São Paulo, quinta-feira, 25 de agosto de 2011

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Mulheres já igualam melhor Mundial

JUDÔ
Rafaela Silva conquista prata e seleção feminina repete, em só 3 categorias, desempenho de Tóquio-2010


DE SÃO PAULO

A judoca Rafaela Silva era uma indisciplinada. Arrumava confusão na rua quando pequena e enfrentou turbulências e maus resultados em sua carreira no ano passado.
Mas ontem obedeceu a quase todas as ordens da técnica Rosicleia Campos. E, aos 19 anos, obteve uma medalha de prata na categoria até 57 kg no Mundial de Judô.
A única orientação que não seguiu foi na luta final, diante da japonesa Aiko Sato.
"Pega a manga, pega a manga", gritava a treinadora brasileira para sua pupila.
Rafaela não conseguiu agarrar o quimono da adversária no ponto pedido. Ao contrário, deu o braço para a rival, que o usou para girá-la e derrubá-la de costas no tatame, determinando um ippon quando faltava 1 minuto e 18 segundos para o final.
Mas seu resultado garantiu ao Brasil pelo menos a repetição da melhor campanha entre as mulheres em Mundiais de judôs, registrada no ano passado, em Tóquio.
E isso depois de apenas dois dias e três categorias femininas disputadas em Paris -faltam quatro disputas.
A disciplina de Rafaela foi determinante para esse terceiro pódio brasileiro no Mundial -foram dois no primeiro dia de competição.
Na semifinal, Rosicleia mandou-a "arrochar" a norte-americana Marti Malloy. A pressão sobre a rival foi tal que esta levou punições.
Quando Rafaela encaixou uma pegada no quimono de Malloy, a técnica deu a dica: "Não sai dessa posição".
Foi exatamente a postura recomendada que lhe rendeu o ippon e a vaga na final.
Foi o terceira vez que ganhara com um golpe perfeito, das suas cinco vitórias. Entre as rivais derrotadas estava a italiana Giulia Quintavalle, campeã olímpica, a quem enfrentou na estreia.
O resultado não garante Rafaela na Olimpíada-12. Ela disputa vaga na categoria com Ketleyn Quadros, bronze nos Jogos de Pequim-08.
Ketleyn, 23, foi eliminada ontem na estreia. Assim, a diferença entre as duas judocas brasileiras no ranking mundial, determinante na classificação para Londres, está em cerca de 700 pontos. Só uma vai a Londres. Para se ter uma ideia do peso do Mundial, o título nele vale 500.
"Antes do judô, vivia na rua, me metendo em confusão. A minha briga agora é por sonhos e medalhas. O que ganho vai para arrumar a minha casa", declarou Rafaela ao site Globo.com.
Integrante da nova geração do judô feminino, que inclui Sarah Menezes e Mayra Aguiar, ela foi criada na favela da Cidade de Deus, no Rio de Janeiro. Iniciou-se no judô há oito anos, em projeto social tocado pelo judoca Flávio Canto, 36, hoje seu companheiro de seleção.
"Tomou vários esporros da comissão técnica e hoje ela está essa seda que vocês estão vendo. O judô disciplina", disse Rosicleia sobre a temporada passada da pupila.
Também ontem, Erika Miranda (até 52 kg) foi eliminada em sua segunda luta e Bruno Mendonça (até 73 kg) foi desclassificado nas oitavas de final da competição.


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