|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Solução pacífica
China, Japão, Austrália e Coréia do Sul tiram eixo do esporte do Atlântico
DA REPORTAGEM LOCAL
DO ENVIADO A ATENAS
A maratona feminina começou
à 0h de anteontem no Japão, mas
isso não foi suficiente para desanimar 20 milhões de pessoas a
acompanhar a prova pela TV.
Foram recompensadas pela vitória de Mizuki Noguchi, que
manteve no país o ouro da prova
mesmo após a campeã de Sydney,
Naoko Takahashi, não ter obtido
vaga em Atenas. "Tínhamos três
corredoras tão competitivas que
Takahashi não conseguiu entrar
no time", gabou-se o presidente
do comitê olímpico japonês, Tsunekazu Takeda.
Não foi só na maratona que os
japoneses impressionaram em
Atenas, mas também no judô e na
natação. Aliás, não foram só os japoneses que impressionaram em
Atenas, mas também as outras
três potências do Pacífico.
Cada qual com sua própria história de surpresa: a China no tênis, a Coréia do Sul na ginástica e a
Austrália no beisebol.
Tudo somado, o quarteto garantiu ontem um recorde em Atenas. Somaram 59 ouros, dois a
mais do que em Sydney, e demarcaram o novo patamar da região
na geopolítica do esporte. Nestes
Jogos, o bloco do Pacífico caminha para tomar o lugar dos europeus e se transformar no maior
concorrente dos EUA.
Dessa forma, uma Olimpíada
pode terminar pela primeira vez
sem um europeu entre os quatro
melhores no quadro de premiações -os EUA lideram seguidos
por China, Japão e Austrália.
Todos têm motivos para comemorar. A Austrália já tem 14 ouros. Antes, só havia superado a
marca da uma dezena quando havia abrigado os Jogos (em 1956 e
2000). Com mais dois triunfos,
igualará o resultado de Sydney.
O Japão precisa de apenas mais
um lugar no topo do pódio para
igualar seu recorde -também
obtido em casa (Tóquio-64).
A China chegou à Grécia com
previsão de ganhar 20 provas. Já
superou essa marca (ganhou 24) e
precisa de apenas mais quatro para igualar a performance de 2000.
Faz 16 anos que a Coréia do Sul
hospedou a Olimpíada, mas o "efeito-sede", que turbina os
pódios, continua. Já
são 21 em Atenas
(seis de ouro). Até a
década de 70, esse tigre asiático somava
apenas 19 medalhas.
O salto do Pacífico
se dá por várias modalidades. Ontem, a
Austrália garantiu
lugar na decisão do
beisebol ao vencer o poderoso Japão. Até hoje, a decisão da modalidade era monopolizada por
americanos, cubanos e japoneses.
Os australianos creditam o sucesso à decepção em Sydney, onde
não conseguiram medalha no esporte. "No dia seguinte aos Jogos,
colocamos em ação um plano para ganhar o ouro em Atenas", diz
Jon Deeble, técnico do time.
Outro esporte que rendeu frutos aos australianos foi o ciclismo:
quatro ouros, duas pratas e um
bronze, contra um ouro em 2000.
A China apavorou no tênis e parou até a badalada Venus Williams -Ting Li e Tian Tian Sun,
que deram ao seu país a primeira
medalha de ouro no tênis. Aliás, é
das mulheres que vem a força chinesa: o país lidera com folga o
quadro feminino dos Jogos, 14
ouros, 5 a mais do que os EUA.
O Japão teve o melhor desempenho de sua história no judô,
com 8 ouros. Nenhum outro país
ganhou mais de um ouro no esporte. E a Coréia do Sul brilhou na
ginástica masculina ao levar prata
e bronze no individual geral e perder o ouro por um erro do júri.
O bloco dos grandes do Pacífico
não economiza para formar suas
delegações olímpicas. Em Atenas,
os quatro países contam com
mais de mil atletas, ou quase 10%
de todos os inscritos.
(PAULO COBOS E ROBERTO DIAS)
Texto Anterior: Programação da TV Próximo Texto: Atrás de aproximação, China leva campeões a Hong Kong Índice
|