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BRASIL
Brasil piora na tabela, e COB aponta sucesso qualitativo
Em Pequim, país desce 7 postos em relação a Atenas-04 e fica em 23º
Esporte olímpico recebeu
R$ 1,2 bilhão no ciclo olímpico, mas Nuzman diz ser preciso mais recursos para uma evolução maior
EDUARDO OHATA
ENVIADO ESPECIAL A PEQUIM
Foi com uma queda de rendimento em relação a Atenas que
o Brasil encerrou sua participação nos Jogos de Pequim. Deixa
a China no 23º lugar, sete posições abaixo daquela registrada
na Grécia, e com três ouros,
dois a menos do que em 2004.
Só superou os Jogos anteriores em total de pódios, 15 contra 10. Em seu ranking não-oficial, o COI utiliza o número de
ouros para posicionar os países.
A campanha em Pequim
iguala em total de medalhas e
ouros a de Atlanta-96, um ano
após Carlos Arthur Nuzman assumir a presidência do COB.
Na época, ele prometeu transformar o Brasil em potência
olímpica em oito anos.
""O comitê não faz previsões
de medalhas, então, eu não tenho o que dizer sobre número
de medalhas. Nos preocupamos com a evolução qualitativa", desconversou Nuzman.
Apontou marcas históricas
alcançadas pelo Brasil para argumentar que essa foi a melhor
campanha do país em Jogos.
Pelo levantamento do COB, foram 38 finais, contra 30 em
Atenas e 22 em Sydney-2000.
Foi o avanço visto pelo comitê
no primeiro ciclo olímpico em
que o país teve apoio estatal do
começo ao fim da preparação
para os Jogos.
Foi direcionado ao esporte
de alto rendimento durante esse período, somente dos cofres
do governo federal, um valor de
cerca de R$ 1,2 bilhão, somados
verba de Lei Piva, lei de incentivo fiscal, patrocínios estatais e
programa Bolsa-Atleta.
Foi, por exemplo, um dos
poucos países que tinha uma
base em Pequim: a "Casa Brasil", financiada em sua maior
parte pela União. Seu objetivo
era promover a candidatura a
sede olímpica Rio-2016.
Sem detalhar seu número, o
COB diz que foram R$ 160 milhões dados pelo governo para
os Jogos. O dinheiro do Bolsa-Atleta, dirigido a desportistas
de nível olímpico, não é incluído nessa conta, já que ""não foi o
Comitê que indicou os beneficiados". De novo, Nuzman pediu mais recursos para melhorar o desempenho.
""Acho que qualquer comitê
olímpico do mundo diria o
mesmo. Até aqueles no topo da
tabela", argumentou o cartola.
Fonte até agora pouco explorada no esporte amador, praticamente inexistente no financiamento do Pan do Rio, a iniciativa privada foi mencionada
pelo dirigente pela sua ""amplitude de possibilidades".
Sempre evitando comparações sobre medalhas, o cartola
viu destaques bons para ""consumo interno", mas que passaram despercebidos pela imprensa internacional. Lembrou
da primeira final por equipe na
ginástica artística feminina e as
primeiras medalhas individuais feminina -foram três.
O ouro de Maurren Maggi no
salto em distância foi citado,
bem como o bronze de Natália
Falavigna, no taekwondo, único esporte em que o Brasil estreou no pódio em Pequim-08.
O COB ainda usou a geopolítica do esporte -com a queda
ou a ascensão de países- para
justificar o desempenho do
Brasil e vê-lo positivamente.
""Ficamos à frente de Cuba
[na classificação]. É um mito
que cai", disse Nuzman, que
não lembrou o fato de o país caribenho ter tido queda acentuada de rendimento. ""Países
da antiga URSS vêm ocupando
espaços, como Uzbequistão,
Tadjisquistão e Cazaquistão."
Os EUA, que viram a China
substituí-los no topo da classificação, e a Austrália, que deixou de ocupar o seleto grupo
dos top 5 olímpicos, foram citados como exemplo de vítimas
da dinâmica da geopolítica.
""Já começamos a pensar no
próximo ciclo olímpico. Ao voltar ao Brasil, vamos discutir se
mantemos o formato atual na
distribuição da verba da Lei Piva [via percentuais para cada
confederação], ou se haverá
mudanças. A verba pode ser liberada mediante apresentação
de projetos", disse Nuzman.
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