São Paulo, quarta-feira, 25 de agosto de 2004

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Solução pacífica

China, Japão, Austrália e Coréia do Sul tiram eixo do esporte do Atlântico

DA REPORTAGEM LOCAL
DO ENVIADO A ATENAS

A maratona feminina começou à 0h de anteontem no Japão, mas isso não foi suficiente para desanimar 20 milhões de pessoas a acompanhar a prova pela TV.
Foram recompensadas pela vitória de Mizuki Noguchi, que manteve no país o ouro da prova mesmo após a campeã de Sydney, Naoko Takahashi, não ter obtido vaga em Atenas. "Tínhamos três corredoras tão competitivas que Takahashi não conseguiu entrar no time", gabou-se o presidente do comitê olímpico japonês, Tsunekazu Takeda.
Não foi só na maratona que os japoneses impressionaram em Atenas, mas também no judô e na natação. Aliás, não foram só os japoneses que impressionaram em Atenas, mas também as outras três potências do Pacífico.
Cada qual com sua própria história de surpresa: a China no tênis, a Coréia do Sul na ginástica e a Austrália no beisebol.
Tudo somado, o quarteto garantiu ontem um recorde em Atenas. Somaram 59 ouros, dois a mais do que em Sydney, e demarcaram o novo patamar da região na geopolítica do esporte. Nestes Jogos, o bloco do Pacífico caminha para tomar o lugar dos europeus e se transformar no maior concorrente dos EUA.
Dessa forma, uma Olimpíada pode terminar pela primeira vez sem um europeu entre os quatro melhores no quadro de premiações -os EUA lideram seguidos por China, Japão e Austrália.
Todos têm motivos para comemorar. A Austrália já tem 14 ouros. Antes, só havia superado a marca da uma dezena quando havia abrigado os Jogos (em 1956 e 2000). Com mais dois triunfos, igualará o resultado de Sydney.
O Japão precisa de apenas mais um lugar no topo do pódio para igualar seu recorde -também obtido em casa (Tóquio-64).
A China chegou à Grécia com previsão de ganhar 20 provas. Já superou essa marca (ganhou 24) e precisa de apenas mais quatro para igualar a performance de 2000.
Faz 16 anos que a Coréia do Sul hospedou a Olimpíada, mas o "efeito-sede", que turbina os pódios, continua. Já são 21 em Atenas (seis de ouro). Até a década de 70, esse tigre asiático somava apenas 19 medalhas.
O salto do Pacífico se dá por várias modalidades. Ontem, a Austrália garantiu lugar na decisão do beisebol ao vencer o poderoso Japão. Até hoje, a decisão da modalidade era monopolizada por americanos, cubanos e japoneses. Os australianos creditam o sucesso à decepção em Sydney, onde não conseguiram medalha no esporte. "No dia seguinte aos Jogos, colocamos em ação um plano para ganhar o ouro em Atenas", diz Jon Deeble, técnico do time.
Outro esporte que rendeu frutos aos australianos foi o ciclismo: quatro ouros, duas pratas e um bronze, contra um ouro em 2000.
A China apavorou no tênis e parou até a badalada Venus Williams -Ting Li e Tian Tian Sun, que deram ao seu país a primeira medalha de ouro no tênis. Aliás, é das mulheres que vem a força chinesa: o país lidera com folga o quadro feminino dos Jogos, 14 ouros, 5 a mais do que os EUA.
O Japão teve o melhor desempenho de sua história no judô, com 8 ouros. Nenhum outro país ganhou mais de um ouro no esporte. E a Coréia do Sul brilhou na ginástica masculina ao levar prata e bronze no individual geral e perder o ouro por um erro do júri.
O bloco dos grandes do Pacífico não economiza para formar suas delegações olímpicas. Em Atenas, os quatro países contam com mais de mil atletas, ou quase 10% de todos os inscritos. (PAULO COBOS E ROBERTO DIAS)


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