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FUTEBOL
A lógica e o acaso
JOSÉ GERALDO COUTO
COLUNISTA DA FOLHA
Foi um San-São digno das melhores tradições do clássico.
Nem pareciam os mesmos dois
clubes que, dias antes, no mesmo
Morumbi, haviam feito um jogo
medíocre e violento.
O mais curioso é que na quarta-feira o Santos jogou desfalcado e
empatou. Ontem, jogou completo
e perdeu. A razão disso, como costuma acontecer, tem um tanto de
lógica e outro tanto de acaso.
Comecemos pela lógica. O técnico Leão, lançando mão de seu
profundo conhecimento da equipe santista, armou seu time fechado atrás e dando pouco espaço para Robinho, Ricardinho e
Elano.
Sua estratégia, claramente, era
a do contra-ataque, na esperança
de aproveitar-se da crônica vulnerabilidade defensiva santista.
Com isso, o Santos atacou mais,
mas o São Paulo teve um número
quase igual de chances reais de
gol. Numa delas -aliás, uma das
menos agudas-, Grafite acabou
fazendo um gol quase "espírita".
E aí é que entra a parte do acaso. O próprio atacante tricolor admitiu que cabeceou em direção
ao meio da área na esperança de
encontrar Diego Tardelli ou Cicinho. Mas acabou pegando o goleiro santista adiantado e enfiando, sem querer, a bola no ângulo.
Isso não tira o mérito de Grafite,
que fez uma excelente partida,
nem do São Paulo, que com sua
organização e empenho, conseguiu compensar a superioridade
do elenco santista e sair com a vitória. O Santos, por sua vez, fez o
que está acostumado a fazer: buscou o ataque desde o início. Luxemburgo, fiel ao lema "perdido
por um, perdido por mil", chegou
a colocar em campo praticamente
quatro atacantes: Robinho, Deivid, Basílio e Marcinho.
Com isso, quem ganhou foi o
torcedor. A partida teve momentos empolgantes, em que os times
alternaram chances de gol num
ritmo alucinante. Algumas delas
não se concretizaram graças a
grandes defesas dos dois goleiros.
Os resultados da rodada foram
bons para o campeonato. Com as
derrotas dos líderes Atlético-PR e
Santos, o São Paulo e o São Caetano se aproximaram e ganharam uma sobrevida na luta pelo
título.
Acaba assim, pelo menos por
enquanto, a incômoda sensação
de que a disputa estava restrita a
só dois clubes.
As vitórias do Palmeiras e do
Juventude, por sua vez, mantêm
quente a briga por uma vaga na
Libertadores, da qual o Goiás e o
Corinthians já parecem mais distantes.
Tudo isso sem falar dos contornos dramáticos que vai ganhando a luta para escapar do rebaixamento. O fato de grandes clubes como Grêmio, Botafogo, Flamengo e Atlético-MG estarem no
bolo, ou perto dele, só aumenta a
emoção.
Cada vez mais fica claro que
não é a fórmula dos pontos corridos a responsável pela queda do
nível técnico e da média de público do Brasileirão, e sim a baixa
qualidade média dos jogadores,
ocasionada pelo êxodo dos melhores para o exterior.
Vitória verde
A ótima vitória palmeirense sobre o líder Atlético-PR serviu
também para lavar a alma de
dois jogadores questionados:
Lúcio (pela torcida) e Pedrinho
(pelo técnico Estevam Soares).
Lúcio não é, nem de longe, "o
pior lateral do mundo", como
já gritou a galera alviverde. E
Pedrinho é o maestro palmeirense. Sem ele, o time quase
sempre desafina.
Declínio azul
Há um ano, a esta altura do
campeonato, o Cruzeiro estava
com uma mão na taça. Hoje, vive uma grande crise, coroada
pela derrota de 3 a 0 para o arqui-rival Atlético-MG. A saída
dos principais jogadores é a
causa mais óbvia do declínio.
Uai, mas a diretoria cruzeirense
não se gabava de ter uma política exemplar de contratações?
E-mail jgcouto@uol.com.br
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