São Paulo, domingo, 25 de outubro de 2009

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Teste antidoping no Brasil é mais caro

Laboratórios do Canadá, da Colômbia e de Cuba realizam os mesmos exames com preços mais baixos que os do Rio

Confederações alegam falta de recursos financeiros para realizar a análise dos atletas até mesmo nos principais torneios realizados no país

JOSÉ EDUARDO MARTINS
DA REPORTAGEM LOCAL

Não é apenas o aumento dos casos positivos que mostra a falta de estrutura quando o assunto é antidoping no Brasil.
Um dos principais problemas apontados pelos dirigentes brasileiros para intensificar a fiscalização no país é o alto custo dos exames antidoping.
Os testes no Brasil, em sua maioria, são feitos no laboratório Ladetec, no Rio de Janeiro. Os gastos, porém, são mais altos do que quando as amostras são enviadas para o exterior.
Segundo o médico Eduardo De Rose, da área de controle de doping do COB (Comitê Olímpico Brasileiro) e membro da Wada (Agência Mundial Antidoping), cada exame no Brasil custa R$ 530 -sem o teste de EPO (eritropoietina), com valor adicional de R$ 500.
Já no Canadá, o custo do teste é de R$ 273 e de R$ 547 com o de EPO. Quem paga a contraprova é o atleta. Laboratórios da Colômbia e de Cuba cobram cerca de R$ 171 e R$ 350.
"Eventualmente, o custo é financiado por alguma estrutura. Na Colômbia, o Ministério do Esporte ajuda. Em Cuba, também é o governo. No Canadá, a universidade. Aqui também fica difícil importar kits e demais equipamentos", diz De Rose.
Em novembro, o Brasil receberá a visita de membros da Wada, fato que chama a atenção das autoridades. "Temos uma Olimpíada e seremos olhados com lupa. A área mais crítica é o laboratório. Temos muitas dificuldades e precisamos de apoio", avalia De Rose.
O governo, por sua vez, afirma que vai melhorar as condições do Ladetec, que deve ser utilizado para a Olimpíada.
"O Ministério do Esporte e a Universidade Federal do Rio de Janeiro, à qual é vinculado o Ladetec, estão preparando um termo de cooperação estabelecendo compromissos em torno do laboratório", declarou o ministro Orlando Silva Jr., por meio de sua assessoria.
Por conta dos altos custos, na maior parte das competições brasileiras não é feito o exame.
Outro ponto que demonstra a falta de estrutura no antidoping no Brasil é o desconhecimentos das regras da Wada.
No recente caso em que quatro atletas foram flagrados na Volta de Santa Catarina, o próprio presidente da CBC (Confederação Brasileira de Ciclismo), José Luiz Vasconcellos, quebrou a confidencialidade dos envolvidos ao revelar o nome dos competidores antes de os ciclistas serem notificados pela entidade e definirem se queriam a contraprova.
"Não está errado [falar antes para a imprensa]. Eles já receberam antes o comunicado da UCI [entidade máxima do ciclismo]. A confidencialidade já foi [quebrada]", disse Vasconcellos. Porém, de acordo com as normas, os atletas têm o direito ao sigilo antes de solicitar ou não a contraprova.
"Não sei de que forma eu devo proceder. Eles [CBC] não deram esclarecimento. Só falaram que tenho cinco dias, o que foi passado pela imprensa. Depois, ela [CBC] confirmou a informação por e-mail", falou Alex Arseno, um dos atletas que teriam sido flagrados com EPO.


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