São Paulo, terça-feira, 25 de outubro de 2005

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FUTEBOL

Gramado, que desceu 1,2 m em obra de R$ 45 milhões, vira charco com chuvas; secretário diz que projeto não muda

Rebaixado, Maracanã mergulha em lama

Ana Carolina Fernandes/Folha Imagem
Horas depois de a água ter baixado, funcionários trabalham no Maracanã, cujo gramado precisou ser limpo por ter ficado cheio de lama após a forte chuva no Rio


SÉRGIO RANGEL
DA SUCURSAL DO RIO

Palco de uma obra de cerca de R$ 45 milhões do Governo do Estado do Rio, o gramado do Maracanã foi completamente alagado pela água do temporal que atingiu na manhã de ontem o Rio.
Ajudado pelo novo projeto do estádio, que rebaixou o campo em 1,2 m, o gramado se tornou um "piscinão". De acordo com os administradores do estádio, as águas chegaram a atingir 30 centímetros de profundidade dentro do gramado por volta das 8h.
O "piscinão" no campo foi formado pela água que descia das cadeiras e da antiga geral. De lá, seguia direto para o gramado, que antes era separado da geral por um fosso de mais de 3 m, que foi reduzido a menos da metade por causa das obras. A obra pretende preparar o estádio para o Pan-07.
No final da manhã de ontem, quando o sistema de drenagem do gramado conseguiu escoar toda a água do local, o cenário era surpreendente. O campo estava um lamaçal. Funcionários da administração do estádio trabalharam todo o dia para recuperar o gramado, que foi novamente replantando há menos de um mês.
"Não tinha outra coisa a acontecer.Tinha que alagar mesmo", disse o secretário estadual de esportes, Francisco de Carvalho, responsável pela administração do Maracanã. Ele preferiu culpar o temporal a admitir uma falha no projeto que rebaixou o gramado.
"Não cabe mudar nada. Vai ser difícil acontecer um temporal destes, mas se acontecer outro, não teremos muito o que fazer", disse Carvalho, que se recusou a estudar alterações no projeto.
Em estado de alerta, a Defesa Civil informou ontem que em quatro horas choveu 100 milímetros, o equivalente à quantidade de água esperada para outubro. A chuva alagou vários pontos da cidade e três pessoas morreram.
"Apesar de tudo, o gramado não ficou comprometido. Temos tempo até a reabertura do estádio, que vai acontecer [parcialmente] em janeiro", disse Carvalho.
O gramado do Maracanã foi rebaixado para construir um novo setor no estádio, que substituirá a geral, local mais popular do estádio. Até dezembro do próximo ano, os administradores do Maracanã pretendem reabrir o espaço só com cadeiras numeradas e cobrar os mais caros ingressos do estádio, seguindo uma tendência das arenas esportivas modernas.
Com isto, o Maracanã perdeu os folclóricos geraldinos, os apaixonados torcedores, que sempre estavam gritando, xingando e até invadindo o campo para reverenciar ou brigar com os jogadores.
Somente para erguer o novo setor e o rebaixar o gramado, o governo do Rio vai gastar cerca de R$ 30 milhões dos R$ 45 milhões que serão consumidos na remodelação do Maracanã.
Para recuperar os danos provocados pela chuva no gramado e nos vestiários, que também ficaram inundados, o Maracanã foi fechado. Até os elevadores do estádio não funcionaram. O poço estava tomado pelas águas.
"O Maracanã faz parte da minha vida. É triste voltar para o hotel sem uma foto dele, mas ainda tenho cinco dias no Rio e quero pisar lá no gramado de qualquer jeito", disse o turista espanhol Marco Xisto, 25, que tentou, sem sucesso, visitar ontem o estádio.


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