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São Paulo, terça-feira, 25 de novembro de 2003

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Cruzeiro que busca o título é apenas 50% do Cruzeiro


Time faz parcerias com rivais e empresários e adquire só metade dos direitos federativos de seus atletas, que estão a uma vitória da conquista inédita do Brasileiro


JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO
PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL

O Cruzeiro, que está a uma vitória do inédito título brasileiro, é símbolo hoje de modernidade empresarial no futebol. Mas, na hora de negociar jogadores, a política do clube está muito mais para os meeiros da área rural.
A palavra de ordem no time mineiro é parceria. Vários jogadores do elenco têm 50% de seus direitos federativos pertencentes ao clube. A outra metade está na mão de empresários, outras equipes e dos próprios atletas.
A fórmula é simples. O Cruzeiro escolhe um atleta de potencial e jovem, com valor ainda baixo. Faz então proposta ao clube ou empresário com quem esse jogador tem vínculo. A oferta quase sempre é por apenas metade dos direitos federativos.
Segundo Alvimar Perrella, presidente do Cruzeiro, o time adota essa política para dividir não só os lucros, mas também os prejuízos. "No futebol de hoje, você não pode querer arcar com tudo sozinho, a solução é encontrar parceiros", afirmou, por intermédio de sua assessoria de imprensa.
Desde a administração anterior, presidida por Zezé Perrella, irmão de Alvimar e atualmente vice-presidente do clube, o Cruzeiro costuma adquirir 50% dos direitos federativos dos atletas.
Na hora de contratar, não só fica mais em conta para o clube como o processo se torna mais fácil. Perrella diz que o Cruzeiro trabalha com pessoas de confiança, que indicam possíveis revelações e entram como sócios no negócio.
Se o jogador se destacar, o procedimento é parecido na hora da negociação, e cada um ganha de acordo com a porcentagem dos direitos que tiver em mãos.
Foi o que aconteceu, por exemplo, com o zagueiro Luisão, que foi para o Benfica em agosto passado por US$ 2,5 milhões. Esse valor foi dividido entre o Cruzeiro, o fundo norte-americano HMTF e ainda um empresário.
Essa política de negociação vale hoje na Toca da Raposa para jogadores de todos os níveis.
No início do ano, por exemplo, o Cruzeiro contratou sete jogadores das categorias de base do Rio Branco -adquiriu 50% dos direitos de cada um. Levou-os para seu centro de treinamento em Minas e deve aproveitar os melhores no time profissional em 2004.
Além das promessas, o time quer fazer o mesmo com estrelas. O Cruzeiro tentou negociar 50% dos direitos do meia Alex, mas não conseguiu. "Depois do campeonato, ele está livre de contrato, mas vamos tentar mantê-lo por mais um ou dois anos, estamos conversando", diz o presidente, prometendo nova investida.
O dirigente afirma que o clube também tentou, sem sucesso, adquirir 50% dos direitos de Dudu Cearense, volante do Vitória que já serviu a seleção principal.
Mesmo com tantas parcerias e negócios, o clube diz que deve terminar o ano com prejuízo, só no futebol, de quase R$ 15 milhões. Para 2004, projeta R$ 20 milhões no negativo, que seria reduzido com a negociação de dois ou três jogadores para o exterior.


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