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Teste antidoping no Brasil é mais caro
Laboratórios do Canadá, da Colômbia e de Cuba realizam os mesmos exames com preços mais baixos que os do Rio
Confederações alegam falta de recursos financeiros para realizar a análise dos atletas até mesmo nos principais torneios realizados no país
JOSÉ EDUARDO MARTINS
DA REPORTAGEM LOCAL
Não é apenas o aumento dos
casos positivos que mostra a
falta de estrutura quando o assunto é antidoping no Brasil.
Um dos principais problemas apontados pelos dirigentes
brasileiros para intensificar a
fiscalização no país é o alto custo dos exames antidoping.
Os testes no Brasil, em sua
maioria, são feitos no laboratório Ladetec, no Rio de Janeiro.
Os gastos, porém, são mais altos do que quando as amostras
são enviadas para o exterior.
Segundo o médico Eduardo
De Rose, da área de controle de
doping do COB (Comitê Olímpico Brasileiro) e membro da
Wada (Agência Mundial Antidoping), cada exame no Brasil
custa R$ 530 -sem o teste de
EPO (eritropoietina), com valor adicional de R$ 500.
Já no Canadá, o custo do teste é de R$ 273 e de R$ 547 com o
de EPO. Quem paga a contraprova é o atleta. Laboratórios
da Colômbia e de Cuba cobram
cerca de R$ 171 e R$ 350.
"Eventualmente, o custo é financiado por alguma estrutura.
Na Colômbia, o Ministério do
Esporte ajuda. Em Cuba, também é o governo. No Canadá, a
universidade. Aqui também fica difícil importar kits e demais
equipamentos", diz De Rose.
Em novembro, o Brasil receberá a visita de membros da
Wada, fato que chama a atenção das autoridades. "Temos
uma Olimpíada e seremos
olhados com lupa. A área mais
crítica é o laboratório. Temos
muitas dificuldades e precisamos de apoio", avalia De Rose.
O governo, por sua vez, afirma que vai melhorar as condições do Ladetec, que deve ser
utilizado para a Olimpíada.
"O Ministério do Esporte e a
Universidade Federal do Rio de
Janeiro, à qual é vinculado o
Ladetec, estão preparando um
termo de cooperação estabelecendo compromissos em torno
do laboratório", declarou o ministro Orlando Silva Jr., por
meio de sua assessoria.
Por conta dos altos custos, na
maior parte das competições
brasileiras não é feito o exame.
Outro ponto que demonstra
a falta de estrutura no antidoping no Brasil é o desconhecimentos das regras da Wada.
No recente caso em que quatro atletas foram flagrados na
Volta de Santa Catarina, o próprio presidente da CBC (Confederação Brasileira de Ciclismo), José Luiz Vasconcellos,
quebrou a confidencialidade
dos envolvidos ao revelar o nome dos competidores antes de
os ciclistas serem notificados
pela entidade e definirem se
queriam a contraprova.
"Não está errado [falar antes
para a imprensa]. Eles já receberam antes o comunicado da
UCI [entidade máxima do ciclismo]. A confidencialidade já
foi [quebrada]", disse Vasconcellos. Porém, de acordo com as
normas, os atletas têm o direito
ao sigilo antes de solicitar ou
não a contraprova.
"Não sei de que forma eu devo proceder. Eles [CBC] não
deram esclarecimento. Só falaram que tenho cinco dias, o que
foi passado pela imprensa. Depois, ela [CBC] confirmou a informação por e-mail", falou
Alex Arseno, um dos atletas que
teriam sido flagrados com EPO.
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