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Cruzeiro que busca o título é apenas 50% do Cruzeiro
Time faz parcerias com rivais e empresários e adquire só metade dos direitos federativos de seus atletas, que estão a uma vitória da conquista inédita do Brasileiro
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JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO
PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL
O Cruzeiro, que está a uma vitória do inédito título brasileiro, é
símbolo hoje de modernidade
empresarial no futebol. Mas, na
hora de negociar jogadores, a política do clube está muito mais para os meeiros da área rural.
A palavra de ordem no time mineiro é parceria. Vários jogadores
do elenco têm 50% de seus direitos federativos pertencentes ao
clube. A outra metade está na
mão de empresários, outras equipes e dos próprios atletas.
A fórmula é simples. O Cruzeiro
escolhe um atleta de potencial e
jovem, com valor ainda baixo. Faz
então proposta ao clube ou empresário com quem esse jogador
tem vínculo. A oferta quase sempre é por apenas metade dos direitos federativos.
Segundo Alvimar Perrella, presidente do Cruzeiro, o time adota
essa política para dividir não só os
lucros, mas também os prejuízos.
"No futebol de hoje, você não pode querer arcar com tudo sozinho, a solução é encontrar parceiros", afirmou, por intermédio de
sua assessoria de imprensa.
Desde a administração anterior,
presidida por Zezé Perrella, irmão
de Alvimar e atualmente vice-presidente do clube, o Cruzeiro costuma adquirir 50% dos direitos
federativos dos atletas.
Na hora de contratar, não só fica
mais em conta para o clube como
o processo se torna mais fácil.
Perrella diz que o Cruzeiro trabalha com pessoas de confiança, que
indicam possíveis revelações e entram como sócios no negócio.
Se o jogador se destacar, o procedimento é parecido na hora da
negociação, e cada um ganha de
acordo com a porcentagem dos
direitos que tiver em mãos.
Foi o que aconteceu, por exemplo, com o zagueiro Luisão, que
foi para o Benfica em agosto passado por US$ 2,5 milhões. Esse
valor foi dividido entre o Cruzeiro, o fundo norte-americano
HMTF e ainda um empresário.
Essa política de negociação vale
hoje na Toca da Raposa para jogadores de todos os níveis.
No início do ano, por exemplo,
o Cruzeiro contratou sete jogadores das categorias de base do Rio
Branco -adquiriu 50% dos direitos de cada um. Levou-os para seu
centro de treinamento em Minas
e deve aproveitar os melhores no
time profissional em 2004.
Além das promessas, o time
quer fazer o mesmo com estrelas.
O Cruzeiro tentou negociar 50%
dos direitos do meia Alex, mas
não conseguiu. "Depois do campeonato, ele está livre de contrato,
mas vamos tentar mantê-lo por
mais um ou dois anos, estamos
conversando", diz o presidente,
prometendo nova investida.
O dirigente afirma que o clube
também tentou, sem sucesso, adquirir 50% dos direitos de Dudu
Cearense, volante do Vitória que
já serviu a seleção principal.
Mesmo com tantas parcerias e
negócios, o clube diz que deve terminar o ano com prejuízo, só no
futebol, de quase R$ 15 milhões.
Para 2004, projeta R$ 20 milhões
no negativo, que seria reduzido
com a negociação de dois ou três
jogadores para o exterior.
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