São Paulo, segunda-feira, 25 de agosto de 2008

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BRASIL

Brasil piora na tabela, e COB aponta sucesso qualitativo

Em Pequim, país desce 7 postos em relação a Atenas-04 e fica em 23º

Esporte olímpico recebeu R$ 1,2 bilhão no ciclo olímpico, mas Nuzman diz ser preciso mais recursos para uma evolução maior

EDUARDO OHATA
ENVIADO ESPECIAL A PEQUIM

Foi com uma queda de rendimento em relação a Atenas que o Brasil encerrou sua participação nos Jogos de Pequim. Deixa a China no 23º lugar, sete posições abaixo daquela registrada na Grécia, e com três ouros, dois a menos do que em 2004.
Só superou os Jogos anteriores em total de pódios, 15 contra 10. Em seu ranking não-oficial, o COI utiliza o número de ouros para posicionar os países.
A campanha em Pequim iguala em total de medalhas e ouros a de Atlanta-96, um ano após Carlos Arthur Nuzman assumir a presidência do COB. Na época, ele prometeu transformar o Brasil em potência olímpica em oito anos.
""O comitê não faz previsões de medalhas, então, eu não tenho o que dizer sobre número de medalhas. Nos preocupamos com a evolução qualitativa", desconversou Nuzman.
Apontou marcas históricas alcançadas pelo Brasil para argumentar que essa foi a melhor campanha do país em Jogos. Pelo levantamento do COB, foram 38 finais, contra 30 em Atenas e 22 em Sydney-2000. Foi o avanço visto pelo comitê no primeiro ciclo olímpico em que o país teve apoio estatal do começo ao fim da preparação para os Jogos.
Foi direcionado ao esporte de alto rendimento durante esse período, somente dos cofres do governo federal, um valor de cerca de R$ 1,2 bilhão, somados verba de Lei Piva, lei de incentivo fiscal, patrocínios estatais e programa Bolsa-Atleta.
Foi, por exemplo, um dos poucos países que tinha uma base em Pequim: a "Casa Brasil", financiada em sua maior parte pela União. Seu objetivo era promover a candidatura a sede olímpica Rio-2016.
Sem detalhar seu número, o COB diz que foram R$ 160 milhões dados pelo governo para os Jogos. O dinheiro do Bolsa-Atleta, dirigido a desportistas de nível olímpico, não é incluído nessa conta, já que ""não foi o Comitê que indicou os beneficiados". De novo, Nuzman pediu mais recursos para melhorar o desempenho.
""Acho que qualquer comitê olímpico do mundo diria o mesmo. Até aqueles no topo da tabela", argumentou o cartola.
Fonte até agora pouco explorada no esporte amador, praticamente inexistente no financiamento do Pan do Rio, a iniciativa privada foi mencionada pelo dirigente pela sua ""amplitude de possibilidades".
Sempre evitando comparações sobre medalhas, o cartola viu destaques bons para ""consumo interno", mas que passaram despercebidos pela imprensa internacional. Lembrou da primeira final por equipe na ginástica artística feminina e as primeiras medalhas individuais feminina -foram três.
O ouro de Maurren Maggi no salto em distância foi citado, bem como o bronze de Natália Falavigna, no taekwondo, único esporte em que o Brasil estreou no pódio em Pequim-08.
O COB ainda usou a geopolítica do esporte -com a queda ou a ascensão de países- para justificar o desempenho do Brasil e vê-lo positivamente.
""Ficamos à frente de Cuba [na classificação]. É um mito que cai", disse Nuzman, que não lembrou o fato de o país caribenho ter tido queda acentuada de rendimento. ""Países da antiga URSS vêm ocupando espaços, como Uzbequistão, Tadjisquistão e Cazaquistão."
Os EUA, que viram a China substituí-los no topo da classificação, e a Austrália, que deixou de ocupar o seleto grupo dos top 5 olímpicos, foram citados como exemplo de vítimas da dinâmica da geopolítica.
""Já começamos a pensar no próximo ciclo olímpico. Ao voltar ao Brasil, vamos discutir se mantemos o formato atual na distribuição da verba da Lei Piva [via percentuais para cada confederação], ou se haverá mudanças. A verba pode ser liberada mediante apresentação de projetos", disse Nuzman.


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