São Paulo, segunda-feira, 25 de agosto de 2008

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QUADRO DE MEDALHAS

China faz planos para multiplicar campeões

País planeja investir em esportes nobres, como natação e atletismo

Vencedores da Olimpíada, chineses planejam próximo ciclo, enquanto americanos, por seus parâmetros, dizem estar satisfeitos com Jogos

ADALBERTO LEISTER FILHO
LUÍS FERRARI

ENVIADOS ESPECIAIS A PEQUIM

Antes dos Jogos, esperava-se uma disputa acirrada entre EUA e China pelo topo do quadro de medalhas. Mas o que se viu foi uma vitória folgada dos anfitriões (51 ouros a 36).
Enquanto os chineses falam em evoluir para a próxima Olimpíada (Londres-2012), os norte-americanos adotam discurso diverso, tentando mostrar que houve avanço e que o país liderou a classificação.
Para Liu Peng, chefe de missão chinesa, a competição mostrou que o país está mais forte em vários esportes. O número de títulos conquistados, por exemplo, saltou de 32 em Atenas-2004 para 51 em Pequim, um aumento de 59% de ouros. É o primeiro país da Ásia a liderar o quadro de medalhas.
No entanto, o comitê local diz que ainda há muito a crescer. "Temos que ter a mente sóbria agora", disse Liu.
Nos esportes-base da Olimpíada, os chineses entendem que ainda é preciso formar equipes competitivas. Na natação, o país amealhou três ouros, duas pratas e seis bronzes -sétimo colocado na modalidade em que os EUA lideraram o quadro geral de medalhas.
Pior ocorreu no atletismo, esporte em que a China regrediu. Em Atenas, conquistou dois ouros -em Pequim, foram apenas dois bronzes.
Liu Xiang, ex-recordista mundial dos 110 m com barreiras e maior aposta da delegação, desistiu por lesão.
"Estamos atrás em esportes coletivos. No atletismo, na natação e no ciclismo estamos bem atrás", avaliou o dirigente.
"Os EUA ainda apresentam maior regularidade, conquistando medalhas em mais modalidades", acrescentou ele.
O cartola qualificou como um "milagre" a performance de Michael Phelps, que obteve oito ouros na natação. Elogiou também o desempenho da Jamaica no atletismo.
Outro desafio para a China é realizar uma política esportiva englobando não só o alto nível, mas também a saúde pública.
"Temos que aprender com as lições dos outros para manter as pessoas mais interessadas no esporte e incentivá-las a praticar exercícios", disse ele, em alusão aos EUA e à Europa.
O Usoc (o comitê olímpico dos EUA) negou qualquer tipo de frustração. "Os atletas excederam nossas expectativas", disse Peter Ueberroth, presidente do comitê, que adota o total de medalhas como critério de classificação -é o costume nos EUA, inclusive na mídia. Por essa contagem, a liderança prossegue americana.
"Observamos esta Olimpíada como um dos grandes sucessos da história do comitê olímpico dos EUA", falou Jim Scherr, diretor-executivo da entidade.
De fato, por esses critérios, é o melhor desempenho desde os 174 pódios obtidos em Los Angeles-84, quando o país foi sede e os Jogos sofreram boicote de países do então bloco soviético.
"Não estamos descontentes com a contagem do número de ouros. Aprenderemos com isso e também com os chineses. Mas, com os recursos que tivemos disponíveis, fomos muito bem", defendeu Scherr.

100ª
medalha da China foi conquistada pelo pugilista Zhang Zhilei, da categoria acima de 91 kg. A prata encerrou a gloriosa participação do país anfitrião nos Jogos Olímpicos. Zhang perdeu na final para o italiano Roberto Cammarelle.


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