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VÔLEI
O retorno
CIDA SANTOS
COLUNISTA DA FOLHA
Foi uma choradeira. Quando
Ana Moser, assistente técnica
da seleção brasileira, acabou de
ler a carta, a emoção entre as atletas era geral. Quer saber quem foi
a autora do texto? Resposta: Fernanda Venturini. Depois de cinco
anos longe da seleção, a levantadora voltou disposta a conquistar
o ouro olímpico.
Na carta, Fernanda pede às jogadoras para que formem um
grupo com solidariedade, companheirismo, lealdade e, acima de
tudo, sinceridade. Usa os verbos
compartilhar, dar e doar como lemas. Diz que todas têm de deixar
a vaidade e o egoísmo em casa.
A levantadora também explica
os motivos de seu retorno. Fala
que, quando Cuba contava com
uma grande seleção, o Brasil não
tinha chances de conquistar o ouro olímpico. Mas ela lembra que o
cenário internacional mudou. O
time cubano passa agora por uma
fase de renovação.
"Eu não esperava mais voltar.
Se estou voltando, é porque existe
uma grande chance de conquistar
o ouro", diz Fernanda. E ela tem
razão. A Itália, atual campeã
mundial, Estados Unidos, vice-campeões, Rússia e China formam hoje a elite do vôlei e são seleções que podem ser vencidas pelo Brasil.
O primeiro passo rumo aos Jogos de Atenas é o Sul-Americano,
a partir de 4 de setembro, na Colômbia. O campeão se classifica
para a Copa do Mundo, em novembro no Japão, que vale três
vagas para a Olimpíada. No Sul-Americano, a previsão é de um
torneio moleza. O desafio mesmo
começa no Japão.
Na carta, Fernanda lembra que
não vai ser fácil ficar vinte dias
em terras japonesas, longe da família e da filha Júlia. Mas que ela
está disposta a enfrentar tudo isso
e pede para que cada uma das jogadoras também dê o máximo
nos treinos e nos jogos.
O certo é que a carta de Fernanda dá uma grande força para
unir mais o grupo.
A tendência também é que jogadoras como Érika, Walewska,
Fofão e Elisângela, que estavam
fora da seleção durante o período
comandado por Marco Aurélio
por divergências com o técnico,
tenham voltado ao time com disposição redobrada.
Qualidade técnica é o que não
falta para a seleção. Com as
atuais atletas e o reforço de Leila
na saída de rede, já na Copa do
Mundo, fica um grande time.
Mas a própria história mostra
que só talento, técnica e tática
não resolvem. O Brasil já perdeu
muitos títulos por brigas e desunião na equipe.
Por isso é animadora a postura
das jogadoras. Pelo que parece,
elas estão mesmo empenhadas
em conquistar o título olímpico.
Para algumas, como Virna, Fernanda e Fofão, é a última chance.
Para outras, como Érika e Walewska, é a oportunidade de provar que fazem falta à seleção.
E quando o grupo se une e decide cumprir uma meta já é meio
caminho andado. Mais uma vantagem: o time tem menos de um
ano para se preparar para a
Olimpíada. Tempo suficiente para armar bem a equipe e, por não
ser um período longo, é menor a
possibilidade de um desgaste nos
relacionamentos.
Mundial juvenil
A seleção brasileira masculina enfrenta hoje a Tunísia na última rodada da fase de classificação do Mundial juvenil, no Irã. Sábado, na
estréia, o Brasil derrotou a Polônia por 3 sets a 0. Ontem, a vitória foi
sobre o Canadá (3 a 1). Com mais um triunfo hoje, o time assegura o
primeiro lugar do grupo C e já se classifica para as quartas-de-final.
Os favoritos
A seleção brasileira, com média de 1,98 m de altura, é a atual campeã
mundial juvenil. Dos 12 jogadores, seis foram campeões mundiais
infanto-juvenis em 2001, no Egito. Entre os destaques estão os atacantes Samuel Fuchs, do Minas, e o gigante Wallace, de 2,05 m, da
Unisul. Além do Brasil, os outros favoritos ao título são Rússia, Bulgária, Alemanha e Sérvia e Montenegro.
E-mail cidasan@uol.com.br
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