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Crônica de uma crise anunciada
JOSÉ GERALDO COUTO
da Equipe de Articulistas
Vinte dias atrás, o Corinthians
parecia um time imbatível. Alguns já o apontavam, precipitadamente, como o virtual campeão
do Brasileiro-99.
Bastaram três derrotas em quatro jogos para a equipe entrar em
parafuso, com torcedores invadindo o campo, jogadores trocando acusações, cobranças desabando sobre o técnico. O time ainda é
líder, mas já há uma tempestade
no copo d'água.
O clima é tal que o jogo de hoje
contra o Sport, em Recife, ganha
ares de decisão: se o Corinthians
ganha, abafa a crise. Se perde,
afunda-se ainda mais nela. Pior:
nessa rodada, o time pode ser alcançado (por São Paulo e Cruzeiro) e até ultrapassado (pelo Flamengo) na tabela.
A queda atual do alvinegro era
previsível, não tanto pela ""síndrome de montanha-russa" que o caracteriza, mas por fatores bem
mais concretos:
1) A fragilidade da zaga, apontada nesta coluna ainda na fase
de vacas gordas, quando o time
estava invicto. A saída de Gamarra e Silvinho trouxe um desequilíbrio no setor que está longe de ser
sanado. Jarni será bem-vindo.
2) A dificuldade que o time tem
de segurar o jogo e administrar resultados, sobretudo quando joga
em casa, sob a pressão da torcida.
Todos os volantes e os dois alas viram atacantes ao mesmo tempo, e
a defesa fica órfã.
Um terceiro agravante é o excesso de estrelas: ao primeiro tropeço,
cada um quer tirar o corpo fora e
jogar o problema nas costas dos
outros. A tão falada ""união" é pura retórica.
Note-se, por outro lado, o contraste entre a propalada modernização financeiro-adminstrativa,
propiciada pelos dólares do
HMTF, e a intromissão abusiva
das torcidas ditas organizadas
nos assuntos do clube.
A intimidação do lateral Augusto por membros de uma dessas
torcidas é um fato intolerável, que
escancara o caráter protofascista
dessas organizações.
O clássico entre Palmeiras e
Santos opõe situações contrastantes. Enquanto o alviverde vem
embalado rumo à classificação,
confirmando sua vocação de time
de chegada, o Santos tenta se
aprumar após a derrota, em casa,
para o lanterna Botafogo-RJ.
Para o Santos, o jogo é crucial:
vencendo, mantém as chances de
classificação e começa a sair do
baixo-astral. Perdendo, afunda-se
no desânimo e na sensação de já
não ser um time de ponta.
Há uma semana, comentei os
bordões dos locutores de rádio e
TV que correm o risco de cair no
esquecimento. Vários leitores responderam ao apelo.
Gilberto Gil Camargo, editor e
colunista do site Futiba
(www.uol.com.br/futiba), me escreveu informando que o autor da
frase ""estava aberta a casa da viúva" é Joseval Peixoto, locutor da
Joven Pan nos anos 60 e 70.
De acordo com Jayme Aranha,
a expressão ""lá onde a coruja dorme" é de Washington Rodrigues,
o Apolinho, hoje na rádio Tupi do
Rio, autor também dos termos
""arquibaldos" e ""geraldinos".
A boa notícia é que dois livros,
atualmente em preparação, vão
recolher expressões desse tipo. Um
deles será uma enciclopédia da
linguagem do futebol, do jornalista Hélio Moreira da Silva, da "Gazeta Mercantil".
O outro, um dicionário de citações, está sendo preparado pelo
repórter Mário Magalhães, da Folha, autor do belo livro "Viagem
ao País do Futebol".
José Geraldo Couto escreve às segundas-feiras e aos sábados
E-mail: jgcouto@uol.com.br
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