São Paulo, sábado, 25 de julho de 2009

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Decisão faz natação recuar dez anos

Esporte estabelece o "têxtil" como material de fabricação e determina limites de cobertura para os maiôs no próximo ano

Com a nova regra, festejada pelos americanos, até o hoje ultrapassado fast skin de Thorpe, sensação dos Jogos de Sydney-2000, é ilegal

MARIANA LAJOLO
DA REPORTAGEM LOCAL

Após mais de cem recordes mundiais em 2008, uma confusão de testes e idas e vindas de regras, a Fina (Federação Internacional de Natação) decidiu pela volta ao passado.
O Congresso Técnico da entidade aprovou ontem a proposta dos EUA para controlar os polêmicos trajes tecnológicos.
Em 2010, o poliuretano, material da moda dos maiôs "high--tech", está proibido. Os trajes devem ser de "têxtil", mas o termo ainda não foi definido.
Além disso, foram determinados os limites das peças. Para os homens, não devem ultrapassar a cintura e os joelhos. Os maiôs femininos podem cobrir dos ombros aos joelhos.
As novas determinações tornam ilegal até mesmo o já ultrapassado fast skin, sensação dos Jogos de Sydney-2000.
Naquela ocasião, o australiano Ian Thorpe usou traje que cobria do punho ao tornozelo.
"O mais importante é a determinação de uso apenas do têxtil", disse o comandante da seleção norte-americana de natação, Mark Schubert. "Acho que mandamos uma forte mensagem sobre como pensamos que o maiô deve ser."
Mas, como as regras só entram em vigor no ano que vem, o Mundial de Roma, que começa amanhã, é o primeiro e último grande evento em que as atenções estarão voltadas para qual maiô irá catapultar mais performances e estabelecer mais recordes mundiais.
A polêmica começou no ano passado, com a avalanche de recordes mundiais. A conqueluche era o LZR Racer, da Speedo, que vestiu a maior parte dos nadadores nos Jogos de Pequim- -2008. Antes dele, os maiôs eram de tecidos menos tecnológicos e influenciavam menos na performance do atleta.
Iniciou-se a discussão sobre o acesso ao traje. Ao custo de mais de US$ 500, não cabia em todos os bolsos. Com contratos de patrocínio e produção limitada, não chegava nem a todos que podiam pagar. Na Olimpíada chinesa, atletas ficaram horas em filas para obter a peça.
Patrocinadores e nadadores tiveram de romper acordos de exclusividade -de forma amigável ou não. Sem o maiô da Speedo, atletas acreditavam que ficariam para trás dos rivais. Em Roma, muitas empresas liberaram seus patrocinados para usar trajes de outras marcas -vale mais ter seu patrocinado no alto do pódio.
"Nessa nova "geração do maiô", temos de lidar com a importância dos trajes. Estou tentando focar minha atenção mais nos atletas, em suas performances. Todos têm acesso à tecnologia, então o maiô vai ajudar todo mundo", diz Brett Hawke, técnico de César Cielo e do recordista mundial dos 50 m livre, Fred Bousquet.
O francês foi um dos que deram holofotes ao Jaked, da nova geração de trajes que auxiliam a flutuabilidade. Cielo, que tem contrato com a Arena, pode usar modelo semelhante.
Ele é a principal esperança do país para interromper um jejum de 27 anos sem uma medalha de ouro em Mundiais.
O Brasil foi ao pódio pela última vez em Roma-1994, quando Gustavo Borges usou sunga no bronze nos 100 m livre. O campeão, o russo Alexander Popov, nadava até sem touca.
"Os maiôs mudaram nossa mente", afirmou Dara Torres, 42, dos EUA, ouro em Los Angeles-1984 com o velho maiô "de praia" e prata em Pequim- -2008 com o tecnológico LZR.
Os velhos tempos voltam em 2010. Amanhã, começa a corrida daqueles que buscam os últimos louros da geração o maiô.


NA TV - Mundial de natação
Sportv, ao vivo, às 4h de amanhã




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