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São Paulo, sexta-feira, 25 de julho de 2003

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FUTEBOL

Aliado da CBF, clube diz ser contra torneio de pontos corridos em 2004

Com prejuízo, Corinthians prega volta do mata-mata

FERNANDO MELLO
DO PAINEL FC

Principal aliado da CBF e xodó da TV Globo, a maior patrocinadora do Brasileiro, o Corinthians já tem posição fechada sobre a inédita fórmula de turno e returno, pontos corridos. É contra.
Em uma incômoda nona posição e a 14 pontos do líder Cruzeiro, o clube mais popular do Estado vê o regulamento como o grande responsável pelo "abandono" daquela que há pouco tempo era apontada como a mais fiel das torcidas brasileiras.
"A fórmula é ruim. Acho que a antiga é muito melhor. É melhor e dá mais renda. Dá renda durante o ano inteiro. Dizem que esse tem oito meses. E daí? São oito meses de canseira. Se chegar entre os líderes perto da final, vai ter renda. O resto vai ficar sem fazer nada", afirmou à Folha o presidente Alberto Dualib, no que é a primeira investida do Corinthians contra o atual modelo de competição.
A "fórmula antiga" a que se refere o dirigente é a do mata-mata, em que o Corinthians conquistou todos os seus três títulos nacionais (1990, 1998 e 1999) -com uma fase classificatória, quartas-de-final, semifinal e decisão.
Para tentar provar que tem razão, o Corinthians recorre a seus borderôs. No jogo contra o Guarani, sábado passado, pouco mais de 5.000 testemunhas foram ao Pacaembu. O resultado líquido do jogo: cerca de R$ 1.000.
Contra o Coritiba, quando teve que alugar o Morumbi porque o estádio municipal foi usado para um show de rock, há três semanas, o resultado foi ainda pior: prejuízo de quase R$ 40 mil.
Segundo dados da CBF, até a 16ª rodada, o segundo time mais popular do Brasil conseguiu ser apenas o nono clube que mais levou fãs aos estádios, com pouco mais de 11.055 presentes por partida.
O líder em público na competição nacional era o Fortaleza (21.120), que voltou à elite do futebol nacional após dez anos.

Influência
Se pode parecer choro antecipado de perdedor, a exposição pública do Corinthians deve ter efeitos sobre os demais insatisfeitos.
Apesar de o Estatuto do Torcedor vetar a mudança do regulamento mesmo para o Nacional-2004, a avaliação do clube é que seu "não" pode servir para pressionar a mudança da legislação no Estatuto do Desporto.
Antes do Corinthians, apenas o Vasco, de Eurico Miranda, havia brandido a bandeira pela volta imediata dos mata-matas.
Mas a diferença de peso entre as duas declarações é clara. O ex-deputado perdeu poder de influência nas decisões do futebol, enquanto o Corinthians transita com desenvoltura no centro de poder da modalidade -é aliado de Ricardo Teixeira (CBF), Fábio Koff (Clube dos 13) e Marcelo Campos Pinto (Globo Esportes).
A coincidência no discurso dos dois cartolas está no fato de que o brasileiro não está acostumado com o sistema de pontos corridos. "No Brasil, num campeonato com 24 clubes, um ganha e 23 perdem. Não adianta dar vaga em outros torneios. O brasileiro só pensa em título", disse Miranda.
Os críticos dos pontos corridos usam a queda na venda de ingressos do início do torneio até agora como argumento de que o torcedor está desinteressado.


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