Paulo e o clube não transferira a proibição à atividade da seleção.
Quando o time brasileiro chegou ao CT, por volta das 16h, um grupo de aproximadamente 300 torcedores, segundo a PM, aguardava do lado de fora.
Informados de que não poderiam entrar, os torcedores descarregavam a revolta no técnico Wanderley Luxemburgo.
"Não é mole, não. O Wanderley afundou a seleção" e "burro" eram os coros mais ouvidos, lembrando o clima que predominou nas duas semanas que o time treinou em Foz do Iguaçu (PR).
Vendo a situação, a comissão técnica da seleção consultou a PM e a administração do CT e autorizou a entrada do público.
"Vim para São Paulo para ter esse apoio, não fugiria do torcedor. Quando o treino foi transferido do Morumbi para o CT, o São Paulo disse que não abriria os portões", garantiu Luxemburgo.
Durante o coletivo, os torcedores apoiaram o time reserva, no qual atuavam os são-paulinos França, Edmílson e Belletti.
A equipe titular iniciou o treino novamente modificada. Guilherme foi escalado ao lado de Ronaldinho no ataque.
Depois, Alex substituiu o atacante do Atlético-MG, deslocando Rivaldo para o ataque. Embora Luxemburgo diga que só divulgará o time amanhã, essa formação, que já foi testada no treino de anteontem, é a mais provável.
Outras mudanças certas são a volta do zagueiro Antônio Carlos e do volante Emerson, que cumpriram suspensão no último jogo, nas vagas de Edmílson e César Sampaio, e o retorno de Vampeta, no lugar de Flávio Conceição.
Os problemas da seleção com a torcida nesta passagem por São Paulo começaram anteontem, na chegada da delegação ao aeroporto de Guarulhos.
A equipe nacional "driblou" o pequeno grupo de torcedores que aguarda no setor de desembarque, tomando o ônibus que a levou ao hotel diretamente na pista do aeroporto.
A atitude irritou os fãs.
Ontem, o meia-atacante Rivaldo mostrou que a política de afastar o time da torcida vem da cúpula da CBF. "Se fosse por nós, jogadores, a gente teria passado por lá (pelo saguão do aeroporto), não teria nenhum problema. Mas a gente não resolve nada, apenas cumpre as determinações."
"Não é por maldade com os torcedores, mas isso é definido por cargos superiores. Até peço desculpas àqueles que foram ao aeroporto", declarou Rivaldo.


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