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São Paulo, segunda-feira, 25 de agosto de 2003

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VÔLEI

O retorno

CIDA SANTOS
COLUNISTA DA FOLHA

Foi uma choradeira. Quando Ana Moser, assistente técnica da seleção brasileira, acabou de ler a carta, a emoção entre as atletas era geral. Quer saber quem foi a autora do texto? Resposta: Fernanda Venturini. Depois de cinco anos longe da seleção, a levantadora voltou disposta a conquistar o ouro olímpico.
Na carta, Fernanda pede às jogadoras para que formem um grupo com solidariedade, companheirismo, lealdade e, acima de tudo, sinceridade. Usa os verbos compartilhar, dar e doar como lemas. Diz que todas têm de deixar a vaidade e o egoísmo em casa.
A levantadora também explica os motivos de seu retorno. Fala que, quando Cuba contava com uma grande seleção, o Brasil não tinha chances de conquistar o ouro olímpico. Mas ela lembra que o cenário internacional mudou. O time cubano passa agora por uma fase de renovação.
"Eu não esperava mais voltar. Se estou voltando, é porque existe uma grande chance de conquistar o ouro", diz Fernanda. E ela tem razão. A Itália, atual campeã mundial, Estados Unidos, vice-campeões, Rússia e China formam hoje a elite do vôlei e são seleções que podem ser vencidas pelo Brasil.
O primeiro passo rumo aos Jogos de Atenas é o Sul-Americano, a partir de 4 de setembro, na Colômbia. O campeão se classifica para a Copa do Mundo, em novembro no Japão, que vale três vagas para a Olimpíada. No Sul-Americano, a previsão é de um torneio moleza. O desafio mesmo começa no Japão.
Na carta, Fernanda lembra que não vai ser fácil ficar vinte dias em terras japonesas, longe da família e da filha Júlia. Mas que ela está disposta a enfrentar tudo isso e pede para que cada uma das jogadoras também dê o máximo nos treinos e nos jogos.
O certo é que a carta de Fernanda dá uma grande força para unir mais o grupo.
A tendência também é que jogadoras como Érika, Walewska, Fofão e Elisângela, que estavam fora da seleção durante o período comandado por Marco Aurélio por divergências com o técnico, tenham voltado ao time com disposição redobrada.
Qualidade técnica é o que não falta para a seleção. Com as atuais atletas e o reforço de Leila na saída de rede, já na Copa do Mundo, fica um grande time.
Mas a própria história mostra que só talento, técnica e tática não resolvem. O Brasil já perdeu muitos títulos por brigas e desunião na equipe.
Por isso é animadora a postura das jogadoras. Pelo que parece, elas estão mesmo empenhadas em conquistar o título olímpico. Para algumas, como Virna, Fernanda e Fofão, é a última chance. Para outras, como Érika e Walewska, é a oportunidade de provar que fazem falta à seleção.
E quando o grupo se une e decide cumprir uma meta já é meio caminho andado. Mais uma vantagem: o time tem menos de um ano para se preparar para a Olimpíada. Tempo suficiente para armar bem a equipe e, por não ser um período longo, é menor a possibilidade de um desgaste nos relacionamentos.

Mundial juvenil
A seleção brasileira masculina enfrenta hoje a Tunísia na última rodada da fase de classificação do Mundial juvenil, no Irã. Sábado, na estréia, o Brasil derrotou a Polônia por 3 sets a 0. Ontem, a vitória foi sobre o Canadá (3 a 1). Com mais um triunfo hoje, o time assegura o primeiro lugar do grupo C e já se classifica para as quartas-de-final.

Os favoritos
A seleção brasileira, com média de 1,98 m de altura, é a atual campeã mundial juvenil. Dos 12 jogadores, seis foram campeões mundiais infanto-juvenis em 2001, no Egito. Entre os destaques estão os atacantes Samuel Fuchs, do Minas, e o gigante Wallace, de 2,05 m, da Unisul. Além do Brasil, os outros favoritos ao título são Rússia, Bulgária, Alemanha e Sérvia e Montenegro.

E-mail cidasan@uol.com.br


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