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Decisão faz natação recuar dez anos
Esporte estabelece o "têxtil" como material de fabricação e determina limites de cobertura para os maiôs no próximo ano
Com a nova regra, festejada
pelos americanos, até o hoje
ultrapassado fast skin de
Thorpe, sensação dos Jogos
de Sydney-2000, é ilegal
MARIANA LAJOLO
DA REPORTAGEM LOCAL
Após mais de cem recordes
mundiais em 2008, uma confusão de testes e idas e vindas de
regras, a Fina (Federação Internacional de Natação) decidiu pela volta ao passado.
O Congresso Técnico da entidade aprovou ontem a proposta dos EUA para controlar os
polêmicos trajes tecnológicos.
Em 2010, o poliuretano, material da moda dos maiôs "high--tech", está proibido. Os trajes
devem ser de "têxtil", mas o termo ainda não foi definido.
Além disso, foram determinados os limites das peças. Para
os homens, não devem ultrapassar a cintura e os joelhos. Os
maiôs femininos podem cobrir
dos ombros aos joelhos.
As novas determinações tornam ilegal até mesmo o já ultrapassado fast skin, sensação
dos Jogos de Sydney-2000.
Naquela ocasião, o australiano Ian Thorpe usou traje que
cobria do punho ao tornozelo.
"O mais importante é a determinação de uso apenas do
têxtil", disse o comandante da
seleção norte-americana de natação, Mark Schubert. "Acho
que mandamos uma forte mensagem sobre como pensamos
que o maiô deve ser."
Mas, como as regras só entram em vigor no ano que vem,
o Mundial de Roma, que começa amanhã, é o primeiro e último grande evento em que as
atenções estarão voltadas para
qual maiô irá catapultar mais
performances e estabelecer
mais recordes mundiais.
A polêmica começou no ano
passado, com a avalanche de recordes mundiais. A conqueluche era o LZR Racer, da Speedo,
que vestiu a maior parte dos nadadores nos Jogos de Pequim-
-2008. Antes dele, os maiôs
eram de tecidos menos tecnológicos e influenciavam menos
na performance do atleta.
Iniciou-se a discussão sobre
o acesso ao traje. Ao custo de
mais de US$ 500, não cabia em
todos os bolsos. Com contratos
de patrocínio e produção limitada, não chegava nem a todos
que podiam pagar. Na Olimpíada chinesa, atletas ficaram horas em filas para obter a peça.
Patrocinadores e nadadores
tiveram de romper acordos de
exclusividade -de forma amigável ou não. Sem o maiô da
Speedo, atletas acreditavam
que ficariam para trás dos rivais. Em Roma, muitas empresas liberaram seus patrocinados para usar trajes de outras
marcas -vale mais ter seu patrocinado no alto do pódio.
"Nessa nova "geração do
maiô", temos de lidar com a importância dos trajes. Estou tentando focar minha atenção
mais nos atletas, em suas performances. Todos têm acesso à
tecnologia, então o maiô vai
ajudar todo mundo", diz Brett
Hawke, técnico de César Cielo
e do recordista mundial dos
50 m livre, Fred Bousquet.
O francês foi um dos que deram holofotes ao Jaked, da nova geração de trajes que auxiliam a flutuabilidade. Cielo, que
tem contrato com a Arena, pode usar modelo semelhante.
Ele é a principal esperança
do país para interromper um
jejum de 27 anos sem uma medalha de ouro em Mundiais.
O Brasil foi ao pódio pela última vez em Roma-1994, quando
Gustavo Borges usou sunga no
bronze nos 100 m livre. O campeão, o russo Alexander Popov,
nadava até sem touca.
"Os maiôs mudaram nossa
mente", afirmou Dara Torres,
42, dos EUA, ouro em Los Angeles-1984 com o velho maiô
"de praia" e prata em Pequim-
-2008 com o tecnológico LZR.
Os velhos tempos voltam em
2010. Amanhã, começa a corrida daqueles que buscam os últimos louros da geração o maiô.
NA TV - Mundial de natação
Sportv, ao vivo, às 4h de amanhã
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