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FUTEBOL
Novo técnico da seleção
TOSTÃO
COLUNISTA DA FOLHA
A CBF anunciou que somente
em janeiro irá escolher os
técnicos das seleções principal e
olímpica. Outro treinador, provavelmente Felipão, será homenageado e convidado para dirigir a
equipe nos amistosos deste final
de ano.
Muito mais importante do que
um nome é a CBF dizer claramente se a indicação do novo técnico em janeiro será para valer.
Felipão também não definiu se
sua saída será definitiva. Se continuar nebuloso, o novo treinador
não terá tranquilidade para trabalhar. Na primeira derrota, pedirão o técnico do penta, que poderá voltar nos braços da galera.
Não será isso que ele deseja?
Quem seria o melhor substituto
do Felipão? Luxemburgo disse, no
domingo à noite, no programa
SportsCenter da ESPN Brasil, que
a escolha de alguns treinadores,
como Parreira, independe dos resultados no Campeonato Brasileiro-2002.
O técnico do Cruzeiro não disse
o seu nome, para parecer humilde, mas, pelos seus gestos, fisionomia, maneira de ajeitar os óculos
e passado, ficou claro que ele também se inclui no perfil dos treinadores que não precisam provar
nada. A mensagem analógica,
subjetiva, é muito mais rica que a
digital, com palavras.
Parreira é o único dos técnicos
que não precisa brilhar neste
campeonato. Ele já é o preferido,
mas não quer mais o cargo. Talvez Felipão siga os passos do treinador do Corinthians. Não querem arriscar o prestigio. É compreensível. O mesmo aconteceu
com outros técnicos e atletas, em
todo o mundo, apesar de darem
sempre uma explicação mais nobre para saírem da seleção.
Muitos jornalistas esportivos e
torcedores, insistem que o Luxemburgo é o mais cotado e preparado para substituir o Felipão.
Falam que ele só foi dispensado
da seleção brasileira por causa de
problemas particulares. Não é
verdade. Ele saiu também por
problemas técnicos.
A eliminação do time olímpico
para os nove jogadores de Camarões foi um dos maiores vexames
do futebol brasileiro. A equipe
principal perdeu feio para a do
México na final da Copa das Confederações. A conquista da Copa
América não foi expressiva, já
que as outras seleções atuaram
com equipes reservas. O Brasil jogou com o time titular, com os
dois Ronaldinhos, Rivaldo e Roberto Carlos. Aí ficou fácil.
Luxemburgo perdeu o título de
melhor treinador do Brasil e terá
de recuperá-lo no campo. Após
sair da seleção, teve passagens
discretas no Corinthians, no Palmeiras e no Cruzeiro (até o momento).
Há bons treinadores no Brasil,
do mesmo nível técnico, em condições de substituir o Felipão. Luxemburgo é apenas um deles.
Tempo de mudanças
O presidente do Botafogo, Mauro Ney Palmeiro, disse que o elenco do clube, com Lúcio, Galeano,
Odvan e outros jogadores conhecidos, é superior ao de muitas
equipes mais bem classificadas no
Brasileirão. Pode ser. Por outro
lado, o dirigente confunde jogador conhecido, famoso, com bom
jogador.
Há muitos jogadores conhecidos no futebol brasileiro que tiveram raríssimas e excelentes passagens em clubes de tradição, mas
que nunca mais jogaram nada.
São tantos exemplos. Com a
ajuda de empresários e a conivência de clubes e alguns treinadores,
esses jogadores medianos, para
não dizer medíocres, pulam de
um clube para outro, ganhando
ótimos salários, muito maiores do
que merecem. Foram carimbados
como jogadores de time grande.
Ao contrário, existem bons jogadores de pequenos clubes, muitos da Série B, que nunca tiveram
chance de jogar numa grande
equipe. Talvez nunca tenham tido empresários espertos. Quando
o São Caetano começou a ganhar
dos "grandes", a maior parte dos
jogadores atuava na Série B há
muitos anos. Não eram jovens
promissores.
É também muito mais fácil brilhar individualmente e formar
um bom time com jogadores medianos em pequenos do que em
grandes clubes. As referências e as
cobranças são bastante diferentes. As equipes consideradas pequenas, como o Juventude, treinam mais tempo para o Brasileiro, já que jogam menos outras
competições.
As coisas estão tão ruins para o
Botafogo que, mesmo com mais
tempo para treinar -por não ter
disputado a Copa dos Campeões-, o time faz péssima campanha no Nacional. Não basta
substituir o técnico. É preciso trocar a diretoria e as idéias. Esse é
um tempo de grandes mudanças.
E-mail
tostao.folha@uol.com.br
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