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FUTEBOL
Aliado da CBF, clube diz ser contra torneio de pontos corridos em 2004
Com prejuízo, Corinthians
prega volta do mata-mata
FERNANDO MELLO
DO PAINEL FC
Principal aliado da CBF e xodó
da TV Globo, a maior patrocinadora do Brasileiro, o Corinthians
já tem posição fechada sobre a
inédita fórmula de turno e returno, pontos corridos. É contra.
Em uma incômoda nona posição e a 14 pontos do líder Cruzeiro, o clube mais popular do Estado vê o regulamento como o
grande responsável pelo "abandono" daquela que há pouco tempo era apontada como a mais fiel
das torcidas brasileiras.
"A fórmula é ruim. Acho que a
antiga é muito melhor. É melhor e
dá mais renda. Dá renda durante
o ano inteiro. Dizem que esse tem
oito meses. E daí? São oito meses
de canseira. Se chegar entre os líderes perto da final, vai ter renda.
O resto vai ficar sem fazer nada",
afirmou à Folha o presidente Alberto Dualib, no que é a primeira
investida do Corinthians contra o
atual modelo de competição.
A "fórmula antiga" a que se refere o dirigente é a do mata-mata,
em que o Corinthians conquistou
todos os seus três títulos nacionais (1990, 1998 e 1999) -com
uma fase classificatória, quartas-de-final, semifinal e decisão.
Para tentar provar que tem razão, o Corinthians recorre a seus
borderôs. No jogo contra o Guarani, sábado passado, pouco mais
de 5.000 testemunhas foram ao
Pacaembu. O resultado líquido do
jogo: cerca de R$ 1.000.
Contra o Coritiba, quando teve
que alugar o Morumbi porque o
estádio municipal foi usado para
um show de rock, há três semanas, o resultado foi ainda pior:
prejuízo de quase R$ 40 mil.
Segundo dados da CBF, até a 16ª
rodada, o segundo time mais popular do Brasil conseguiu ser apenas o nono clube que mais levou
fãs aos estádios, com pouco mais
de 11.055 presentes por partida.
O líder em público na competição nacional era o Fortaleza
(21.120), que voltou à elite do futebol nacional após dez anos.
Influência
Se pode parecer choro antecipado de perdedor, a exposição pública do Corinthians deve ter efeitos sobre os demais insatisfeitos.
Apesar de o Estatuto do Torcedor vetar a mudança do regulamento mesmo para o Nacional-2004, a avaliação do clube é que
seu "não" pode servir para pressionar a mudança da legislação no
Estatuto do Desporto.
Antes do Corinthians, apenas o
Vasco, de Eurico Miranda, havia
brandido a bandeira pela volta
imediata dos mata-matas.
Mas a diferença de peso entre as
duas declarações é clara. O ex-deputado perdeu poder de influência nas decisões do futebol, enquanto o Corinthians transita
com desenvoltura no centro de
poder da modalidade -é aliado
de Ricardo Teixeira (CBF), Fábio
Koff (Clube dos 13) e Marcelo
Campos Pinto (Globo Esportes).
A coincidência no discurso dos
dois cartolas está no fato de que o
brasileiro não está acostumado
com o sistema de pontos corridos.
"No Brasil, num campeonato
com 24 clubes, um ganha e 23 perdem. Não adianta dar vaga em
outros torneios. O brasileiro só
pensa em título", disse Miranda.
Os críticos dos pontos corridos
usam a queda na venda de ingressos do início do torneio até agora
como argumento de que o torcedor está desinteressado.
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