São Paulo, segunda-feira, 25 de agosto de 2008

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JOSÉ GERALDO COUTO

Descida do Olimpo


Depois da overdose olímpica, o Brasileirão esquenta, com um novo vice-líder e mudanças na zona de degola

ASSENTADA a poeira da prata, do bronze e do escasso ouro, voltamos a viver o futebol nosso de cada dia. O Botafogo foi vice-líder por alguns minutos, algo em que talvez nem os próprios torcedores da estrela solitária apostassem dez dias atrás. O gol que cedeu ao Vasco acabou jogando o Palmeiras para cima. A rodada do Brasileirão foi muito boa para os paulistas, com exceção da Lusa, perigosamente rebaixável. O Santos, ainda com a ajuda de aparelhos, respira. O Palmeiras avança. Parece estar encontrando um novo "modus operandi" após a saída de Valdivia. E o São Paulo mostrou força ao buscar o empate duas vezes em Curitiba, onde Keirrison fez um dos gols mais bonitos do dia, encobrindo Rogério Ceni com um toque preciso. O tricolor ainda está na briga, embora nem os próprios torcedores são-paulinos pareçam acreditar (vários me escreveram entregando os pontos e "adiando para outro século a felicidade coletiva"). Na reedição da "Batalha dos Aflitos", em Recife, o Grêmio perdeu a chance de se distanciar na liderança e se tornar quase inalcançável, mas a conquista do empate nos acréscimos foi coisa de campeão.

Beira-Rio
Já o Internacional continua exibindo uma grande instabilidade, o que torna impossível prever até onde poderá chegar na tabela. Ontem, contra o Flamengo no Beira-Rio, o Colorado foi um time no primeiro tempo e outro no segundo. Ou talvez seja melhor dizer: foi um time com Alex e outro sem ele. Jogador inspirado e inteligente, Alex é quem articula as melhores jogadas ofensivas do Inter, formando dupla infernal com Nilmar. Enquanto ele esteve em campo, o time sufocou o Flamengo e teve muito mais chances de gol que o adversário, incluindo um pênalti claro de Bruno em Nilmar, não marcado pelo juiz. No segundo tempo, o Flamengo reagiu, o futebol de Juan e de Ibson apareceu, e o Inter por pouco não amargou uma derrota em casa. Foi um belo jogo, com vários gols perdidos. Só mais uma coisa: esse D'Alessandro sabe jogar bola, mas consegue ser mais chato e nervosinho que o Marcelinho Carioca, o Edmundo e o Petkovic juntos.

Fiasco relativo
Em vista do tamanho do país, do dinheiro investido, do número de atletas participantes e do auê midiático geral, o desempenho brasileiro na China foi pífio. Ficar atrás da Etiópia, do Quênia e de Belarus no quadro de medalhas é um tanto constrangedor. Mas, olhando bem, a precariedade não é só brasileira. É continental. O Brasil, em 23º lugar, foi o país latino-americano que se saiu melhor. A outrora poderosa Cuba ficou na 28ª colocação, a Argentina, na 34ª, e o México, na 36ª. Na geopolítica olímpica, a América Latina está pior do que a África. Isso deve significar alguma coisa. Outro dado interessante, que talvez transcenda a mera coincidência, foi o desempenho relativamente melhor das brasileiras do que dos brasileiros nos Jogos. O fiasco em Pequim foi mais masculino do que feminino.

jgcouto@uol.com.br


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