São Paulo, quarta-feira, 25 de agosto de 2010

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LOS GRINGOS - JUAN PABLO VARSKY

O plano de Batista


Astuto, o técnico, que quer deixar de ser interino, arma a Argentina como o Barcelona e cativa Messi


POR ENQUANTO, Sergio Batista é o técnico interino da seleção argentina. Mas ele fará todo o possível para conservar-se no cargo. Sua primeira declaração de intenções foi a formação contra a Irlanda, no primeiro jogo após o 4 a 0 sofrido na Cidade do Cabo. A partir de uma seleção de nomes que não escolheu, Batista armou um time diferente do anterior.
Ele optou por se distanciar de Maradona. Nos nomes, na ideia e no sistema. Tomou como ponto de partida a derrota para a Alemanha. O que faltou ao time? Equilíbrio e mais presença no meio-campo?
Bom, ele pôs dois volantes para acompanhar Mascherano: Gago, na direita, e Banega, na esquerda. A partir dessas mudanças, a Argentina dominou a posse de bola, mas, ao mesmo tempo, não traduziu isso em perigo. Faltou profundidade e presença na área. A posse da bola, com muitos passes para trás e para os lados, garantiu que não sofresse perigos. Não há melhor forma de se defender do que conservar a bola nos pés. Essa foi a ideia.
Nem a retranca do Centenário nem o ataque sem retaguarda da África. Astuto, Batista escolheu o sistema do Barcelona, onde Messi joga. E quer o melhor do mundo à vontade e comprometido com sua causa.
Leo já correspondeu com um respaldo enfático diante da imprensa. Seus olhos se iluminaram quando se referiu à semelhança do sistema. Batista tentará fazer com que sua seleção se aproxime mais do Barça. Com essa meta em mente, entende-se por que plantou a trinca de volantes. Está convencido de que, com trabalho e persuasão, Gago e Banega poderão converter-se nos Xavi e Iniesta argentinos.
Haverá outros ajustes. A defesa terá laterais de origem e tentará prolongar o estilo do Barcelona, com a incorporação de Gabriel Milito, zagueiro excelente e muito amigo de Messi. Para enfrentar a Espanha, Batista convocou Zanetti e Cambiasso, relegados no ciclo anterior. E marcou outra diferença com a omissão de Javier Pastore, a grande aposta de Maradona para o Mundial.
Mais do que as convicções futebolísticas, há a atitude clara de Batista de capitalizar a insatisfação com Diego devido à goleada para a Alemanha. Com as decisões recentes, ele agradou a insatisfeitos. Quer ficar no cargo. Para ser efetivado, está disposto a tomar medidas dignas de um chanceler.

@VarskyMundial


JUAN PABLO VARSKY é colunista de futebol do jornal argentino "La Nación" e do site Canchallena.com

Tradução de CLARA ALLAIN


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